Entre dúvidas e certezas, MotoGP fecha testes coletivos de 2019 com diagnóstico de temporada imprevisível

Considerando que a pré-temporada nunca oferece uma imagem real do que será o campeonato, a MotoGP completou os testes com um punhado de dúvidas e outro de certezas. A lista de candidatos ao título é longa

Agora é hora de correr! A pré-temporada 2019 da MotoGP chegou ao fim nesta segunda-feira (25), dando início à contagem regressiva para a primeira etapa do campeonato, que acontece no Catar no dia 10 de março.
 
Em se tratando de testes, os resultados nunca são exatamente um retrato fiel do que está por vir. No ano passado, por exemplo, Dani Pedrosa foi segundo na bateria da Malásia e liderou na Tailândia, mas acabou a temporada longe de exibir uma performance minimamente parecida com aquela. 
 
Mas a pré-temporada serve como um termômetro. Sendo assim, o que é possível medir após os seis dias de testes coletivos? O mais simples é atestar a competitividade da categoria. Enquanto no teste malaio foram 12 pilotos no mesmo segundo do líder, as atividades desta semana terminaram com 15 competidores separados por 1s.
Maverick Viñales completou o teste do Catar na liderança (Foto: Yamaha)
Mas dá para ir um pouco além. Em uma linha crescente nos últimos anos, a Ducati mostrou ter acertado a mão com sua Desmosedici. O que não chega a ser uma surpresa, já que Andrea Dovizioso fechou os últimos dois campeonatos no segundo lugar.
 
Ainda assim, é a forma de Danilo Petrucci que se destaca. Velho conhecido da casa de Bolonha, o #9 agora tem a pressão de defender o time de fábrica, mas isso não parece tê-lo assustado. O italiano esteve sempre entre os ponteiros e fechou as atividades em Sepang com a melhor marca.
 
Outra que deixou sua melhora evidente foi a Suzuki. Depois de um tropicão em 2017, a fábrica de Hamamatsu colocou a vida de volta nos eixos e, com ajustes aqui e ali, veio para 2019 com uma GSX-RR mais competente. Agora voz da experiência no time, Álex Rins também teve presença marcante na parte de cima da tabela, enquanto Joan Mir ainda trabalha em sua adaptação à nova categoria.
 
A Aprilia, por sua vez, investiu mais recursos no projeto da MotoGP, como mostra a contratação de Massimo Rivola, que deixou a F1 depois de 20 anos para assumir o posto de diretor-executivo, e de Bradley Smith, que chegou para ser piloto de testes. Ainda assim, a RS-GP não deu um salto gigante, mas se aproximou mais da moto de 2017, já que a de 2018 foi uma escorregadela dos engenheiros de Noale.
 
Depois do inesperado pódio conquistado em Valência, a KTM prometia muito nesta temporada, e não dá para dizer que decepcionou. Os austríacos se reforçaram com a contratação de Dani Pedrosa, mas o piloto de testes não pôde participar da pré-temporada, já que uma fratura de clavícula o mantém no estaleiro.
 
Além disso, os austríacos contam com um time repaginado, com Johann Zarco estreando pela marca. O francês, porém, ainda está longe de se adaptar, enquanto Pol Espargaró até consegue aparecer mais para cima da tabela.
Marc Márquez ainda recupera forma física (Foto: Michelin)
Outro ponto importante para a fábrica laranja é o aumento de seu envolvimento com o esporte, já que agora a Tech3 também utiliza as RC16. Um fator que, claro, vai acelerar o desenvolvimento da moto.
 
Por outro lado, a Honda ainda é uma incógnita, uma vez que não deu para ver o protótipo em seu máximo. A RC213V parece ser uma boa moto, mas dos quatro pilotos que contam com a máquina da asa dourada, três estão longe do auge da forma. Marc Márquez ainda se recupera de uma cirurgia no ombro, Jorge Lorenzo vem de uma fratura no punho esquerdo, enquanto Cal Crutchlow ainda tenta deixar para trás as lesões sofridas na Austrália no ano passado.
 
Ainda assim, foi notório que a Honda encontrou algo em termos de velocidade ― uma clara fraqueza no ano passado ―, já que aparece no topo do speed trap. Um ponto positivo, sem dúvida.
 
Do lado da Yamaha, a situação é ainda mais incerta. Maverick Viñales saiu de Losail com o melhor tempo, mas o domingo trouxe de volta o fantasma da falta de aderência. A M1 parece ser uma moto mais forte, mas quão mais forte? Essa é a pergunta chave do campeonato.
 
Com a melhor marca da sessão final de testes, Viñales foi claro ao ser questionado sobre a conclusão que tira da pré-temporada: “Precisamos melhorar”. 
 
“Honestamente, estive pilotando muito bem no circuito, tenho sido rápido. Mas, de qualquer maneira precisamos melhorar. Não tenho muito boa aderência no limite do pneu. Precisamos continuar trabalhando especialmente nesse lado”, alertou. “Acredito que no lado da aceleração melhoramos muito desde Sepang. No momento, estou satisfeito com o que temos na área de frenagem, mas na aceleração precisamos melhorar”, seguiu.
 
