Nakagami líder e Dovizioso na lanterna: GP de Teruel começa com marca de 2020

Com contrato renovado, o japonês da LCR entrou na pista com a cuca fresca e tratou de colocar a Honda no comando dos trabalhos desta sexta-feira (23). O piloto da Ducati, por outro lado, teve um daqueles dias que causam pesadelos

Dizer que coisas estranhas acontecem em 2020 já caiu no senso comum, mas se a máxima carece de comprovação, a MotoGP tem evidências o bastante só nesta sexta-feira (23). Enquanto Takaaki Nakagami fechou o primeiro dia de treinos para o GP de Teruel no topo da tabela de tempos, Andrea Dovizioso foi apenas 19º, 1s458 mais lento que o piloto da LCR Honda.

Até outro dia, era muito mais fácil imaginar um cenário inverso. Mas na ausência de Marc Márquez, que ainda se recupera de uma fratura no braço direito, Nakagami herdou a pressão e está correspondendo. Tanto é assim que garantiu a renovação de contrato com a Honda para seguir correndo com a satélite LCR. E, melhor, com uma moto do ano ― hoje o japonês utiliza um protótipo defasado, de 2019.

Dovizioso, por outro lado, abriu o ano na lista dos favoritos ao título. Afinal, foi vice-campeão nos últimos três campeonatos. Porém, embora tenha só 15 pontos de atraso para o líder Joan Mir, Andrea parece cada vez mais longe da briga, ainda mais com performances como a de hoje.

Takaaki Nakagami vai seguir com a LCR em 2021 (Foto: LCR)

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Por outro lado, Nakagami não brilhou sozinho. Três das quatro RC213V do grid fecharam a sexta-feira no top-10: Cal Crutchlow foi terceiro colocado, com Álex Márquez em sexto. Stefan Bradl foi a exceção, mas o alemão, que originalmente é piloto de testes da Honda, ficou em 11º, 0s662 atrás do ponteiro.

No extremo oposto, Dovizioso tampouco foi a única ofuscada entre as Ducati. A melhor Desmosedici no combinado dos dois treinos livres em Alcañiz foi a de Johann Zarco, que ficou em 13º. O francês, porém, corre com um protótipo desatualizado. As quatro GP20 ficaram ainda mais atrás: Danilo Petrucci foi 17º, com Jack Miller em 18º e Francesco Bagnaia em 20º. Tito Rabat, também com uma Ducati antiga, foi o último, quase 2s mais lento que Nakagami.

A evolução da RC213V tem sido clara depois de um início de temporada bastante abaixo das capacidades de uma fábrica com o histórico da Honda. E, no caso de Nakagami, a renovação do contrato também calhou para uma performance como a de hoje.

“Estou simplesmente feliz, pois ontem anunciamos a renovação do contrato com a HRC, então são mais alguns anos com a equipe LCR, o que é incrível para mim. Agora posso dizer que estou livre de pressão. Não preciso pensar em contrato, pensar no futuro, limpei a minha mente, estou focado apenas em tentar mostrar nosso verdadeiro potencial”, falou Nakagami. “Eu me sinto realmente confortável na moto. Não mudamos muito em relação ao fim de semana passado, mas tive um ritmo bem bom e a sensação na moto é boa. Eu curti muito, assim como no último fim de semana, e isso é o ponto chave. E não pensar no campeonato. Com o time, estamos completamente focados nas corridas restantes. Agora só restam quatro corridas para fazermos nosso melhor. Estou realmente curtindo”, seguiu.

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Andrea Dovizioso teve dia devagar quase parando em Aragão (Foto: Ducati)

Depois de pedir conselhos no Instagram para conquistar o primeiro pódio na MotoGP e ser prontamente respondido pelo próprio chefe de equipe, Takaaki se mostrou confiante de que, seguindo a linha de trabalho atual, logo conseguirá debutar no top-3 da classe rainha.

“No último fim de semana, fomos os melhores entre os pilotos independentes, com a quinta colocação. Foi uma boa corrida, mas perdemos alguns décimos volta a volta. Perdemos o pódio, mas de qualquer forma, agora é um novo fim de semana e, como disse antes, não tenho pressão, estou apenas curtindo todas as voltas, e a minha condição física também é muito boa. Agora nós colocamos tudo no lugar junto com a equipe, com os mecânicos, com a HRC. Vamos ver no domingo, mas foi um bom primeiro dia. Temos de seguir focados desta maneira, sem perder tempo pensando em outras coisas, apenas concentrados em fazer nosso melhor. Assim, com certeza o resultado virá. Esse é o único caminho”, completou.

Assim como na semana passada, Dovizioso citou o vento como um problema nesta sexta-feira. O ar soprou a uma velocidade de 18 km/h nesta tarde.

“Foi um dia difícil. O vento não nos ajudou”, comentou Andrea. “Infelizmente, tivemos alguns problemas que não nos permitiram completar o programa de trabalho que tínhamos elaborado para hoje. Esperamos que possamos encontrar condições melhores para amanhã para podermos garantir uma boa posição na classificação”, torceu.

Tal qual vem fazendo desde o início do ano, Dovizioso apontou o novo pneu traseiro. 2020 marca a primeira vez em dois anos que a Michelin introduz uma nova construção para o calçado traseiro.

