Márquez destrói recorde de Spencer e coroa carreira brilhante como mais jovem campeão da MotoGP

Com 20 anos e 266 dias, Marc Márquez coroa carreira brilhante com marca de mais jovem campeão da MotoGP. Espanhol destruiu marca de Freddie Spencer com cerca de um ano de diferença




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As imagens do Mundial de Motovelocidade neste domingo em Valência

Marc Márquez chegou para ficar. Consagrado desde as categorias de acesso a MotoGP, o espanhol coroou sua brilhante carreira com mais um recorde de precocidade. Neste domingo (10), com 20 anos e 266 dias o piloto da Honda se tornou o mais jovem campeão da classe rainha do Mundial de Motovelocidade.

 
Com o terceiro no GP da Comunidade Valenciana, Márquez tomou para si uma marca sustentada por Freddie Spencer desde 1983, quando o norte-americano faturou o título das 500cc aos 21 anos e 258 dias. O feito de Marc, portanto, supera o do ex-piloto da Honda em quase um ano.
Com 20 anos e 266 dias, Marc Márquez é o mais jovem campeão da história da classe rainha do Mundial (Foto: Repsol)
O triunfo de Márquez fica ainda mais impressionante quando levamos em conta que o catalão chegou ao título em sua primeira tentativa, sendo o primeiro novato a obter tal resultado desde o triunfo de Kenny Roberts em 1978. Estreante na MotoGP, o piloto somou seis vitórias, 16 pódios, nove poles e 11 voltas mais rápidas. 
 
Chamando atenção desde as categorias de base, o piloto logo ganhou status de estrela no Mundial, mas foi em 2010 que o talento de Márquez passou a ser reconhecido em outras proporções. No GP de Portugal daquele ano, o jovem piloto do time de Aki Ajo daria o primeiro sinal de um estilo que se tornou uma marca.
 
Naquele 31 de outubro, Marc tinha o também espanhol Nico Terol como rival ao título das 125cc. A prova no Estoril, entretanto, foi atrapalhada pelo clima, que acabou interrompendo a disputa em bandeira vermelha por conta de uma chuva leve quando o piloto de 17 anos rodava em segundo, atrás do rival da Aspar. 
 
Com a melhora nas condições climáticas, a direção de prova optou por reiniciar a disputa para nove voltas. No giro de formação, Marc caiu e iniciou uma verdadeira corrida contra o relógio para tentar alinhar no grid a tempo da largada.
 
Os mecânicos da Ajo se empoleiraram aos montes na Derbi, tentando reparar os danos. Apesar dos esforços, a moto não ficou pronta a tempo e Márquez teve de largar do pit-lane, ou seja, atrás dos outros 15 pilotos que também sobreviveram às condições adversas do asfalto português. 
 
Na curva um, Marc já aparecia em quinto e era o terceiro chegando ao fim da reta oposta, atrás de Terol e Bradley Smith. Jogando pelo time naquele dia, o britânico fez tudo que pôde para segurar o espanhol, mas na terceira volta o representante da Ajo já tinha assumido o segundo posto. 
 
Na lateral da pista, os mecânicos mostravam uma placa onde se lia ‘P2 Ok’, mas Márquez, já mostrando que não se satisfaz com o necessário e busca sempre o possível, ignorou solenemente as ordens da equipe e seguiu pressionando Terol.
Márquez começou a chamar atenção ainda nas categorias de base (Foto: Repsol)
Depois de algumas trocas de posição, Marc recebeu a bandeirada na frente, com 0s150 de vantagem para Nico. Com o resultado, ele ampliou de 12 para 17 sua vantagem na liderança do Mundial, que foi definido em Valência, em favor de Márquez. Era hora do passo seguinte.
 
Moto2: os anos inesquecíveis
 
Márquez chegou à Moto2 como campeão vigente da agora extinta 125cc. Para o desafio na classe intermediária, Marc contou com uma estrutura preparada especialmente para ele. Com a base da Monlau e chefiada por Emilio Alzamora, mentor do espanhol, a Catalunya viu altos e baixos do menino prodígio. 
 
