Pré-temporada reitera favoritismo da Honda, vê Rossi forte e se surpreende com ‘intruso’ Aleix Espargaró

A pré-temporada da MotoGP em 2014 mostrou que a Honda é a grande favorita e revelou ainda o desempenho surpreende da Forward-Yamaha nas mãos de Aleix Espargaró

 

Ao contrário de anos anteriores, a pré-temporada da MotoGP em 2014 passou longe da Espanha, a casa do Mundial, e ainda foi dividida em quatro sessões entre fevereiro e março. Fugindo do frio europeu, a classe rainha realizou suas duas principais baterias de testes na quente e úmida Sepang. Depois, os três times de fábrica — Honda, Yamaha e Ducati — foram para a litorânea Phillip Island, enquanto o restante do grid — as satélites e as equipes privadas — viajaram para o Catar, onde finalizam as atividades preparatórias para o Mundial, no dia 9 deste mês.

Os treinos coletivos confirmaram os favoritos, mostraram surpresas e revelaram um primeiro esboço do que esperar do campeonato que começa neste final de semana, na noite de Losail. Mais uma vez, a Honda exibiu uma performance fortíssima, consistente e provou que será a equipe a ser batida. Os japoneses de novo desenvolveram uma moto muito bem afinada para Marc Márquez e Dani Pedrosa, especialmente.

Marc Márquez e seu estilo inconfundível (Foto: Getty Images)

Tão bela quanto veloz, a RC213V não apresentou problemas sérios durante as atividades na Malásia e na Austrália, se mostrou perfeitamente adaptada ao regulamento que agora determina 20 L de combustível no tanque, bem como aos novos pneus da Bridgestone.

Nas mãos de Márquez, a moto laranja esteve sempre na frente. O atual campeão liderou os três primeiros dias de treinos na pista malaia, realizados entre 4 e 6 de fevereiro, e fechou a semana com o excelente tempo de 1min59s533. A marca, inclusive, também não foi alcançada por ninguém na segunda vez em que a classe rainha visitou Sepang, entre 26 e 28 do mês passado.

O foco dos atuais campeões foi o acerto geral do protótipo japonês, o desempenho em ritmo de corrida e a compreensão do comportamento dos compostos de 2014. Dani Pedrosa deixou o circuito malaio com uma alta quilometragem depois de seis dias treinos, além da costumeira consistência.

Já Márquez sofreu um pequeno revés durante a pré-temporada. Treinando em uma pista de terra próxima a Barcelona, o espanhol teve uma queda e fraturou a perna direita. O incidente ocorreu em meados de fevereiro e tirou o piloto dos dois testes finais, por conta da recuperação.

O desempenho competitivo da moto nipônica foi ainda comprovado pelas boas atuações das duas equipes satélites: a Gresini e a LCR. Álvaro Bautista, agora mais centrado depois de um forte ano de 2013, chegou até mesmo a liderar o primeiro dia da segunda sessão. O espanhol esteve regularmente no bloco da frente, foi rápido e constante quase o tempo inteiro. O alemão Stefan Bradl teve uma performance menos impactante, mas, ainda assim, bastante razoável.

As baterias de treinos na Malásia ainda testemunharam uma melhora significativa no desempenho de Valentino Rossi com a Yamaha. Agora melhor adaptado e a própria M1 mais ao seu estilo, o italiano apresentou um desempenho bem mais próximo dos pilotos da Honda e de seu companheiro de equipe, Jorge Lorenzo.

Valentino Rossi apresentou grande melhora no desempenho (Foto: Getty Images)

Não à toa, apesar da ausência de Márquez, Rossi foi quem fechou a segunda semana de atividades em Sepang na ponta, com 1min59s999, quase meio segundo mais lento do que o tempo registrado por Marc na primeira sessão, entretanto.

A Yamaha levou mais tempo do que rival eterna para se entender com as novas regras. E Lorenzo, dentro desse cenário, sofreu bem mais que o multicampeão. O espanhol enfrentou problemas eletrônicos, que forçaram a equipe dos três diapasões a buscar uma solução nos sistemas de 2013. Mas o calcanhar de Aquiles do bicampeão em Sepang foi mesmo os pneus.

Jorge encontrou severas dificuldades para adequar seu estilo de pilotagem aos novos compostos da Bridgestone e, em nenhum momento, conseguiu se aproximar dos ponteiros. Reclamou muito, mas procurou acumular o máximo de quilometragem possível. As coisas mudariam nos testes de pneus na Austrália.

