GUIA 2025: MotoGP abre ano com Marc Márquez no foco e expectativa por japonesas
A MotoGP dá o pontapé inicial na temporada 2025 no próximo fim de semana. Além de um calendário com novidades, a classe rainha traz três estreantes, um novo caminho para Jorge Martín e a expectativa pela reação de Yamaha e Honda. Mas os holofotes estarão mesmo em Marc Márquez, que estreia pela equipe de fábrica da Ducati com a chance de se alinhar a um dos maiores da história no topo do ranking de títulos
AS FÉRIAS ENFIM ACABARAM. 72 dias depois de a bandeira quadriculada do GP Solidário de Barcelona marcar o encerramento da temporada 2024, a MotoGP retorna às pistas neste fim de semana, com o GP da Tailândia marcando o início do campeonato de 2025.
O ponto de partida por si só já é uma mudança. A Tailândia costumava acontecer na reta final da temporada, mas, impulsionada pela popularidade do esporte no país, garantiu o direito de abrir o ano, assumindo o posto que foi ocupado majoritariamente pelo Catar desde 2007. A troca de Lusail, aliás, tem como intuito evitar o Ramadã, o mês sagrado dos muçulmanos.
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Mas essa não é a única mudança no calendário. Assim como nos últimos anos, o Mundial de Motovelocidade tenta emplacar a maior programação da história, mas, também como ocorreu nas últimas temporadas, com pistas podem resultar nos planos caindo por terra.
A programação original tem o GP da Tailândia seguido pelo retorno à Argentina. Desta vez, Termas de Río Hondo parece segura no calendário, diferente do que aconteceu no ano passado, quando a prova teve de deixar a programação por dificuldades financeiras. A caravana, então, segue para os Estados Unidos, para a tradicional parada em Austin.

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O Catar aparece como quarta etapa, seguido pela estreia da Europa, com o GP da Espanha. França, Reino Unido, Aragão, Itália, Países Baixos e Alemanha surgem em sequência. O GP da Tchéquia volta ao calendário em 2025, com Brno recebendo a 12ª parada. A pista ainda dependia de recape, mas, ao que tudo indica, isso não será um problema.
Depois, o Mundial vai à Áustria, antes de parar na Hungria a partir de 22 de agosto. Balaton Park, contudo, não tem a homologação exigida da FIM (Federação Internacional de Motociclismo). Não seria a primeira vez, claro, que um traçado entra na programação sem o selo máximo da entidade reguladora, mas a pista húngara era reserva no ano passado e não pôde ser usada quando houve necessidade justamente por não estar pronta.
A Catalunha, então, recebe o Mundial no início de setembro, seguida de San Marino e Riviera de Rimini. Depois, a MotoGP corre em sequência em Japão e Indonésia e Austrália e Malásia, antes de retornar à Europa com Portugal. Depois do revés do ano passado, resultado de uma catástrofe climática, o GP da Comunidade Valenciana volta a encerrar o campeonato.
As mudanças, contudo, não ficam limitadas ao calendário. São muitos os pilotos de novo endereço. Entre as equipes de fábrica, apenas Yamaha e Honda mantém os titulares do ano passado. Na Ducati, Marc Márquez toma o lugar de Enea Bastianini ao lado de Francesco Bagnaia. Na KTM, é Pedro Acosta quem chega para fazer par com Brad Binder. Na Aprilia, a troca é total: saem Aleix Espargaró e Maverick Viñales e chegam Jorge Martín e Marco Bezzecchi.
Mas as equipes satélites também fazem parte desta mudança. Na VR46 Ducati, Franco Morbidelli chega para compor o time com Fabio Di Giannantonio. Na Gresini Ducati, é Fermín Aldeguer quem aparece ao lado de Álex Márquez. A Trackhouse Aprilia segue com Raúl Fernández, mas agora com Ai Ogura do outro lado da garagem. Na Tech3 KTM, a força da dupla aumenta com Viñales e Bastianini. Na LCR Honda, Johann Zarco agora terá a companhia de Somkiat Chantra.
Nenhuma mudança, entretanto, foi maior do que a da Pramac. Após uma longa relação com a Ducati, a equipe passa a ser cliente da Yamaha e vai alinhar com Jack Miller e Miguel Oliveira — além de também estrear na Moto2, onde será defendida por Tony Arbolino e Izán Guevara.
2025, também, será um ano importante no regulamento. Com a mudança para 850cc prevista para 2027, a MotoGP congelou o desenvolvimento de motores e, assim, os propulsores que forem homologados em Buriram no fim de semana seguirão na ativa até o fim de 2026. As exceções, contudo, são as fábricas do grupo D de concessões, que hoje são Yamaha e Honda.

