Frio e instabilidade climática impõem desafio extra à MotoGP no GP da França

O para e volta da chuva ao longo dos últimos dois dias não permitiu que os pilotos completassem a preparação para a corrida de forma normal. Yamaha e Ducati, de novo, parecem as mais fortes, tudo vai depender do humor de Zeus

Quartararo só soube que faturou a pole no parque fechado (Vídeo: MotoGP)

Quer saber quem é favorito para o GP da França de MotoGP? Fácil! A chuva! Figurinha carimbada nos últimos dois dias em Le Mans, o pé d’água foi o único a comprar ingresso para esta quinta etapa da temporada 2021 do Mundial de Motovelocidade e está 100% confirmado em Le Mans.

Para ser mais precisa, a chance de chuva é de 80% segundo os dados divulgados pelo site weather.com. A marca é a mesma que estava indicada para este sábado, quando o aguaceiro afetou rigorosamente todas as sessões do dia.

Depois de dois dias onde os mecânicos tiveram de se desdobrar para aprontar a moto para uma condição climática insana da França, os piloto fecharam o sábado (15) com um desejo singular: ou uma corrida com pista seca ou na chuva de verdade. Mas nada de meio termo.

Fabio Quartararo vai largar na frente em casa(Foto: Yamaha)

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O problema é que este é um pedido que não depende a boa vontade da Dorna, promotora do Mundial, da FIM (Federação Internacional de Motociclismo) ou do promotor local. Essa é mais uma questão do humor de Zeus, o deus supremo da mitologia grega. Ao que parece, a conexão do todo poderoso está truncando um pouco e a informação chega um tanto quebrada em Le Mans. Nos últimos dois dias, nós raramente tivemos condições uniformes. E isso complica ― e muito ― a situação dos pilotos.

Mas como se o tradicional alto nível pluviométrico não fosse o bastante, o frio também joga muito contra os pilotos na província de Sarthe. Para amanhã, a previsão é de a temperatura varia entre 9 e 17°C. Nessas condições, é muito difícil aquecer o pneu, especialmente o direito. Daí o alto número de quedas em todo o fim de semana.

Tradicionalmente uma das vozes mais ativas da MotoGP quando o assunto é segurança, Aleix Espargaró avaliou que o Mundial não pode correr na França nesta época do ano. “Os pneus não funcionam nesta temperatura”, desabafou.

“Se estamos falando todo dia de segurança e os pilotos se reúnem a cada semana na Comissão [de Segurança], então não podemos ver correr em Le Mans nesta época do ano, porque os pneus não funcionam”, falou Aleix. “Somamos 60 ou 70 quedas. Não podemos vir para Le Mans quando a temperatura do asfalto está em 12°C, pois os pneus, nem os Michelin e nem os Dunlop [de Moto3 e Moto2], funcionam. Não sei se alguém gosta quando nós saímos, mas os pilotos, não. Todos caímos e não somos todos idiotas”, seguiu.

“É preciso mudar a data da corrida ou pressionar o fornecedor para projetem compostos específicos para esta corrida, algo que acho que é possível. O pneu que temos na dianteira é tão macio que normalmente é o que usamos para mover a moto de um lugar para o outro. E mesmo com ele, nós caímos”, frisou.

Maverick Viñales também sugeriu que a mudança na data é o melhor caminho para resolver o problema do volume alto de quedas nos treinos e no GP da França.

Maverick Viñales ficou com o segundo posto (Foto: Yamaha)

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“Eu gostaria que mudassem a data de Le Mans. Faz muito frio nesta época do ano. É um circuito muito bonito e a gente curte com o clima bom, mas com essas condições, não dá para ver tantas corridas boas”, comentou.

Local, Fabio Quartararo seguiu a mesma linha dos colegas. “Seria melhor se colocássemos Le Mans no fim do calendário. Aqui, o certo é vir logo antes das férias de verão”, apontou. “Nos últimos dez anos, viemos para cá com frio e chuva e é melhor mudar o calendário. Vai ser mais seguro, porque nestas condições, têm duas ou três curvas onde é muito fácil perder a dianteira e cair”, reconheceu,

Mesmo querendo uma nova data para a corrida de casa, Fabio saiu muito bem da classificação deste sábado, já que cravou 1min32s600 e garantiu a pole-position.

“Acho que esta foi a classificação em que fiquei mais nervoso”, disse o piloto que ainda se recupera de uma cirurgia no braço direito. “Não por que é na França, mas eu tinha de sair com uma combinação de pneus de chuva macio dianteiro e médio traseiro, e nunca tinha testado o médio”, explicou.

O francês de Nice explicou que foi para o tudo ou nada na sessão cronometrada desta tarde.

“Em condições mistas, estamos mal, mas vi que estava seco e pensei: ‘É hora dos slicks’. Aí, na última volta, eu pensei: ‘Ok, agora é minha hora e vou fazer o meu melhor. Ou consigo a primeira fila ou caio’. Tinham algumas poças no último setor. Estava derrapando por toda parte, mas conseguimos. A meta era a primeira fila, mas a pole-position é ainda melhor”, celebrou.

