Com vitórias na Moto3 e na Moto2 e estreia no pódio da MotoGP, KTM tem dia glorioso em Valência

Nem a KTM sonhava com um domingo tão reluzente. A montadora austríaca assistiu Can Öncü se tornar o mais jovem a vencer uma corrida no Mundial de Motovelocidade, Miguel Oliveira no topo do pódio da Moto2 e ainda Pol Espargaró fechar o dia com o primeiro top-3 da marca na MotoGP

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O que mais a KTM poderia pedir no desfecho da temporada 2018? A marca austríaca não conseguiu o título de construtores em nenhuma das três classes do Mundial de Motovelocidade, mas viveu um domingo (18) verdadeiramente reluzente em Valência.

 
O dia começou bem já na Moto3. Em um dia de muita chuva em Cheste, a classe menor teve uma corrida histórica, uma vez que o debutante Can Öncü, aos 15 anos e 115 dias, se tornou o mais jovem a vencer uma corrida do Mundial de Motovelocidade.
 
O jovem turco só pôde correr em Valência por conta de uma mudança no regulamento, que permitiu que o campeão da Rookies Cup debutasse no Mundial antes mesmo de completar os 16 anos exigidos pela FIM (Federação Internacional de Motociclismo).
Pol Espargaró deu à KTM o primeiro pódio na MotoGP (Foto: KTM)
“Para mim, a coisa mais importante hoje era terminar nos pontos e conseguir uma boa posição, mas eu não esperava terminar no pódio ou vencer”, disse Öncü. “Esta manhã, as condições de pista estavam muito ruins por conta da chuva, mas quando a corrida começou, a chuva tinha parado. Quando vi que [Marco] Bezzecchi e [Tony] Arbolino tinham caído, eu decidi arriscar e tentar terminar em primeiro. Eu vi que tinha uma grande vantagem, então durante as últimas voltas, eu tentei controlar a situação o melhor que pude. Eu não estava pilotando no limite. De fato, fui muito lento na última volta, mas teve um momento em que eu não vi uma poça de água e escorreguei. Ali um vi um filme da minha vida passar diante dos meus olhos”, seguiu.
 
“Meu objetivo antes desta corrida era aprender, ganhar experiência e tentar lutar com pilotos do Mundial antes deles subirem para a Moto2. No fim, consegui tornar meus sonhos realidade”, resumiu. “Não achei que poderia vencer a corrida, mas estou muito feliz com isso. Quero agradecer à Red Bull KTM Ajo e a Dorna por todo o apoio que eles me deram ao longo dos últimos anos”, completou.
 
 
“Nós terminamos a temporada com um grande resultado, que era o que nós estávamos buscando. Conquistamos a vitória em condições difíceis, porque a pista estava secando e a temperatura do pneu subindo, o que tornava muito fácil errar. Tentei controlar meu ritmo, não frear muito forte, não forçar excessivamente e vencer”, explicou Miguel. “Hoje, a coisa mais importante não foi ser o piloto mais rápido. Foi uma questão de ser consistente e não cometer erros. No início, eu me acalmei e foquei em tomar a liderança, mas aí vi que Márquez estava vindo forte e eu não queria lutar tão cedo na corrida. Eu fiquei atrás dele até que ele cometeu um erro e pude controlar o resto da corrida”, continuou.
 
Mas, por incrível que pareça, o melhor ainda estava por vir. No segundo ano da fábrica austríaca na MotoGP, Pol Espargaró colocou a RC16 no pódio pela primeira vez.
 
Em uma corrida de duas partes, que teve de ser interrompida em bandeira vermelha por conta da forte chuva, Pol tirou vantagem do ritmo da RC16 e também do alto volume de quedas para conquistar seu primeiro top-3 na MotoGP.
 
“A última volta durou um ano. Eu já não lembrava mais da sensação do pódio”, desabafou Pol. “É irreal, ainda não acredito, não entendo. As últimas voltas foram eternas, quase como um dia inteiro de teste na Malásia. Foi uma corrida toda muito complicada”, indicou.
 
O caminho do #44, porém, foi dificultado por uma queda na primeira parte da corrida.
 
