Aragão segue tônica do momento e tem Honda x Ducati no primeiro dia de treinos da MotoGP

Como vem acontecendo de forma mais incisiva desde a volta das férias, o primeiro dia de atividades em Aragão viu um confronto de Honda x Ducati. A casa de Bolonha começou no frente, liderando o top-4 no TL1, mas viu Marc Márquez mudar de estratégia na sessão da tarde para colocar a RCV no topo da folha de tempos

A localização geográfica mudou, mas o cenário permanece o mesmo. No primeiro dia de treinos da MotoGP em Aragão, a tônica do momento prevaleceu, com Honda e Ducati travando um duelo pelo topo da tabela desta sexta-feira (21).
 
No treino da manhã, a Ducati reinou soberana, liderando um top-4 puxado por Andrea Dovizioso. De tarde, porém, Marc Márquez abandonou sua tática padrão e, ciente da possível interferência das altas temperaturas, tratou de calçar pneus macios novos para buscar tempo no fim do TL2.
 
Assim, com 1min47s382, Márquez ficou com o melhor tempo do dia, 0s138 à frente de Jorge Lorenzo, o segundo colocado. Terceiro, Dovizioso foi 0s453 mais lento que o líder do campeonato, com Cal Crutchlow fechando o top-4.
Marc Márquez começou com o pé direito no 'canhotinho' circuito de Aragão (Foto: Repsol)
“Hoje foi importante, porque nós melhoramos muito da manhã para a tarde, especialmente com pneus usados. Esta manhã, claro, foi a nossa primeira vez na pista e o acerto, a eletrônica não estavam no lugar certo, mas de tarde nós melhoramos”, disse Márquez. “Nós ainda precisamos trabalhar nessa linha para amanhã. No fim, todos colocaram pneus novos ― talvez seja a primeira sexta-feira em que eu coloco um pneu novo ―, mas foi importante para entender algumas coisas, porque nós mudamos algumas coisas na moto. Fora isso, para amanhã vamos tentar trabalhar um pouco mais”, seguiu.
 
Lorenzo, por sua vez, ficou bastante satisfeito com o primeiro dia de trabalhos em Aragão, especialmente por já poder trabalhar em detalhes.
 
“Foi muito, muito bom. Muito bom, porque, da manhã para a tarde, nós melhoramos muito a moto, então, no fim do TL2, eu me senti muito confortável com a moto e, também, com o pneu macio novo, pude ser ainda mais rápido do que a pole-position do ano passado, então acho que provavelmente amanhã alguns pilotos vão poder rodar em 1min46s, um tempo de volta muito rápido”, opinou. “Agora é hora de melhorar pequenos detalhes em todas as curvas, porque nosso acerto base é bem bom”, comentou.
 
Ao contrário de Honda e Yamaha, que sentiram que a pista tinha menos aderência no segundo treino do dia, a Ducati sentiu o asfalto melhor na parte da tarde.
 
“A pista tinha mais aderência nesta tarde do que de manhã, então os pneus estavam desgastando menos. Ainda faltam algumas sessões, então a decisão em relação aos pneus dianteiro e traseiro está em aberto. Tudo é possível”, comentou Lorenzo. 
 
Companheiro do #99 na Ducati, Dovizioso aposta que o calor pode favorecer a Desmosedici. Para amanhã, a previsão é de que a temperatura chegue aos 33°C.
 
Questionado sobre o efeito das altas temperaturas, Andrea respondeu: “Eu acho que afeta bastante e talvez em uma maneira positiva para os pilotos da Ducati. De tarde, acho que talvez seja um pouco melhor para nós, então, para a corrida, isso é positivo”.
Jorge Lorenzo foi a melhor Ducati nesta sexta (Foto: Ducati)
O #4 celebrou, também, o fato de ter encontrado uma performance bastante similar à exibida pela Ducati no teste privado de Aragão.
 
“Começamos com o mesmo feeling do teste, o que é muito importante, pois agora podemos trabalhar nos detalhes amanhã para melhorar a velocidade com o pneu usado, já que a chave é sempre ser rápido e não desgastar o pneu. Isso é muito difícil, mas é o jeito para tentar vencer a corrida com os Michelin”, explicou. “No momento, somos três com um ritmo realmente similar, mas ainda temos muito trabalho a fazer. Amanhã o clima parece bom, então temos tempo para trabalhar na moto e para sermos um pouco melhores em algumas áreas. No geral, a sensação é boa”, completou.
 