0s081 mais lento que Fabio na classificação na França, Maverick Viñales vai largar em segundo. O espanhol saiu feliz com o resultado, mas lamentou os pequenos erros que lhe custaram com a pole.

“Hoje correu muito bem. Nós garantimos uma boa posição de largada e isso é importante. Mas cometi muitos erros durante a volta e isso nos custou a pole-position”, apontou. “De qualquer forma, tenho um bom ritmo, o que é bom para amanhã. No TL4, fiquei rodando com pneus usados para ver como isso funcionaria para nós e, de fato, correu muito bem. Estou feliz. Vamos ver se conseguimos melhorar para sermos mais rápidos na corrida”, completou.

Vindo de vitória na Espanha, Jack Miller conquistou a última vaga da primeira fila e ressaltou a imprevisibilidade das condições.

Jack Miller manteve o bom momento do GP da Espanha (Foto: Divulgação/MotoGP)

“O sol apareceu pouco antes do Q2, então decidimos manter uma das motos configuradas completamente para o seco. Fiz a primeira saída com pneus de chuva, mas logo vi que a pista estava quase seca, então voltei o mais rápido possível para mudar de moto”, relatou. “As condições aqui são realmente imprevisíveis e você tem de tentar tirar o máximo de todas as oportunidades. De fato, pouco antes de fazer a minha volta mais rápida, começou a chover outra vez!”, seguiu.

“Começar na primeira fila é realmente importante, considerando que provavelmente vai chover amanhã. De qualquer forma, estamos prontos para encarar a corrida em qualquer que seja a condição climática”, assegurou.

Com 1min32s766, Franco Morbidelli vai abrir a segunda fila do grid da França. O ítalo-brasileiro, que sofreu um acidente inusitado nesta manhã ao treinar para um eventual flag-to-flag, celebrou a sequência da boa fase.

“Estou muito feliz com essa quarta colocação e por continuar com a tendência positiva em que estamos desde Portimão”, destacou Franco. “Essa largada na segunda fila é importante com a nossa moto e amanhã será uma corrida dura independente de como seja: com chuva, no seco ou meio a meio, pois ninguém tem informações. Todos têm muitas dúvidas sobre a duração do pneu, sobre a sensação na moto. Nada está realmente claro”, frisou.

“Mas tivemos uma boa sensação no TL4, estamos em um bom caminho, então espero que amanhã seja um bom dia para nós”, manifestou. “Só espero que as condições sejam claras: tudo molhado ou seco”, torceu. “Não gostaria de uma corrida flag-to-flag por causa do que vocês viram esta manhã! E também porque, em condições intermediárias, não sou tão rápido”, reconheceu.

Também dono da casa, Johann Zarco mostrou bom ritmo ao longo de todo o fim de semana, liderou a sexta-feira e vai largar em sexto.

Marc Márquez torce por GP com chuva (Foto: Divulgação/MotoGP)

“Estou feliz, não posso reclamar”, falou Johann. “As condições da pista foram estranhas, então começamos com os pneus de chuva com a meta de testá-los para o caso de a corrida ser no molhado amanhã. Assim que colocamos os pneus de pista seca, consegui jogar o jogo do meu jeito. Fiz um bom tempo e sinto que estou pronto para amanhã”, opinou.

Ainda recuperando a forma após uma longa ausência na MotoGP, Marc Márquez chegou a sonhar com a pole, já que assumiu o topo da tabela em um momento que parecia que ninguém mais melhoraria, mas acabou em sexto, 0s437 atrás do líder.

Talvez ao contrário de muitos, o espanhol de Cervera torce pela chuva, já que, dada a condição física atual, sente que tem melhores chances com a pista molhada.

“De manhã, no molhado, eu estava me sentindo mais ‘normal’, pois é menos exigente do lado físico. Eu estava pilotando bem no TL4 e também na classificação, mas as condições não eram perfeitas e a aderência era baixa, o que significa tempos mais lentos”, explicou o #93. “Quando é assim, eu piloto melhor, mas quando tem de puxar realmente ao limite, é aí que fica mais difícil com a minha condição física”, continuou.

“Foi uma pena a classificação, já que fui o primeiro a receber a bandeirada e parece que mais uma volta teria sido uma grande ajuda. Mas estou satisfeito com o que alcançamos hoje”, acrescentou.

Líder do Mundial, Francesco Bagnaia vai sair apenas em 16º no GP da França depois de não conseguir passar pelo Q1.

“Depois de uma boa sessão no molhado nesta manhã, eu não consegui repetir a minha performance no Q1 desta tarde”, lamentou. “Na classificação, fizemos a escolha errada de pneus e, infelizmente, não tive tempo de voltar e mudar. Hoje foi assim e, como sempre, amanhã vamos tentar lutar pelo melhor resultado possível na corrida”, encerrou.

Quinta etapa da temporada, o GP da França de MotoGP está marcado para este domingo (16), às 9h (de Brasília). Acompanhe a cobertura do GRANDE PRÊMIO sobre o Mundial de Motovelocidade.

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