Na Tech3, a satélite da Yamaha, o campeão da Moto2, Pol Espargaró, mostrou velocidade, mas também ficou claro que precisará de um pouco mais de tempo para tirar o máximo da M1. Ainda assim, andou sempre perto do companheiro Bradley Smith, que vai para o segundo ano de MotoGP em 2014.

Porém, a grande e grata surpresa dos testes ficou mesmo por conta de Aleix Espargaró. O espanhol mostrou que acertou ao deixar a Aspar e, reiterando a boa performance que apresentou nos últimos dois anos, tirou o máximo de proveito da combinação Forward-Yamaha, pertencente ao regulamento Aberto.

O mais velho dos Espargaró se colocou sempre entre os líderes, foi constante e rápido. Tem tudo para ser o tempero ardido das corridas deste ano.

O desempenho de Aleix ainda colocou uma pulga atrás da orelha quanto à real performance das motos de produção da Honda, utilizadas por Nicky Hayden e Hiroshi Aoyama da equipe de Jorge Martínez, além da Cardion AB, de Karel Abraham, e da Gresini, com Scott Redding. Nenhuma fez frente a Espargaró e sua acertadíssima Forward #41.

A Ducati teve uma participação mais discreta tanto com Andrea Dovizioso quanto com o recém-chegado Cal Crutchlow. O italiano, até pelo maior conhecimento da moto de Borgo Panigale, mostrou mais consistência que o inglês, que priorizou o trabalho na adaptação à tinhosa Desmosedici GP14. Dovizioso ainda conseguiu tempos entre o top-5, mas Crutchlow ficou mesmo em um bloco mais intermediário. A moto, entretanto, apresentou clara evolução na comparação com o último ano.

Os testes de pneus

Apenas dois dias depois dos treinos coletivos na Malásia, a Honda, a Yamaha e a Ducati foram para Phillip Island, com o objetivo de avaliar o asfalto do traçado australiano, especialmente depois dos problemas enfrentados com os pneus da Bridgestone na corrida de 2013.

Na última temporada, devido ao recapeamento da pista, a borracha da fabricante japonesa apresentou falhas e a medida para contornar o desgaste excessivo foi obrigar a troca de motos na metade da prova, que também teve duração encurtada. Agora, a meta foi estudar os novos compostos projetados para o sinuoso circuito litorâneo.

Jorge Lorenzo liderou treinos em Phillip Island (Foto: Getty Images)

Com o foco somente nos pneus e não no desenvolvimento das motos, foi a Yamaha de Jorge Lorenzo que ditou o ritmo nos três dias de treinos coletivos. O espanhol pôde testar todas as opções levadas pela Bridgestone e se mostrou satisfeito. Valentino Rossi andou sempre muito próximo e também aprovou as atividades, assim como Dani Pedrosa.

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Uma prévia em Losail

Enquanto as equipes de fábrica faziam o caminho de volta da Austrália, o restante do grid, as equipes satélites e privadas, chegavam a Losail para a última sessão de treinos da pré-temporada, entre 7 e 9 de março.

O bom tempo na região da pista árabe permitiu aos times dias produtivos em horários também bem próximos aos dos treinos livres e da corrida deste final de semana. Ou seja, à noite. De novo, o nome das atividades foi Aleix Espargaró, que liderou dois dos três dias de testes. O último, inclusive, em dobradinha com o caçula Pol.

No geral, os trabalhos no Catar serviram para mostrar o quanto a combinação Forward-Yamaha-Espargaró é forte, bem como comprovar que as motos de Iwata também foram bem nascidas. A Tech3 colocou seus dois pilotos no bloco da ponta todos os dias, com tempos próximos ao de Aleix.

A Honda só teve vez no dia 2, quando Álvaro Bautista foi o mais rápido, seguido por Stefan Bradl. Ainda assim, o Espargaró mais velho se posicionou em terceiro.

A nota negativa dos testes foi a queda forte do campeão da Moto2 de 2013. Pol quebrou clavícula esquerda no acidente, foi operado na Espanha e agora luta contra o tempo para se recuperar para o primeiro GP do ano e a estreia na classe rainha.

Aleix Espargaró saiu sorridente dos testes no Catar (Foto: Getty Images)

Portanto, é esse o cenário que as luzes de Losail vão iluminar neste final de semana.

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