Inteligente e frio, Dovizioso ratifica melhor momento da Ducati em corrida tática e tensa em Brno

Andrea Dovizioso confirmou a força da Ducati em Brno. Neste domingo (5), o #4 mostrou grande ritmo na Tchéquia para conseguir a vitória, puxando a dobradinha com Jorge Lorenzo. Em uma corrida baseada em estratégias, a esquadra italiana mostrou estar um passo à frente, assim como indicou Marc Márquez durante o final de semana inteiro

A MotoGP voltou em grande estilo da pausa das férias  na Europa. Com uma pilotagem quase impecável em Brno, Andrea Dovizioso aproveitou a pole-position para imprimir o ritmo ora lento, ora veloz, para vencer no circuito Masaryk e abocanhar o segundo triunfo do campeonato. Foi uma corrida tática, no fim das contas. Muito estava em jogo. O próprio campeonato – apesar da distância abismal para Marc Márquez -, mas também a posição de força dentro da Ducati – embora tenham apertado as mãos ao fim da corrida, o italiano e Jorge Lorenzo vivem um clima tenso e de uma rivalidade já não mais velada.
 
Assim como todo o final de semana, o domingo também foi afetado pelo calor forte do verão europeu. Entretanto, as temperaturas estavam mais amenas do que as registradas nos treinos e na classificação atividades. Ainda assim, o clima foi uma grande preocupação de pilotos e equipes, que pensaram em estratégias de como poupar com eficiência dos pneus levados pela Michelin para a Tchéquia. 
 
Na primeira fila do grid, a escolha quase unânime dos competidores foi de pneu duro dianteiro e traseiro – com exceção de Valentino Rossi, que foi de borracha média na parte da frente. A tática era de conseguir manter bem os compostos o máximo possível. E foi uma luta de todos – daí a diferença de ritmo entre o início da corrida (bastante lento) e o fim (veloz). 
 
Após a vitória, o italiano da Ducati ressaltou essa condição, afirmando que muito do triunfo se deveu à estratégia de cuidar bem dos pneus na primeira parte da disputa, fase em que a prova viu um grupo muito homogêneo na ponta. “Que final de semana. Eu realmente não esperava isso. Primeiro a pole, agora isso. Uma corrida realmente perfeita, pois todos estavam sofrendo com o pneu traseiro e tive que ser suave na pilotagem”, contou o #4.
A briga do pelotão da frente (Foto: Michelin)
“No começo, fui mais lento não porque queria, mas porque senão os pneus não chegariam até o fim. Jorge e Márquez estavam lá, mas acredito que estavam no limite como eu, e agi com o instinto. Então, minha estratégia funcionou. Estou muito feliz pela equipe, pois sei há quantas horas estão trabalhando”, continuou.
 
Quem seguiu o mesmo discurso do #4 foi Lorenzo – o #99, aliás, precisou adaptar seu estilo à tática de poupar equipamento no início. Jorge é muito conhecido por tirar tudo da moto no início e abrir logo caminho, mas, em Brno, foi necessária uma dose de paciência. O espanhol apontou como precisou poupar os pneus e como Márquez acabou atrapalhando a última grande tentativa de ataque em cima de Dovizioso. “Foi uma corrida espetacular, muita briga no final”, explicou.
 
“Preferi ser mais lento no início e salvar pneu. Tive de mudar meu estilo de pilotagem, poupei muito no começo, uma estratégia que quase nunca fiz na MotoGP. Infelizmente, Marc me atacou, e isso permitiu que Dovi se afastasse, então não pude dar o ataque final. Me falou uma volta para poder atacar Andrea, mas primeiro e segundo é perfeito para a Ducati, então estamos felizes”, completou.
 
Desde o início do final de semana, Márquez vinha apontando a superioridade da Ducati, que se pagou neste domingo. Largando da terceira colocação, o espanhol esteve constantemente na briga pelas primeiras colocações, mas não conseguiu ameaçar a liderança do competidor de Forlimpopoli. A verdade é que a Honda nunca esteve no mesmo nível de competitividade da Ducati na Tchéquia. E a luta pela vitória só deu porque se tratar do tetracampeão – como se sabe bem, é alguém que não desiste da luta tão fácilmente e, mesmo que sem uma moto campeã, consegue tirar mais que os rivais para se manter vivo na disputa. E o #93 foi até o final, ainda que tenha sacrificado mais os pneus que seus adversários.
 
“Hoje, a Ducati estava um passo à frente. Eles tinham uma aceleração muito forte e ótima frenagem, era impossível de ultrapassá-los. Quando não se tem espaço, não se tem espaço. Mas, normalmente, nós sofremos aqui e estávamos próximos hoje, então teremos corridas melhores”, disse.
Marc Márquez tentou, mas não consegiu alcançar a Ducati (Foto: Michelin)
“A briga das Ducati era mais coração do que cabeça. Às vezes, existem batalhas que são mais de cabeça, de estratégia, mas esta foi total coração. Estava logo atrás, mas não estava apto a brigar pela vitória. Estão felizes, fazia tempo que não venciam e isso é normal”, completou o jovem, ratificando que estava em uma estratégia própria. 
 
Mesmo sem grande confiança no ritmo da Yamaha, Valentino Rossi foi o piloto que decidiu arriscar na escolha dos pneus ao sair com o médio dianteiro. Entretanto, o italiano reconheceu que seu rendimento começou a cair assim que o pneu começou a deteriorar. “Foi uma boa corrida no final, estou satisfeito, mas não feliz, pois gostaria de ter subido ao pódio. Comecei bem, estava rápido e na frente, fiquei na liderança. Tentei me manter ali, mas quando o pneu começou a se degradar eu não consegui me segurar. Tive uma boa briga com Crutchlow e consegui vencê-lo na última curva, e esses são importantes pontos para o campeonato”, explicou.
Já Cal Crutchlow, que protagonizou uma boa batalha com o #46, reconheceu que um erro, além de um problema com seu pneu traseiro, o impossibilitaram de segurar o italiano. “Eu dei meu melhor, meu melhor era o quinto hoje”, falou.
 
“Eu fui superado por Valentino, pois cometi um erro na curva 3 e ele conseguiu me alcançar. Então, estou decepcionado, mas a equipe fez um ótimo trabalho no final de semana, a Honda fez um ótimo trabalho”, seguiu.
 
“Acabei sem pneu traseiro, não tinha mais pneu. É estanho, mas sempre sofremos com a borracha dianteira e hoje trabalhou bem. E no meio da curva eu não conseguia virar a moto, mas devemos ficar satisfeitos com a briga que tivemos na frente do pelotão. Fomos competitivos”, concluiu.

O campeonato agora segue para a Áustria – palco em que a Ducati vem se mostrando forte também. Certamente, será um novo capítulo desta luta entre a marca vermelha e a Honda. Ainda que só uma hecatombe tire o título de Márquez neste ano, o que se viu em Brno hoje foi uma exibição de gala dos três rapazes do pódio. À sua maneira, cada um exibiu o melhor de si, sem erros ou manobras polêmicas, para delírio de um público que se apaixona cada vez mais pelas corridas em si. Diante dessa apresentação, os 49 pontos a mais de Marc não importam muito.

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