“Nossa moto tem coisas boas, positivas, mas também tem pontos negativos. Agora precisamos tirar uma conclusão e ver onde podemos melhorar”, completou.
Danilo Petrucci exibiu muito boa forma nos testes (Foto: Michelin)
Depois de fechar o domingo abatido, Valentino Rossi se mostrou mais animado, mas ciente de que precisa de mais. O #46 fechou os testes em Sepang com o quinto tempo, 0s443 atrás do ponteiro.
 
“Nunca estamos prontos o quanto queremos. Hoje foi um dia bom para mim, trabalhamos de uma boa maneira e fui forte também. Na hora de ataque não fui ruim, fiquei em quarto, não é ruim”, avaliou Rossi. “Para mim, o ritmo de corrida também não é ruim, apesar de pensar que precisamos de algo mais para tentar brigar. Hoje aproximamos bastante a diferença. Então acredito que, dessa noite, estamos prontos. Vamos ver, daqui duas semanas, se foi o suficiente”, considerou.
 
Questionado sobre os principais rivais para a temporada 2019, Rossi fez uma listinha considerável.
 
“Maverick está em ótima forma e pilotando muito bem. Aqui na Malásia ele sempre está na frente. Outro nome é Rins, ele está muito rápido, pilotando muito bem e parece que a Suzuki melhorou. Os dois pilotos de fábrica da Ducati, Dovizioso é sempre forte no Catar e Petrucci foi impressionante no teste. E é claro que Márquez, esses são os caras da ponta para mim”, enumerou.
 
Apesar de ter ficado mais para trás neste dia final, Rins foi um dos nomes do teste e fechou a bateria com o terceiro tempo, para lá de satisfeito com a GSX-RR.
 
“Estou muito feliz, como pode ver na folha de tempos. Hoje, quando fui tentar melhorar o tempo, acabei sofrendo uma pequena queda na curva 2. Mas, no geral, estamos em um bom caminho”, relatou. “Tudo o que pedi durante o inverno eles fizeram. Isso foi muito positivo, pois não é muito fácil quando se tem uma boa base. Mas estou bem feliz”, frisou.
 
“Melhoramos um pouco na estabilidade do freio, melhoramos um pouco na velocidade máxima, um pouco na área eletrônica”, apontou.
 
Entre os melhores da pré-temporada, Danilo Petrucci também considerou que muitos pilotos têm chance de vencer na abertura da temporada.
 
“Devem ser uns dez caras. Essa corrida é muito, muito crucial, pois sempre há uma grande expectativa todo ano. No primeiro dia estávamos muito rápidos, mas hoje os rivais estavam muito rápidos. Mas acho que todos os pilotos das fábricas, Quartararo e Morbidelli”, considerou.
 
Sempre pé no chão, Dovizioso trabalhou focado no desempenho global e não deu muita importância para o tempo de volta, que ficou, neste dia final, a 1s025 do melhor tempo.
 
“Acho que aconteceu muita coisa em três dias, as condições mudaram muito nos três dias, então não temos a situação muito clara. Mas não acredito que temos que ficar preocupados com isso. Foi um pouco estranho, pois todos estavam rápidos hoje, mas os finais de semana sempre são diferentes, e temos que ver as condições que vamos encontrar no final de semana, pois a cada dia as coisas mudam aqui no Catar, o tempo, o vento, a umidade, e isso afeta bastante”, ponderou. “Mas não tenho muito para dizer. No geral, o ritmo de corrida não é tão ruim, temos que estar focados e relaxados nessa semana antes da corrida. Temos muitos dados, demos muitas voltas, então temos muito coisas interessantes para estudar. Fizemos muito trabalho na direção certa”, resumiu. 
Álex Rins também mostrou grande forma com a Suzuki (Foto: Suzuki)
Assim como os demais, Andrea fez uma lista considerável de postulantes à vitória em 2019.
 
“É realmente impossível entender agora. De fora, parece que todos melhoraram. Mas é muito difícil de saber”, declarou. “Há muitos estreantes muito rápidos, então veremos o que podemos fazer na corrida. Mas não sei, todos parecem muito bons. Talvez a Ducati, neste teste, não esteve na ponta, mas não acho que isso é muito importante”, completou.
 
Apesar de fisicamente ainda não estar no auge da forma, Márquez sai feliz de Losail. Com o quarto tempo, o #93 foi 0s405 mais lento que Maverick.
 
“Estou preparado para o início do Mundial. Temos um bom ritmo, que no Catar é importante. Se olhar para o papel, estou preparado para brigar pelo pódio”, avisou Marc. “Não vejo ninguém que esteja muito à frente. Começo a temporada como queria”, contou.
 
Ainda, o piloto de Cervera disse acreditar que a Ducati não mostrou tudo que pode fazer e, como os demais, também listou seus rivais.
 
“Em uma volta vemos Lorenzo, Quartararo e Valentino, mas em relação a ritmo são três: Viñales, Rins e as Ducati, que acredito que não mostraram tudo”, observou.
 
Companheiro do campeão vigente, Lorenzo avaliou que está melhor com a Honda do que estava com a Ducati na mesma época no ano passado, mas reconheceu que não está 100% fisicamente.
 
“Me vejo mais adaptado à Honda do que, nesta altura do ano passado, com a Ducati”, conto Jorge. “Mas me falta muito para descobrir, especialmente em ritmo de corrida. Em termos físicos, estou pior. Na Argentina, vou estar melhor e, com certeza, estarei 100% na terceira corrida”, assegurou.
 

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