Nas primeiras corridas de 2011, a Moto2 testemunhou o brilho de Stefan Bradl, que venceu quatro das seis primeiras provas da temporada. Marc chegou a ter 82 pontos de atraso em relação ao germânico, mas, como uma recuperação espetacular, que contou com seis triunfos em sete etapas, o espanhol recortou a diferença para apenas seis pontos.
 
Batido por Andrea Iannone no Japão, Marc viu Bradl cruzar a reta de chegada de Motegi no quarto posto e assumiu o comando do Mundial. Na Austrália, entretanto, as coisas começaram a mudar. 
 
O espanhol causou em um feio acidente com Ratthapark Wilairot durante uma sessão de treino e foi punido por pilotar de forma irresponsável. Mandado para o fundo do grid, Marc fez mais uma de suas provas de recuperação e terminou a corrida no terceiro posto, mas sem a liderança do Mundial, que voltou para Bradl, segundo colocado em Phillip Island.
Título da Moto2 chegou após meses de incertezas por conta de uma lesão no olho (Foto: Repsol)
Os rumores sobre uma mudança para a classe rainha já pairavam no ar, mas antes do GP da Malásia, Marc anunciou que seguiria na Moto2 para defender ou tentar conquistar o título. A prova em Sepang, entretanto, foi mais um revés, desta vez com uma situação mais permanente. 
 
Vítima do asfalto molhado ainda nos primeiros minutos do primeiro treino livre, Marc sofreu uma forte queda e ficou de fora dos dois treinos seguintes. Márquez chegou a ir para a pista na classificação, completando apenas duas voltas e ficando como 36º posto do grid, com mais de 5s de atraso para o pole Tom Lüthi. 
 
Diagnosticado com um problema de visão – o chamado edema periorbitário – o candidato ao título foi barrado da etapa malaia, mas seguiu para Valência, última etapa do Mundial, com chances matemáticas de título. Seu problema de visão, entretanto, o impediu de ir para a pista, e Bradl foi declarado campeão antes mesmo da corrida.
 
Os meses seguintes também foram problemáticos para Marc, já que ele seguia sem enxergar como deveria. Nem mesmo uma operação serviu para resolver o problema, que o fez perder a maior parte da pré-temporada.
 
Como que em um milagre, Marc se recuperou a tempo de participar da última bateria de testes da pré-temporada, mas já foi tratando de minimizar as expectativas em relação a seu desempenho no início de 2012 – ele dizia que precisava de tempo para chegar ao nível dos rivais. 
 
No Catar, primeira etapa da temporada, Marc mostrou que suas previsões eram para lá de pessimistas, já que venceu em Losail após um duelo com Iannone. 
 
Apesar de o italiano ter se apresentado como primeiro desafiante, foi Pol Espargaró quem surgiu como maior adversário. A rivalidade entre os dois chegou ao seu ponto máximo na Catalunha, quando um erro de Marc resultou em uma forte queda do titular da Pons.

O acidente em Barcelona abriu a temporada de crucificação ao espanhol, mas ele escapou de qualquer tipo de sanção. Apesar da inspiração de Espargaró, o espanhol cometeu erros cruciais, que acabaram por afetar suas chances de título. 

 
O domínio de Márquez chegou a levantar rumores sobre uma suposta irregularidade na Suter do piloto, mas logo ficou provado que a diferença ali estava no talento do catalão. 
 
A prova no Japão, aliás, foi uma exibição de gala deste talento. Marc errou ao engatar a primeira marcha e na hora da largada não saiu com os outros, chegando à primeira curva quase na última colocação. Em chamas, o garoto de Cervera tratou de recuperar uma posição após a outra e ganhou a corrida em Motegi com 0s415 de vantagem para Espargaró. 
 
Inferno astral do espanhol, a Malásia representou um novo problema em 2012, já que ele caiu e levou a disputa pelo título para a Austrália. Em Phillip Island, o desobediente Márquez ressurgiu, ignorando os alertas de Alzamora e duelando com Scott Redding e Anthony West pelo segundo posto, já que Espargaró já tinha sumido na liderança.
 
O título foi definido em Phillip Island, mas o circuito de Valência viu um novo show do agora campeão da Moto2. Punido por um toque com Simone Corsi, Marc saiu em último e, apesar de ter dito que não iria se arriscar, foi para cima dos rivais para vencer com 1s256 de vantagem para Julián Simón, o segundo colocado. Era hora de fazer as malas e encarar um desafio de gente grande.
 