“Durante todo o fim de semana, nós tivemos uma boa velocidade. Na primeira corrida, inclusive, eu podia ultrapassar Marc [Márquez] e, inclusive, tratar de buscar [Andrea] Dovizioso, mas eu caí e machuquei um pouco a perna. Por essas coisas da vida, a moto ficou ligada em quarta e eu pude voltar. Me recuperei até oitavo”, relatou. “Na segunda corrida, eu estava decidido, queria me sair bem, queria estar no pódio. Eles escaparam muito rápido, e a quarta posição já valia, mas Vale [Rossi] caiu e era uma situação complicada, mas, sem dúvida, um dia para recordar na minha vida e para ter em mente depois de tudo que passamos nesse ano”, frisou o piloto, que sofreu com muitas lesões neste ano.
 
“Eu estava lutando com Marc. Eu vi que Marc estava com alguns problemas com o pneu traseiro, sabia que não tinha a mesma aderência que eu e o resto dos rapazes, tentei ultrapassá-lo por dentro, por fora, mas Marc estava freando muito forte e a Honda tem uma aceleração realmente boa e eu não conseguia”, explicou. “E, por alguma razão, eu era rápido na segunda curva, e quando você é tão rápido em um lugar, você talvez não precise tentar tanto neste ponto, talvez em outros, e eu tentei naquele lugar, e tive uma queda incrível, forte, um grande hig-side”, detalhou.
 
“E a moto estava sem a carenagem, e eu fui de último para sétimo ou oitavo. Não sei como consegui, porque não podia ver muito na reta. O vento era muito forte, tive problemas no pescoço, porque não conseguia controlar essa velocidade sem a carenagem”, comentou Pol. “A bandeira vermelha foi como uma mensagem. A primeira moto [ainda estava ok] depois desta queda enorme, e aí veio a bandeira vermelha. Eu disse a mim mesmo: ‘Cara, essa é sua oportunidade. Aproveite’”.
 
Ainda, Pol admitiu que sentiu a pressão depois dos bons resultados de Öncü e Oliveira nas provas de Moto3 e Moto2.
 
“Eu estava assistindo a Movistar quando estava simplesmente esperando a minha corrida, um pouco assustado na minha cadeira, olhando o clima e vendo que aqueles caras estavam fazendo essas corridas incríveis”, lembrou. “Eu disse: ‘Você vai parecer ridículo se não conseguir algo bom’. Eu ouvi [o apresentador] Ernest Riveras dizer: ‘Vamos ver o que Pol pode fazer, ele pode fechar o círculo’. E eu estava lá dizendo: ‘Não, cara, isso não vai acontecer’. E, no fim, nós conseguimos”, continuou.
Öncü e Oliveira abriram um dia para lá de positivo em Valência (Foto: KTM)
O irmão de Aleix disse, ainda, que o pódio deste fim de semana foi ainda mais emocionante do que as vitórias que teve nas corridas anteriores.
 
“Na Moto2, nas 125cc, eu vencia, subia no pódio e estava constantemente lá, e, nós, humanos, somos muito estúpidos, porque nós nos acostumamos com todas essas coisas boas quando elas acontecem. Aí, quando fui campeão mundial, você curte tanto, é incrível, mas como você estava vencendo, é emocionante, mas não tanto quanto o que fizemos hoje”, comparou. “O que nós fizemos foi muito difícil. E nós tentamos muitas vezes, e com essa nova moto, com a nova KTM… foi surreal”, frisou.
 
“Acho que foi mais emocionante do que vencer um Mundial, ainda que seja um terceiro lugar. Foi incrível”, encerrou. 
 
Super vitoriosa no off-road, a KTM ainda dá seus primeiros passos na MotoGP. O histórico na terra, porém, sempre foi um indício de que os austríacos seriam bem sucedidos também no asfalto. Com mais tempo de MotoGP ― tanto em termos globais quanto no momento atual ―, a Aprilia logo ficou para trás, mas o pódio chega, sim, como surpresa
 
Ainda que o top-3 tenha sido conquistado em uma corrida atípica, com um número alto de abandonos, Pol foi rápido durante todo o fim de semana e se viu em condições de brigar com pilotos como Marc Márquez, por exemplo. É um feito e tanto.
 
A KTM vem investido pesado no desenvolvimento da RC16 e ganhou um apoio e tanto para o futuro, já que conseguiu convencer Dani Pedrosa a se tornar piloto de testes nos próximos dois anos. O conhecimento do espanhol, aliado ao bom trabalho que vem sendo feito por Mika Kallio, podem acelerar ainda mais esta evolução.
 
Com um combustível como o de hoje, o futuro parece mais e mais brilhante para a KTM.

#GALERIA(9597)
 

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