Retrospectiva 2019: Márquez faz temporada quase perfeita por hexa

A temporada 2019 é uma daquelas que vai ficar marcada na história. Se pecou na competitividade, a MotoGP viu Marc Márquez ser coroado hexacampeão com uma atuação bastante próxima da perfeição

Pode não ter sido a melhor das temporadas em termos de competitividade, mas 2019 vai ficar marcado na história da MotoGP. Aos 26 anos, Marc Márquez se colocou muito próximo da perfeição para assegurar sua sexta coroa na classe rainha do Mundial de Motovelocidade ― a oitava no total.
 
Tal qual aconteceu nos dois anos anteriores, a Ducati se apresentou como principal desafiante, mas a casa de Bolonha, embora tenha protagonizado bons momentos aqui e ali, jamais esteve no páreo. Nem com Andrea Dovizioso, que acabou vice-campeão, e muito menos com Danilo Petrucci, que alcançou a primeira vitória da carreira, mas, depois de ter o contrato renovado para 2020, perdeu completamente a mão e fechou o ano só em sexto, 93 pontos atrás do #4.
 
Do lado da Yamaha, a deficiência da YZR-M1 ficou mais do que evidente. A doçura do motor de quatro cilindros em linha segue sendo a marca do time dos três diapasões, mas a potência ficou longe de fazer frente aos propulsores de Honda e Ducati, o que transformou os pilotos da marca em presa fácil. 
Marc Márquez (Foto: Red Bull Content Pool)
Paddockast #44
RETROSPECTIVA 2019: MUITO QUE BEM, MUITO QUE MAL

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Depois de começar o ano com dois pódios nas três primeiras corridas ― nos GPs da Argentina e das Américas ―, Valentino Rossi foi se afastando mais e mais e fechou o campeonato apenas na sétima colocação, o terceiro entre as quatro M1s do grid. Maverick Viñales, por outro lado, seguiu um roteiro distinto. Apesar de ter conquistado um terceiro lugar no GP da Espanha, o #12 teve um início de ano mais irregular, mas conseguiu engrenar, especialmente na reta final da disputa. Com duas vitórias ― na Holanda e na Malásia ― e outros cinco pódios, fechou o ano em terceiro, com 211 tentos. 
 
A grande alegria do time de Iwata, porém, não veio do time principal. Depois de anos com a Tech3, a Yamaha começou em 2019 uma nova parceria, com a estreante SIC assumindo o posto do time de Hervé Poncharal como satélite. Diferente do que acontecia com a estrutura francesa, a casa nipônica deu motos do ano para os malaios: Franco Morbidelli com o mesmo equipamento de Rossi e Viñales e o debutante Fabio Quartararo com uma versão com um pouco menos de potência.
 
Apadrinhado por Rossi, Morbidelli já tinha um ano de experiência na classe rainha ― com a Honda da Marc VDS ― e vinha cotado para o posto de protagonista do time comandado por Razlan Razali. Mas foi o #20 quem roubou os holofotes. 
 
Caçula entre os pilotos da MotoGP, Quartararo começou o ano mais discreto, mas, a partir do GP da Catalunha, mostrou suas cartas. No total, foram sete pódios ― cinco segundos lugares e dois terceiros ―, mas as corridas de maior destaque foram San Marino e Tailândia, quando foi derrotado por Márquez bem no finzinho. Ao fim das 19 etapas, Fabio ficou com o quinto posto na classificação, com 192 pontos.
 
A Suzuki seguiu a linha da evolução, mas não teve uma temporada das mais regulares. Liderada por Álex Rins, a fábrica de Hamamatsu conseguiu duas vitórias no ano ― a primeira no GP das Américas, aproveitando o único erro de Márquez e, depois, no GP da Grã-Bretanha, quando o #42 bateu Marc na curva final de Silverstone. Depois, porém, Álex passou completamente em branco até fechar o campeonato em quarto, seis pontos atrás de Viñales.
 
Estreante, Joan Mir fez uma temporada discreta e completou 2019 com um quinto lugar no GP da Austrália como melhor resultado. O #36 ficou em 12º no Mundial de Pilotos.
 
Do lado da KTM, o ano foi de altos e baixos. Agora com Dani Pedrosa como piloto de testes ― o que os importantes do time consideram como um ativo importante na evolução da RC16 ―, a marca austríaca teve seu melhor desempenho no GP da França, quando recebeu a bandeirada em sexto, 5s935 atrás de Márquez.
 
O ano, porém, ficou marcado por outra coisa: a saída de Johann Zarco. Contratado com um vínculo de dois anos, o francês não encaixou com o protótipo laranja e pediu para ser liberado na metade vínculo. Inicialmente, a KTM ia manter o piloto de Cannes até o fim de 2019, mas optou por substituí-lo por Mika Kallio a partir de Aragão. Até San Marino, o #5 tinha somado 27 pontos, contra os 77 de Pol.
 
A Aprilia, por sua vez, não fez nada de grandioso em 2019. Agora comandada por Massimo Rivola, que veio da Fórmula 1, o time de Aleix Espargaró e Andrea Iannone sofreu muitas quebras e, apesar de ter somado mais pontos do que em 2018, sai da temporada ciente de que precisa de uma revolução no projeto da RS-GP se quiser alçar voos mais altos na MotoGP.
 
Com a concorrência longe da melhor forma, o caminho de Marc ao título já ficaria simplificado, mas a palpável perfeição do #93 foi ainda mais gritante. 
 
A Honda entrou na temporada 2019 rotulada como ‘time dos sonhos’, já que Jorge Lorenzo tinha fechado por dois anos. A performance do #99, todavia, logo transformou a situação, que passou a ser um ‘samba de um homem só’. Sem se entender com a RC213V, o espanhol de Palma de Maiorca esteve muito longe de ser o mesmo que conquistou três títulos na elite do motociclismo.
 
Embora as dificuldades de Jorge tenham sido mais gritantes, as performances de Cal Crutchlow e Takaaki Nakagami também servem de evidência do grau de dificuldade da RCV: Márquez é o único que consegue resultados positivos em série com a moto da Honda. A passagem pelo time comandado por Alberto Puig, aliás, definiu o fim da carreira de Jorge.
Marc Márquez (Foto: Honda)
Com exceção de um inesperado tombo no GP das Américas ― o único abandono de 2019 ―, Marc esteve sempre no top-2: foram 12 vitórias e seis segundos lugares. Assim, Márquez foi o primeiro piloto da história a somas mais de quatro centenas de pontos, chegando a impressionantes 420 tentos, 151 a mais que Dovizioso, o segundo colocado.
 
Com um desempenho como este, não surpreende que Márquez, que registrou seu menor número de quedas em quatro anos, tenha dado à Honda o título do Mundial de Construtores ― que leva em conta apenas o melhor resultado de cada fabricante. No entanto, espanta a conquista da tríplice coroa de 2019. 
 
Márquez foi responsável por 91,7% dos pontos da Honda no Mundial de Equipes, enquanto Lorenzo contribuiu com pouco mais de 6%. Mesmo carregando a marca da asa dourada nas costas, Márquez conseguiu virar o jogo para cima da Ducati em Valência por 13 pontos para garantir a conquista das três taças.
 
Perfeitamente encaixado com a moto da Honda, Márquez segue a tradição: apresenta uma versão mais letal a cada ano. O que virá em 2020? A presença do irmão, Alex, nos boxes vai afetar a performance do #93? Veremos…
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