Coluna Wild Card, por Juliana Tesser: O campeão perfeito

Marc Márquez cumpriu sua meta: conquistou o título da Moto2 antes de subir para a MotoGP. Ok, isso já aconteceu antes, mas a conquista do espanhol é especial

 

O GP da Austrália definiu os dois campeões que faltavam no Mundial de Motovelocidade – Sandro Cortese assegurou o título da Moto3 na Malásia. Devo dizer que eu esperava – e torcia – para que a disputa na MotoGP fosse até Valência, seria mais legal assim, mas eu não contava com a queda de Dani Pedrosa.
 
De qualquer forma, o piloto da Honda fez uma tremenda temporada. Na verdade, não foi bem a temporada toda, já que ele demorou para pegar no tranco, mas depois que acordou, foi mais combativo do que nós jamais tínhamos visto. E eu torço para que seja esse Dani que volte em 2013. É muito melhor que a versão anterior. 
 
Em relação à temporada de Jorge Lorenzo, não há muito que dizer. Foi irretocável. Confesso que eu preferia corridas como a de Brno, mas não deu. 
 
De qualquer forma, Jorge fez sua parte. Aproveitou a força da Yamaha no início do ano, abriu vantagem e conseguiu administrar a pressão de Pedrosa com certa tranquilidade. 
Temporada de Márquez contou com todos os ingredientes de um bom show (Foto: Repsol)
Claro que vão dizer ‘Ah, mas ele só conquistou o título porque o Stoner estava machucado. Assim como em 2010 com o Valentino’. Bom, Casey se feriu em Indianápolis e é verdade que com ele na pista as coisas, certamente, seriam diferentes, mas não acho que mudaria o resultado final. Jorge estava muito forte, mas ele teria mais trabalho para segurar a dupla da Honda. Assim como a Yamaha. 
 
Mas, para mim, Marc Márquez é o campeão perfeito de 2012. A temporada do espanhol teve um pouco de tudo: drama, surpresa, superação, polêmica, erros e um adversário inspirado. 
 
Para quem não lembra, Márquez chegou a ser dúvida para a primeira prova do calendário, no Catar. O jovem ainda sofria com os efeitos de um edema periorbitário e nem mesmo uma cirurgia foi capaz de solucionar o problema. 
 
Na época, Marc e a equipe aparentavam tranquilidade, mas, com o título garantido, mostram que temeram que o acidente em Sepang pudesse encerrar a carreira dele. 
 
Márquez superou a lesão e minimizou a ausência na pré-temporada se dedicando aos treinos físicos. Até a equipe se surpreendeu com o novo físico do piloto. 
 
E aí chegou a etapa de Losail. Marc apareceu cauteloso, dizendo que precisaria de tempo para conseguir acompanhar os rivais, mas venceu de cara e mostrou que não tinha a menor intenção de deixar o título escapar.
 
O ano também foi marcado por polêmicas. Principalmente após um toque que resultou em uma forte queda de Pol Espargaró na Catalunha. Houve quem chamasse Márquez de Dick Vigarista. Eu tenho certeza de que foi um acidente de corrida. Foi feio? Foi, mas Marc não fez de propósito. E acho difícil acreditar que alguém faria. 
 
E aqui cabe um parênteses. Que bela temporada fez Pol Espargaró. Ele errou mais que o rival, mas dificultou as coisas o máximo que pôde. É uma pena que neste grid reduzido da MotoGP não tenha vaga para ele em uma equipe de verdade, mas Pol agora assume o posto de favorito ao título de 2013. 
 
Voltando ao Márquez, a polêmica também passou rumores de que o equipamento dele era diferente. Não, gente, ele é diferente. Simples assim.
 
E teve disputas. Muitas disputas. Ah, se todas as corridas fossem como a Moto2!
 
Márquez já mereceria o título se só tivesse corrido no Japão. Baita prova. E em Phillip Island a coisa também foi linda. Espargaró não deu chance, mas Márquez travou um bom duelo com Redding e West pelo pódio. 
 
E o mais legal: Emilio Alzamora sinalizando que era pro Márquez acalmar e o garoto indo para cima como se não tivesse amanhã. 
 
Aí ele cruzou a linha de chegada em terceiro, garantiu o título e encontrou o irmão, Álex, com camiseta e capacete especiais e uma bandeira da Espanha. Foi uma festa. A animação da equipe foi o máximo. 
 
Ao voltar para casa, Márquez foi recepcionado por uma multidão. Era tanta gente que mal dá para encontrar ele em algumas fotos. O garoto é um fenômeno e ainda nem estreou na classe rainha.
 
Na revista ‘Solomoto’ desta semana, Enrico Borghi, o jornalista que mais conhece Valentino Rossi, já que é o coautor da autobiografia do italiano, avaliou Marc da seguinte forma: “Tem coragem, tem vontade, tem talento e cabeça. Quando você tem esses quatro elementos, significa que é como Valentino Rossi.”
 
Até aqui, Márquez trilhou um caminho parecido, mas ainda é cedo para dizer se ele terá o mesmo êxito do italiano. De qualquer forma, eu vou ficar sentadinha desde já esperando para ver o que ele vai fazer com uma Honda. No quesito piloto, a MotoGP não parece ter muito com que se preocupar. A diversão em 2013 está garantida. 
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