Coluna Wild Card, por Juliana Tesser: Pecado capital
É certo dizer que nenhum tipo de esporte a motor sobrevive sem dinheiro, mas é preciso limites. A dispensa de Mattia Pasini mostra que a Speed Master não está nem aí para o desempenho de seu time CRT, mas está bem preocupada com o faturamento
Os últimos dias foram repletos de notícias de substituição de pilotos. Toni Elías perdeu a vaga na Aspar, que também dispensou Héctor Faubel. Claudio Corti foi sacado da Italtrans, Iván Silva perdeu o posto na Blusens Avintia para David Salom e agora chegou a vez de Mattia Pasini ser demitido da Speed Master.
Elías não vinha bem mesmo e, ao que parece, saiu do time em acordo com a equipe. Corti, por outro lado, aparenta ter sido pego de surpresa, disse pelo Twitter que não vai atender aos jornalistas e que somente seu empresário irá se pronunciar. Já Pasini não se conteve e desabafou na rede social, mostrando toda sua revolta com a situação.
No Mundial de Motovelocidade, assim como na F1, o dinheiro dá as cartas nas escolhas das equipes menores, mas é um exagero que pilotos sejam substituídos com quatro etapas para o fim da temporada, por outros que certamente terão um desempenho igual ou ainda pior.
As equipes CRT foram uma tentativa da Dorna, promotora do Mundial de Motovelocidade, de baixar os custos e atrair mais equipes para a MotoGP. Neste primeiro ano, a fórmula só serviu ao propósito de encher o grid, porque as motos não tem um desempenho que permita que haja alguma disputa.
O grande atrativo das CRT é a briga entre Aleix Espargaró e Randy De Puniet para ver quem será o melhor entre as piores motos e isso não é nem tão divertido assim. Para não dizer que é só isso, tem o Colin Edwards reclamando da Suter da Forward e esse tem sido o ponto alto da temporada.
Não é nenhuma novidade que o fator financeiro pese nas decisões das equipes, mas esta temporada as coisas estão descontroladas. De nada adianta a Dorna mudar regras, introduzir uma unidade de controle eletrônico única e seja lá o que eles inventarem, se continuarem atraindo para a MotoGP equipes que, além de não brigarem entre os ponteiros, não conseguem se manter durante toda a temporada e promovam verdadeiros leilões com as suas motos.
Moto3 e Moto2 ainda são categorias de base e o desempenho dos pilotos deve ser visto com esses olhos. Mas o caso da MotoGP é diferente. Por mais que as CRT estejam lá, nós estamos falando da elite do motociclismo mundial.
Se o objetivo é atrair equipes para fazer número – e é isso que as CRT fizeram este ano – pode deixar o Mundial só com 12 motos que vai ser melhor.
Pasini, ao contrário dos demais pilotos, falou bastante sobre a situação. O italiano destacou que injusto perder a vaga para outro piloto que chega oferecendo mais dinheiro sendo que ele levantou toda a verba que lhe pediram no início da temporada.
Mattia tem toda razão quando diz que perdeu a vaga para um piloto que chegou prometendo mais dinheiro do que ele tinha para oferecer. Porque no fundo é exatamente isso. A Speed Master não está trazendo um piloto melhor, mais rápido. Ela está trazendo um piloto mais rico. Simples assim.
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