Miller reluz em dia que Ducati dá sinal de vida na pista molhada da França
Conhecido pela coragem de fazer o inesperado, o australiano da Pramac insistiu com os slicks no asfalto úmido de Le Mans e mostrou um bom ritmo na abertura de um fim de semana com previsão de chuva
Os meteorologistas não erraram na previsão para o fim de semana. Assim como tinham antecipado os especialistas, a sexta-feira (9) de treinos da MotoGP na França foi marcada por frio e chuva, condições que fizeram a Ducati resplandecer. Especialmente nas mãos de Jack Miller.
Reconhecido pela valentia, Jack foi o primeiro a insistir com pneus slicks no asfalto que secava em Le Mans e, além de ditar tendência, também assegurou a melhor marca do dia. No combinado das duas sessões, prevaleceu o tempo da atividade vespertina, quando o australiano anotou 1min34s356 para fechar os trabalhos com 0s144 de folga para Maverick Viñales.
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Miller, porém, não foi a única Ducati em destaque nesta sexta-feira. Sumido ao longo de todo o ano, Danilo Petrucci deu o ar da graça e ficou com o quarto posto, 0s698 mais lento que o piloto que o substituirá na equipe de fábrica da escuderia de Borgo Panigale em 2021. Com uma GP19, a moto de 2019 da casa comandada por Gigi Dall’Igna, Johann Zarco conseguiu a última vaga do top-10, 1s052 atrás do melhor competidor do dia.
Em boa fase, Francesco Bagnaia foi um pouco mais discreto e ficou em 15º, enquanto Andrea Dovizioso fechou o dia com o 19º tempo após sofrer uma queda na curva 3 nos minutos finais do TL3.
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A Ducati, porém, não foi a única que destacou. Ao fim deste primeiro dia no circuito Bugatti, a Honda colocou três motos no top-3: mesmo com uma queda, Takaaki Nakagami fez a terceira melhor marca, com o ainda lesionado Cal Crutchlow em quinto e Álex Márquez reafirmando o crescimento apresentado desde o teste coletivo de Misano para ficar em sexto.
A Yamaha, por sua vez, colocou metade de suas motos no top-10: além do segundo tempo do ‘Top Gun’, Franco Morbidelli fez o sétimo melhor registro. KTM ― com Pol Espargaró em oitavo ― e Suzuki ― com Joan Mir em nono ― colocaram uma moto cada no rol dos dez mais rápidos.
Ao fim dos trabalhos, Miller se mostrou satisfeito, mas alertou que é preciso ter cuidado com o uso dos pneus, já que o número de macios é bastante limitado.
“Me senti relativamente bem nessas condições. Eu saí com um par de pneus de chuva usados só para entender a pista com a moto acertada para o seco. Até porque tem um limite de pneus macios que podemos usar neste fim de semana, dianteiros e traseiros, e, com a temperatura que temos, com as condições que temos, vai ser muito difícil usar qualquer coisa que não seja uma combinação de macios, então, foi só para entender a pista”, explicou o piloto da Pramac ao fim do TL2. “Eu vi que estava mais ou menos seca, tinha um trilho seco, mas tinha uma garoa, por isso, precisava sair na hora. Felizmente, não choveu realmente no restante da sessão. Senti um chuvisco na minha terceira volta com os slicks, mas depois não mais”, relatou.
“Fiz umas voltas decentes, sentei um pouco nos boxes vendo os caras rodarem na pista para esperar por condições melhores e, nos últimos dez minutos, consegui fazer algumas voltas. Peguei um pouco de tráfego, mas estou feliz com o tempo de volta. Acho que ele será bem importante, pois aqui em Le Mans, como sabemos, a previsão do tempo diz que talvez esteja seco amanhã de manhã ― frio, mas seco ―, mas não fez sentido olhar para isso. Era só para ter alguma coisa na manga para passarmos direto para o Q2, mas vamos ter de esperar e ver como a pista vai estar de manhã”, completou.