MotoGP: mudando as regras
 
O anúncio de Marc Márquez como titular da HRC em 2013 provocou uma mudança nas regras da MotoGP. Para acomodar o jovem piloto, a Dorna, promotora do Mundial, aceitou derrubar a regra do novato, que determinava que um piloto vindo da base não poderia chegar na classe rainha por uma equipe de fábrica. 
 
A decisão da empresa espanhola, no entanto, só veio após as equipes satélites se posicionarem favoravelmente à mudança. Como piloto apoiado pela gigante espanhola Repsol, Marc poderia representar uma prejuízo financeiro para Gresini ou LCR – prováveis candidatas para recebê-lo – já que as equipes poderiam ter problemas para conciliar seus patrocinadores, com o apoiador no novato.
 
Livre da regra, Márquez chegou à Honda com a missão de substituir Casey Stoner, que decidiu se aposentar ao fim da temporada 2012. O que parecia ser uma tarefa difícil acabou se tornando algo simples, já que talento é o que não falta ao espanhol.
Márquez mudou as regras da MotoGP com vaga na Honda (Foto: Repsol)
Desde o primeiro contato com a RC213V, Marc mostrou que não teria problemas de adaptação e a primeira prova do calendário – o GP do Catar – foi mais uma prova disso. Batido por Valentino Rossi, Marc ficou com o terceiro posto do pódio em Losail, começando sua caçada aos recordes de precocidade. 
 
Na estreia do circuito de Austin na MotoGP, Marc tomou para si algumas marcas importantes: mais jovem pole-position e vencedor de uma corrida – marcas que eram de Freddie Spencer. O novato, aliás, saiu do Texas como líder do Mundial. 
 
Na etapa seguinte, em Jerez de la Frontera, veio a primeira polêmica: um toque com Jorge Lorenzo, que deixou o bicampeão bastante irritado. Os dois espanhóis duelavam pela segunda colocação quando o novato aproveitou que o titular da Yamaha deixou um espaço aberto na tangência da última curva e atacou. 
 
Os dois chegaram a bater, mas não caíram e o piloto de Cervera acabou cruzando a linha de chegada na frente. No parque fechado, Jorge se recusou a cumprimentar o rival, mas depois admitiu o erro e se arrependeu da atitude deselegante.
 
Na etapa seguinte, em Le Mans, Marc encarou o asfalto molhado pela primeira vez com o protótipo 1000cc. Admitindo as dificuldades com o piso molhado, o espanhol superou uma largada ruim – quando caiu para nono – e completou a disputa em terceiro. 
 
O primeiro revés na divisão principal do Mundial aconteceu em Mugello, onde o espanhol registrou seu único abandono. Marc caiu pouco após superar Dani Pedrosa pelo segundo lugar da prova. Na sequência, Marc foi terceiro na Catalunha.
 
Lorenzo foi o principal rival de Márquez na MotoGP em 2013 (Foto: Yamaha)

Em Assen, a situação do Mundial começou a mudar. Os pilotos chegaram na Holanda com Pedrosa no comando do Mundial com sete pontos de vantagem para Lorenzo. Nos treinos livres, entretanto, Jorge caiu e fraturou a clavícula esquerda.
 
O piloto da Yamaha viveu uma epopeia, foi para Barcelona, operou, voltou e correu, mas ficou com o quinto posto, atrás de Rossi, Márquez, Cal Crutchlow e Pedrosa. 
 
Em Sachsenring as coisas ficaram ainda piores para o bicampeão da Yamaha. Após um novo tombo, Lorenzo danificou a placa de titânio que tinha colocado na clavícula e precisou operar novamente. Desta vez, o piloto de Palma de Mallorca não correu.
 
Também na Alemanha, Pedrosa caiu e foi barrado pelos médicos por ter batido a cabeça. A ausência dos dois abriu caminho para o triunfo do novato, que foi ao pódio acompanhado por Crutchlow e Rossi. 
 
Laguna Seca viu mais um show do estreante – que nunca tinha corrido na pista californiana. Com direito a uma ultrapassagem em Rossi em pleno Saca-Rolha, o espanhol chegou ao seu terceiro triunfo no ano. Em Indianápolis, Marc venceu de novo, seguido por Pedrosa e Lorenzo. E o mesmo aconteceu em Brno. Nesse ponto, o titular da Honda já tinha 26 pontos de folga em relação ao seu companheiro de time. 
 