Ao contrário da Ducati, a Yamaha não se viu tão bem quanto na atividade privada. 1s119 mais lento do que Márquez, Valentino Rossi foi o melhor representante do time de Iwata e ficou apenas em nono, 0s051 melhor que Maverick Viñales, o décimo. Johann Zarco foi só 17º.
 
“A moto é exatamente a mesma, mas funciona diferente”, contou Viñales. “É o mesmo caso que na corrida de Misano. No sábado, a moto foi bem e no domingo tudo mudou. Sofremos muito. Tenho a sensação de que não tenho aderência nenhuma, nada a ver com o teste”, indicou.
 
“No teste, as condições eram muito piores, mas fomos mais rápidos. Não acho que seja por conta do calor, porque fazia mais no teste. Eu creio que os pneus são os mesmos, então é muito estranho”, frisou. “Se pista muda só 10°C de temperatura, tem um grande impacto na moto. Não acho que estamos em uma boa direção. Quando não temos aderência atrás, a eletrônica não ajuda, não dá muita potência”, detalhou.
 
Mais experiente entre os pilotos do time titular da Yamaha, Rossi não pareceu lá muito animado com a performance da YZR-M1.
Andrea Dovizioso se mostrou confiante para o GP em Aragão (Foto: Ducati)
“É muito importante ficar dentro do top-10, porque vai ser um fim de semana difícil, já que historicamente nós sofremos mais aqui do que em Misano. E já lá a nossa performance não foi fantástica”, reconheceu. “O problema é que, apesar de eu estar dentro do top-10, o atraso para o ponteiro é grande. Então vai ser difícil”, previu.
 
1s6 atrás de Márquez, Zarco tampouco escondeu a decepção com a atuação neste primeiro dia.
 
“Foi um fim difícil de sexta-feira aqui em Aragão”, resumiu Zarco. “O TL1 foi melhor do que eu esperava e fiquei feliz, porque tive um bom feeling com a moto. De tarde, nós perdemos totalmente este bom feeling ― com a temperatura mais alta e a pista com menos aderência, nós simplesmente perdemos a moto e não pudemos fazer nada”, explicou.
 
“Isso é muito complicado, já que tentei de tudo na moto, mas fui muito lento em todas as voltas”, relatou. “É uma situação triste”, comentou.
 
O próprio Márquez manifestou sua estranheza em relação à performance da Yamaha, especialmente no caso de Zarco, que começou a temporada muito bem.
 
“Rodei atrás de Viñales e detectei alguns problemas, mas não vou dizer quais. Eles que os encontrem”, disparou. “É estranho o que acontece na Yamaha. É difícil entender, pois existem pontos em que eles são mais rápidos do que nós e outros em que é difícil para eles. Mas, cedo ou tarde, eles vão encontrar”, avaliou.
A Yamaha parece mais e mais próxima do maior jejum de sua história (Foto: Yamaha)
“É estranho o que acontece com Zarco. Ele está sofrendo tanto em uma volta quando em long-runs. Antes de Le Mans, ele era muito rápido. Não posso dizer o porquê, mas desde que assinou com a KTM, parece que ele está sofrendo”, opinou.
 
Com uma ampla vantagem na liderança do campeonato, o #93 garantiu que não vai fazer loucuras em busca da vitória. Vale ressaltar, no entanto, que Márquez conquistou 70% de suas 102 corridas na MotoGP em traçados anti-horários, como o MotorLand.
 
“Não tem nada se eu não vencer no domingo. O trabalho que fazemos é para ganhar. Ter a primeira bola do jogo na Tailândia seria fantástico, mas o importante é vencer, não faz diferença onde e quando”, completou.

#GALERIA(9542)
Chamada Chefão GP Chamada Chefão GP 🏁 O GRANDE PRÊMIO agora está no Comunidades WhatsApp. Clique aqui para participar e receber as notícias da MotoGP direto no seu celular! Acesse as versões em espanhol e português-PT do GRANDE PRÊMIO, além dos parceiros Nosso Palestra e Teleguiado.