Batido por pouco mais de 0s1, Viñales também saiu satisfeito do primeiro dia no famoso circuito francês, especialmente pela chance de testar a YZR-M1 com a pista molhada.
“Acho que foi um bom dia para nós, um dia positivo, pois foi a primeira vez que testamos a moto de 2020 em condições mistas, especialmente em uma pista realmente molhada. Eu me sinto bem, me sinto realmente bem. Mas, de qualquer forma, acho que amanhã estará seco e tudo pode mudar, mas a sensação é realmente positiva. Podemos dar algo extra amanhã”, frisou.
Companheiro de Maverick, Valentino Rossi ressaltou a dificuldade do dia com as condições mistas, mas não se mostrou incomodado com a performance. O italiano, aliás, levou um susto nesta sexta-feira com um acidente do irmão, Luca Marini, no TL2 da Moto2.
“Eu gosto da pista, mas hoje foi muito complicado com condições difíceis, pois estava meio seco, meio molhado e, especialmente, muito frio. De manhã foi melhor, porque estava molhado, então dava para usar os pneus de chuva. Mas de tarde, tivemos condições mistas, tínhamos de usar os slicks. Você tinha de forçar, mas ao mesmo tempo estava realmente frio e a pista tinha alguns pontos molhados. Era perigoso e você precisava prestar muita atenção”, comentou Rossi. “Mas a minha sensação não é tão ruim. Nos dois treinos, fui bem rápido. Tive um bom ritmo e uma boa sensação com a moto. Infelizmente, na última volta peguei a bandeira amarela. Do contrário, estaria na quinta colocação. Agora esperamos que amanhã e, especialmente domingo, esteja seco e um pouco mais quente. Aí veremos”, completou.
19º no combinado dos dois treinos do dia, Andrea Dovizioso não se mostrou preocupado com a performance e avaliou que as condições mascaram o desempenho das motos.
“Hoje as condições estavam estranhas e não mostraram a realidade. Eu estou feliz por ver muitas Ducati na frente, a sensação foi boa nesta manhã no molhado, mas também de tarde tinham muitas Ducati na frente, então, estou realmente feliz com isso”, apontou o piloto de Forli. “Não pude realmente pilotar de tarde, mas não estava realmente seco, então, essa não é a realidade. Acho que amanhã vamos começar o fim de semana de verdade”, opinou.
Estreante na MotoGP, o caçula dos irmãos Márquez celebrou a chance de rodar no molhado com RC213V, especialmente por considerar que as condições podem se repetir ainda em 2020.
“Estou contente por ter tido uma sessão com água. Não tínhamos feito nenhuma neste ano e pode ter alguma corrida no molhado até o fim do ano, tanto no MotorLand como em Valência. É importante ter uma base de acerto e foi uma boa prova”, comentou Álex. “Para amanhã, é difícil tirar alguma conclusão, porque estamos muito longe dos tempos de pista seca, mas me ajudou a compreender um pouco como se comportam os Michelin em pista molhada. Foi um bom dia, muito produtivo para nós”, seguiu.
“Custou um pouco, especialmente nos setores dois e quatro, mas é um dia difícil, porque seguramente é onde estava mais molhado e depende do risco que você quer correr no momento. Vamos tentar melhorar nesses pontos amanhã”, avisou. “Trabalhamos com o macio dianteiro, porque faz bastante frio. Veremos se o sol sai sábado ou domingo, isso vai ser fundamental. Temos muito trabalho a fazer antes de escolher os pneus da corrida”, reconheceu.
Questionado se vê uma corrida em condições mistas como uma chance de se destacar, Álex Márquez respondeu: “É uma boa oportunidade para tentar ir bem. Prefiro que seja no seco a partir de amanhã para poder ir forçando e pegando ritmo. É um circuito onde a moto do ano passado funcionou muito bem, e tanto Cal quanto Nakagami foram fortes hoje”.
O GRANDE PRÊMIO acompanha todas as atividades do GP da França, décima etapa do Mundial de Motovelocidade 2020.
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