Na Garagem: Rossi força passagem, empurra Gibernau na última curva e vence na Espanha

Há 20 anos, o GP da Espanha de 2005 teve um final polêmico — e memorável —, com Valentino Rossi assegurando a vitória em Jerez de la Frontera depois de um toque com Sete Gibernau na última curva

HÁ 20 ANOS, a rivalidade entre Valentino Rossi e Sete Gibernau produzia uma das cenas mais memoráveis da história da MotoGP. Naquele 10 de abril de 2005, os dois travaram um duelo por praticamente toda a corrida, mas a disputa em Jerez de la Frontera foi definida apenas na última curva, com um toque que mandou o espanhol para a brita e fez o italiano cruzar a linha de chegada com 8s631 de margem.

A etapa de Jerez era a abertura do campeonato. Àquele tempo, Rossi, então tetracampeão da classe rainha do Mundial de Motovelocidade, fazia a defesa do primeiro título com a Yamaha, enquanto Gibernau, vinha de um vice-campeonato, correndo com uma equipe satélite da Honda, a Movistar Honda MotoGP — que nada mais era do que a Gresini.

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O fim de semana mediu as forças dos dois desde o começo. Gibernau liderou o treino livre 1 com 0s086 de margem para o #46. Na sessão seguinte, Sete manteve a ponta, mas com o italiano caindo para quinto. No TL3, o espanhol insistiu no comando, com 0s069 de vantagem para o italiano.

Na hora da classificação, porém, o jogo virou. Rossi cravou 1min39s419 e garantiu a posição de honra no grid com 0s496 de vantagem para o #15. No warm-up, o último ensaio antes da corrida, Gibernau voltou ao topo em uma sessão dominada pela Honda, que fez um 1-2-3-4-5. A melhor Yamaha foi a de Colin Edwards, em sétimo, com Rossi apenas em 16º.

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Valentino Rossi venceu a prova que abriu a temporada 2005 (Foto: Jose Luis Roca/ AFP)

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Na hora da largada, Rossi sustentou a ponta e mergulhou primeiro na curva 1, mas logo foi superado por Gibernau. Ao longo da prova, os dois trocaram de posição inúmeras vezes, mas foi Sete chegou aos metros finais na ponta. Valentino, porém, não entregou os pontos e ficou colado, buscando uma maneira de ultrapassar.

Na última curva, Rossi se colocou por dentro, os dois tocaram e o italiano forçou Gibernau para fora da pista. O piloto de Fausto Gresini conseguiu evitar a queda, mas o passeio pela brita o tirou da briga pela vitória, que o ‘Doutor’ conquistou com 8s631 de vantagem.

O resultado provocou uma reação enfurecida do público, que vaiou Rossi e o hino italiano na hora do pódio. Depois da corrida, o #46 reconheceu que foi uma manobra dura, mas frisou que aquilo faz parte das corridas.

“Foi uma batalha dura com Gibernau. Ele foi muito rápido hoje e pilotou muito bem”, reconheceu Rossi. “Assumi a ponta com duas voltas para o fim, mas, infelizmente, cometi um erro na freada no meio da última volta, e Gibernau passou”, seguiu.

“Passamos um ao outro mais uma vez, nos tocamos duas ou três vezes, e, no final, o passei na última volta. Com certeza, foi uma manobra dura e, certamente, Sete está irritado, mas as corridas são assim”, sublinhou.

O espanhol, porém, se recusou a comentar o lance da última curva.

“Estabelecemos um ritmo realmente rápido durante a corrida e, no fim, diminui um pouco para ver onde estavam os pontos fortes de Valentino”, relatou. “Pressionamos fortemente um ao outro e tenho a tranquilidade de saber que eu fiz tudo que podia e que, no geral, já estamos em um bom nível na primeira corrida. Será um longo e duro campeonato”, acrescentou.

“Não quero que uma corrida tão boa seja reduzida ao que aconteceu na última curva. Amo este esporte e não quero me envolver em política. Só quero permanecer forte e calmo e seguir focado no nosso sonho. Liderei a corrida desde o início, quis dar uma olhada no ritmo de Rossi e acho que foi a estratégia certa. Temos de continuar agora”, encerrou.

15 anos depois, em 2020, Gibernau avaliou que aquele lance criou um precedente ruim para a MotoGP.

“Não sei quantas vezes já falamos sobre aquela última curva, mas quanto mais tempo passa, mais entendo que, depois daquilo, as coisas mudaram”, disse Gibernau em entrevista à emissora inglesa BT Sport. “Muitas pessoas estavam vendo aquele momento e, a partir dali, abriu a porta para que acontecesse muitas outras vezes”, seguiu.

“No fim da corrida, nós dois fizemos o que achamos que era melhor para o campeonato, e a minha opinião pode ser qualquer uma. Mas, desde então, as coisas mudaram na MotoGP e na forma como as corridas são entendidas, e não concordo com isso”, frisou.

MotoGP volta a acelerar entre 11 e 13 de abril, com GP do Catar, em Lusail, quarta etapa da temporada 2025. O GRANDE PRÊMIO faz a cobertura completa do evento, assim como das outras classes do Mundial de Motovelocidade durante todo o ano.

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