Lorenzo começou a reação vencendo em Silverstone, mas com Márquez em segundo, tirou apenas cinco pontos de seu atraso em relação ao conterrâneo. O resultado se repetiu em Misano e, embora não tenha feito muito pela diferença para o piloto da moto 93, foi o suficiente para Jorge tirar de Pedrosa o segundo posto na tabela.
Ultrapassagem no Saca-Rolha foi uma das manobras mais memoráveis da temporada (Foto: Repsol)
A prova em Aragão foi o novo ponto de discórdia no Mundial. Lorenzo disparou na ponta nas primeiras voltas, mas foi alcançado e batido por Márquez. Antes disso, entretanto, o novato teve um leve toque com Pedrosa, que acabou por partir o cabo do sensor de velocidade que comanda o controle de tração da RC213V de número 26. Ao tocar no acelerador, Dani foi ejetado violentamente da moto e teve de lidar com as dores durantes muitos dias.
 
O acidente resultou em uma nova onda de criticas ao estreante, que foi acusado de ser excessivamente agressivo, colocar os demais em risco e não respeitar os adversários. De olho no histórico do titular da Honda – que já tinha sido advertido por desrespeitar uma bandeira amarela em Silverstone, colocando em risco os fiscais e Cal Crutchlow, que tinha se acidentado –, a direção de prova aplicou mais um ponto ao carnê de Marc, que, assim, escapou de uma punição mais severa.
 
Nem aí para as críticas, Marc foi para a pista de Sepang com o mesmo espírito de sempre e depois de um duelo intenso com Lorenzo pelo segundo posto, acabou sossegando e não se arriscou a caçar Pedrosa para buscar a vitória. 
 
Márquez chegou à Austrália com 43 pontos de vantagem para Lorenzo na liderança do Mundial, mas se enrolou em meio a uma crise com os pneus. A Bridgestone, fornecedora única dos compostos da MotoGP, não se preparou como deveria para encarar o novo asfalto de Phillip Island e foi surpreendida pelo aumento considerável nos níveis de aderência. 
 
Além do maior grip, a maior temperatura registrada na região e o aumento no peso das motos 1000cc, resultaram em um desgaste excessivo da borracha, impedindo a fabricante japonesa de garantir a segurança dos pneus por mais de dez voltas.
 
Temendo pela segurança dos pilotos, a MotoGP decidiu alterar o formato da disputa e além de reduzir o número de voltas – de 27 para 19 –, lançou mão do formato flag-to-flag, obrigando os competidores a trocarem de moto. 
 
A direção de prova determinou que ninguém poderia completar mais de dez voltas com um mesmo conjunto de pneus, assim, o pit-stop deveria ser realizado entre as voltas nove e dez. A Honda, entretanto, só chamou Marc na 11ª volta e ele acabou sendo desclassificado.
 
Com a bandeira preta de Márquez, Lorenzo teve caminho livre para vencer e tirou 25 pontos de sua diferença para o estreante. Assim, a dupla chegou ao Japão separada por 18 pontos, com o titular da Honda com mais um match-point. 
 
A prova em Motegi, entretanto, foi, literalmente, sacudida por um terremoto. Os pilotos também tiveram que lidar com as consequências do tufão Francisco e todos os treinos livres foram cancelados. Os pilotos foram para a pista pela primeira vez direto para a classificação e tiveram mais um único treino antes da corrida.
Marc levou parte de seu time na Moto2 para a MotoGP (Foto: Honda)
Pagando pela inexperiência com a RC213V no circuito nipônico, Márquez viu que estava errando demais durante a corrida e optou pela prudência, se conformando com o segundo posto, atrás de Lorenzo.
 
Em sua última chance de garantir o título, Marc chegou ao circuito Ricardo Tormo com 13 pontos de vantagem para Lorenzo. Sem muitas opções, o piloto da Yamaha optou pela guerra psicológica e tentou enfraquecer Márquez o máximo que pôde.
 
Bem preparado, Marc não sucumbiu e garantiu o título com uma pilotagem segura, sem muitos riscos, mas sem perder sua personalidade.
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