As duas japonesas, aliás, são focos de atenção em 2025. Depois de muitas temporadas apagadas, as duas apareceram mais fortes na pré-temporada: a YZR-M1 foi destaque na Malásia, enquanto a RC213V chamou a atenção na Tailândia. A medida real, todavia, virá no início da temporada, mas a expectativa é de um ano melhor para as duas.
Ainda no campo asiático, a MotoGP tem uma novidade e tanto neste: o primeiro piloto tailandês da história. Somkiat Chantra entrou na cota de asiáticos reservada na LCR Honda, mas, se ainda não estava 100% pronto para a classe rainha, tampouco é 100% desprovido de talento. Mas, mais do que pode fazer na pista, o #35 é alguém que preenche uma lacuna importante, aproximando um público já apaixonado ainda mais do Mundial.
Enquanto a LCR nada na onda da popularidade, a KTM vive mergulhada na incerteza. A fábrica de Mattighofen acumulou uma dívida vultuosa e, ainda que tenha assegurado que fica na MotoGP em 2025, o impacto da falta de dinheiro segue pairando no ar. No próximo dia 25, aliás, a marca estará em um tribunal na Áustria para tentar aprovação do plano de recuperação.
No campo esportivo, Jorge Martín é dos que estará sob escrutínio. Campeão com a Pramac em cima de uma moto Ducati, o espanhol não resistiu à terceira rejeição em Bolonha e assinou com a Aprilia. No entanto, ainda não dá para saber como o espanhol encaixou na RS-GP, já que o agora #1 caiu ainda no primeiro dia de testes, sofreu fraturas e ficou de fora ao longo de toda a pré-temporada.

Martín fez apenas 13 voltas, mas, segundo Massimo Rivola, diretor-executivo da Aprilia, o campeão vigente não guiou a moto de 2025 e, assim, vai ter o primeiro contato com o novo protótipo no TL1 de Buriram, já com a bola rolando.
Mas, mesmo que Martín seja um alvo de interesse, nada supera a quantidade de luzes que estarão mirando a Ducati. Afinal, Marc Márquez estará por lá.
Um dos destaques da pré-temporada, o piloto de Cervera tem a faca e o queijo na mão para completar o trabalho que começou quando migrou para a Gresini. Se conseguir o título, Marc vai além de colocar a cereja no topo do bolo, mas também iguala em títulos com Valentino Rossi, chegando ao total de nove na carreira e sete na categoria de elite.
A chegada do mais velho dos Márquez, porém, muda o cenário de Bagnaia. Menino de ouro da Ducati, o piloto de Torino está diante do maior desafio da carreira. E, se conseguir fazer frente a um Marc em plena forma, vai alcançar um patamar que nem o bicampeonato foi capaz de lhe render — ao menos para parte da torcida.
No que diz respeito às classes menores, o público brasileiro olha com animação para a Moto2. Depois de fechar a temporada com um pódio memorável — com uma ultrapassagem à la Valentino Rossi na última curva da última volta em Barcelona —, Diogo Moreira vai carregar o peso extra as expectativas no segundo ano na classe do meio.

Ainda com a Italtrans, Diogo trabalhou duro durante as férias, inclusive vencendo corridas no off-road, e também foi rápido nos testes, justificando ainda mais o motivo de tanta animação.
Mas nem só do #10 vive a Moto2. David Alonso estreia na categoria vindo de um título maiúsculo na Moto3. Além disso, com o campeão Ogura promovido à MotoGP junto com Aldeguer, o trono de protagonista está vago e quem está mais do que interessado em arrumar um cantinho para sentar é Arón Canet. O espanhol cresceu bastante em 2024 e, por isso, é um dos favoritos.
A Moto3 também vem bastante repaginada, já que muitos pilotos foram promovidos. E, com os protagonistas anteriores fora do jogo, muita gente boa pode se destacar, como é o caso de Ángel Piqueras e José Antonio Rueda.
No fim das contas, o Mundial de Motovelocidade promete mais um espetáculo de primeira grandeza, com motivos incontáveis para que os fãs fiquem de olho do longo de todo o calendário.
O GRANDE PRÊMIO faz a cobertura completa do evento, assim como das outras classes do Mundial de Motovelocidade durante todo o ano.