“Não é um problema de layout da pista ou da temperatura do asfalto, mas apenas por causa do pneu novo. Não consigo fazer uma boa entrada na curva e não estou bem na saída”, explicou. “Tive os mesmos problemas desde o início do ano”, completou.

Testes e mais testes para Yamaha e Suzuki

Se semana passada a Yamaha foi dominante nos treinos livres e acabou ofuscada na corrida, desta vez a YZR-M1 se comportou mais discretamente. Mas foi longe de ser um dia ruim. Com Valentino Rossi ainda se recuperando da Covid-19, a casa se Iwata segue desfalcada, mas dois dos três protótipos dos diapasões garantiram vaga no top-10: Maverick Viñales ficou em segundo, com Fabio Quartararo aparecendo em quarto.

O Top Gun sentiu melhora na performance da moto, mas considerou que a pista não estava em condições tão boas quanto as da semana passada.

“Foi um dia bom, pois eu percebi melhora. Na verdade, a pista pareceu ter menos aderência em comparação com a semana passada. Isso dificulta para cravar bons tempos de volta, mas fizemos um bom trabalho de qualquer forma”, opinou Maverick. “Também precisamos levar em consideração que testamos muitas coisas na moto hoje, então, também é difícil concentrar em fazer um bom ritmo. Mas pilotar constantemente em 1min49s com pneus médios e com o tanque cheio é positivo”, continuou.

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Maverick Viñales foi o segundo mais rápido do dia de treinos do GP de Teruel (Foto: Yamaha)

Para amanhã, a meta de Viñales é focar no ritmo de corrida, já que a Yamaha não tem dificuldades com volta lançada.

“Só fiz um tempo de ataque no fim do TL2 e foi bom. Estava com a minha outra moto, porque encontramos algumas coisas boas para amanhã. No sábado, vamos nos concentrar no ritmo, em manter as boas linhas, fazer uma volta perfeita na classificação e ver se podemos melhorar o ritmo de corrida um pouco no geral”, relatou. “Sei que posso ser realmente rápido no início da corrida com o pneu macio dianteiro, mas vimos na semana passada que precisamos forçar mais na segunda metade, então, acho que o médio será a melhor opção para domingo”, sugeriu.

Segundo colocado na classificação do Mundial, Quartararo também passou o dia testando o acerto da moto e, mais do que isso, dando uma espiadela na atuação da concorrência.

“Testamos muitas coisas hoje, especialmente com a traseira da moto. Algumas coisas funcionaram e outras, não. Ainda têm algumas coisas que precisamos melhorar na moto para melhorar nosso ritmo de corrida, mas foi um dia positivo no geral. Acho que estamos em uma boa posição para amanhã”, considerou. “Foi um bom dia para seguir alguns outros pilotos que foram bem sucedidos aqui na semana passada, já que dá para aprender alguma coisa com eles, e consegui ver onde estava perdendo tempo em relação a eles. Acho que têm três curvas em que somos mais fracos, mas sei no que preciso trabalhar e como melhorar”, assegurou.

15º, Morbidelli fechou o dia 0s830 atrás de Nakagami, mas não saiu desesperado, já que considera que a SRT conseguiu melhorar a performance da Yamaha.

“Hoje eu me senti bem e conseguimos trabalhar na moto um pouco, melhorando um pouco a sensação. Melhoramos como a moto se comporta no miolo da curva e senti a diferença imediatamente. Estou feliz com isso, embora a posição final de hoje não seja ótima”, falou Franco. “Sabemos que precisamos encontrar um pouco mais de velocidade para nos ajudar no TL3 e na classificação. As condições da manhã foram bem boas e amanhã devem ser ainda melhores, então estou confiante em completar uma volta para avançar direto para o Q2. Amanhã, a meta é tentar entrar no top-10 e melhorar ainda mais a moto, em especial na freada. Vamos ver o que acontece”, completou.

Do lado da Suzuki, o dia foi de provas, também para Álex Rins, que venceu a corrida da semana passada no MotorLand.

“Hoje correu bem. As condições de pista são melhores nesta semana e isso torna tudo mais fácil. Foquei no acerto, para ser onde podemos ganhar um pouco mais, especialmente na freada e nos níveis de aderência”, relatou. “A minha última saída com os pneus macios, que eu prefiro em relação aos médios, foi muito boa. Amanhã, no TL3, vou tentar mais algumas coisas para me preparar para a classificação e ver o que podemos fazer”, avisou.

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Joan Mir esperava mais do dia de treinos (Foto: Suzuki)

Líder do campeonato, Joan Mir classificou o dia como “duro”, mas não pela forma apresentado e sim pelo volume de trabalho.

“Foi um dia duro, porque fiz muitas voltas e tentei vários acertos diferentes para trabalhar para a corrida, mas estou realmente feliz e me sentindo positivo”, anunciou. “Fiz muitas voltas com os pneus usados e acho que isso pode compensar na corrida. Não fiz uma volta realmente rápida hoje, mas me sinto realmente bem com a moto e estou ansioso por uma boa classificação amanhã”, concluiu.

O GRANDE PRÊMIO acompanha todas as atividades do GP de Teruel, 12ª etapa do Mundial de Motovelocidade 2020.

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