Na Garagem: Roberts vence decisão em Ímola, mas Spencer vira mais jovem campeão das 500cc

Em uma temporada que foi disputada até a última das 12 etapas, Freddie Spencer aproveitou o segundo lugar no GP de San Marino para conquistar seu primeiro título nas 500cc. Com a conquista em cima de Kenny Roberts, o titular da Honda supera Mike Hailwood para se tornar o mais jovem campeão da história

HÁ EXATOS 35 ANOS, O MUNDIAL de Motovelocidade vivia um domingo histórico. Naquele 4 de setembro de 1983, Freddie Spencer gravava seu nome na elite do motociclismo ao superar Kenny Roberts na decisão da temporada das 500cc e superar Mike Hailwood para, então, se tornar o mais jovem campeão de todos os tempos ― marca que, aliás, só foi superada 30 anos mais tarde por Marc Márquez.

 
Apenas em seu segundo ano como titular nas 500cc, Freddie abriu o ano já carregando a marca da precocidade. Afinal, em 1982, o piloto de Shreveport, na Luisiana, tinha se tornado o mais jovem a vencer um GP da classe rainha. Mas o talentoso #3 iria ainda mais longe.
A bordo da NS500, ‘Fast Freddie’ abriu o ano com uma vitória no GP da África do Sul ― a terceira da carreira ―, resultado que repetiu nas etapas disputadas em Le Mans e Monza. Assim, completado ¼ do campeonato, o #3 já somava 45 pontos, 25 a mais que o tricampeão Roberts, que, aos 31 anos, fazia sua temporada de despedida das 500cc a bordo de uma Yamaha YZR500.
 
No GP da Alemanha Ocidental, quarta parada do campeonato, Spencer ficou fora do pódio pela primeira vez no ano ― foi quarto ―, enquanto ‘King Kenny’ dava início a uma reação, uma marca da segunda metade da temporada.
Freddie Spencer enfrentou Kenny Roberts em 1983 (Foto: Reprodução)
Freddie voltou a vencer na Espanha, mas um abandono no GP da Áustria viu o vencedor Roberts colar de vez na classificação, reduzindo a vantagem do piloto da Honda para apenas seis pontos. 
 
Spencer voltou a respirar com um triunfo na Iugoslávia, quando saiu de Rijeka com 13 pontos de margem. Kenny, porém, não jogou a toalha e venceu as provas de Holanda, Bélgica e Grã-Bretanha. 
 
A sequência dourada, no entanto, não foi suficiente para que Roberts virasse a mesa para cima de Spencer, que continuou na ponta da tabela do campeonato, ainda que agora com só dois pontos de vantagem.
 
O #3, então, retornou ao topo do pódio em Anderstorp, na Suécia, e partiu para a decisiva prova de Ímola com cinco pontos de frente para o ‘King’, que tinha cinco vitórias no ano contra seis de Freddie. Com tamanha proximidade, o GP de San Marino prometia ser eletrizante.
 
O californiano desembarcou na Itália precisando da vitória e torcendo para que Freddie não passasse de terceiro. Assim, a esperança era de que Roberts pudesse contar com uma mãozinha de Eddie Lawson, o companheiro de Yamaha que fazia sua temporada de estreia. 
 
Com 1min53s59, Roberts conquistou a pole, mas perdeu a ponta para Spencer logo na largada. Depois de oito voltas, Kenny conseguiu retomar a liderança, enquanto Lawson vinha tentando escalar o pelotão depois de aparecer em décimo ainda no primeiro giro.
 
Com oito voltas para o fim, Eddie, enfim, assumiu a terceira colocação, mas tinha um considerável atraso em relação a Freddie. Kenny, então, tratou de baixar o ritmo para tentar aproximar Lawson, mas Spencer ‘sacou a jogada’ e recuperou a liderança.
 
Roberts, então, fez o que lhe restava e voltou a tomar a liderança do rival para vencer com 1s230 de margem. Lawson ficou em terceiro.
 
Assim, o título acabou decidido em favor de ‘Fast Freddie’ por apenas dois pontos. Os dois pilotos, aliás, se revezaram no topo do pódio ao longo das 12 provas do ano, assim como também dividiram entre si as poles.
 
Além de marcar a precocidade de Spencer, a temporada de 1983 entrou para a história como a primeira conquista da Honda no Mundial de Pilotos das 500cc. Foi também naquele ano que a montadora da asa dourada conseguiu seu primeiro título de Construtores desde o retorno aos GPs.
 

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