“Vitória muito importante”: Granado se emociona com conquista de Moreira na Moto3
Já veterano de Mundial de Motovelocidade, Eric Granado elogiou a atuação de Diogo Moreira no GP da Indonésia do último domingo (15) e considerou que o feito inédito do jovem de 19 anos é muito significativo para o motociclismo brasileiro
Eric Granado elogiou a atuação que deu a Diogo Moreira a primeira vitória da carreira no Mundial de Motovelocidade. Colega de paddock, o titular da LCR na MotoE avaliou que o piloto de 19 anos foi “muito inteligente” em Mandalika e soube “estar no lugar certo, na hora certa”.
A vitória de Moreira no GP da Indonésia de Moto3 do último domingo foi um feito inédito no Brasil. Afinal, foi a primeira de um piloto brasileiro na categoria, botando fim a um jejum de 18 anos de vitórias brasileiras no Mundial de Motovelocidade — levando em conta apenas as classes à combustão.
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Durante muito tempo, Granado foi representante solitário do Brasil em campeonatos mundiais no asfalto. Hoje, porém, essa realidade começa a mudar. Além de Moreira, que integra o Mundial de Motovelocidade, outros cinco brasileiros competem nas classes de acesso ao Mundial de Superbike: Enzo Valentim e Humberto Maier, no Mundial de Supersport 300; e Kevin Fontainha, Gustavo Manso e Eduardo Burr, na R3 Cup Europeia.
Conhecedor das dificuldades de competir em um esporte ainda de pouca tradição no Brasil, Granado, que fez em 2023 a quinta temporada na MotoE, celebra a chance de ver Diogo crescendo no campeonato.
“Sim, fui muito tempo o representante solitário no Mundial, principalmente no campeonato mundial — tiveram outros pilotos que participaram de campeonatos internacionais —, mas acho que é muito especial estar acompanhado o Diogo agora”, disse Granado em entrevista exclusiva ao GRANDE PRÊMIO. “Ele entrou no ano passado na Moto3, e acho que quanto mais pilotos a gente tiver no campeonato e representando o Brasil mundo a fora, mais importante é, porque a gente vai ter mais visibilidade, mais apoio, mais empresas tendo interesse, a maior possibilidade de ter uma etapa do Mundial no Brasil. Então acho que, quanto mais pilotos a gente tiver, vai ser mais legal para o nosso esporte no Brasil, que é um esporte que precisa de mais incentivo, mais apoio, assim como tem aqui na Europa. Tem vários pilotos espanhóis, vários pilotos italianos, então fico muito feliz de ver o Diogo crescendo cada vez mais. É muito legal ver que ele está aqui também”, destacou.
Apaixonado pelo esporte, Granado foi mais um entre aqueles que estavam colados na TV para assistir ao GP da Indonésia de Moto3, que tinha Moreira largando na pole. E o piloto de 27 anos reconhece que assistir ao triunfo do conterrâneo foi um momento de muita emoção.
“Eu assisti a corrida, assisto todas as provas. Eu, antes de ser piloto, sou um apaixonado pelo motociclismo, pelas duas rodas, e sempre quero acompanhar. Não perco uma corrida, de qualquer categoria, seja da Moto3, Moto2, MotoGP, Superbike, assisto provas de outros campeonatos, então eu estava lá ligado”, contou Eric ao GP. “Falei com o Diogo no sábado, depois do classificatório, e acompanhar a prova foi muito legal. Ele foi muito inteligente, soube manter a calma, estar no lugar certo, na hora certa, então está muito de parabéns”, elogiou.
Mesmo acostumado com as pistas, Granado reconheceu que fica nervoso vendo Diogo e lembrou que a caminhada no esporte é diferente para alguém nascido no Brasil.
“A sensação de vê-lo vencer foi muito especial. Eu não sei por que, mas sempre que tem a corrida do Diogo, eu fico nervoso como se fosse um parente meu ou um amigo muito próximo. Eu tenho uma ótima relação com ele, mas tenho aquela sensação de nervoso. É diferente ver quando ele está participando do que quando eu vejo uma corrida da Moto2 ou da MotoGP. Fico tenso, fico nervoso e fiquei muito feliz”, relatou. “Fiquei emocionado quando ouvi o hino, a hora que ele também chorou escutando o hino. Eu lembrei muito da minha primeira vitória, em 2019, na MotoE, e é algo muito especial para nós, que viemos do Brasil, com toda a dificuldade, com todo o esforço de sair do nosso país e vir para a Europa, tudo que a gente passa. Com certeza, é muito mais difícil do que para os pilotos europeus, então dou muito valor para o esforço dele”, salientou.
Questionado pelo GRANDE PRÊMIO sobre o que a vitória de Moreira representa para o esporte no Brasil, Eric respondeu: “Isso significa muito para o motociclismo brasileiro. É uma vitória muito importante. Nunca, nenhum piloto [brasileiro] na história, venceu na categoria Moto3. E o Diogo vem fazendo uma ótima temporada, evoluindo bastante. Acredito que ele tem um futuro muito promissor”.
“Ele é um cara muito dedicado, sempre se empenhou ao máximo para isso, desde pequeno já foi morar na Espanha. E eu sempre acompanhei, desde que ele corria no Brasil, de motocross, então eu conheço o Diogo há muito tempo. Depois ele foi correr no campeonato brasileiro, em uma categoria de motos derivadas de série, aí depois foi para a Europa e vem fazendo uma trajetória internacional”, recordou. “Ele está de parabéns. Foi subindo de categorias, acho que ele foi o brasileiro que fez os passos mais padrão na trajetória dele, que é curta ainda, ele é muito novo, mas ele fez as categorias corretas, foi subindo aos poucos, estando com equipes que eram competitivas nas categorias de base, que ajudaram ele bastante a crescer — e isso é muito importante — e hoje ele é o cara que é. E só tende a crescer”, opinou.
“Fico feliz por ele. Torço muito por ele. Falei com ele depois da corrida também, todo final de semana de prova, a gente conversa, às vezes mais, às vezes menos. Ele é um piloto que mora na Espanha há muito tempo, então têm muitas pessoas que estão aqui para ajudar e para apoiar ele, e acho que eu posso só torcer. Sempre que eu posso, faço algum comentário que acredito que pode ajudar. E é isso. Feliz demais. Espero que ele continue crescendo e evoluindo e que a gente possa, juntos, levar o Brasil cada vez mais alto”, encerrou.
A MotoGP volta a acelerar no GP da Austrália, em Phillip Island, no final de semana do dia 22 de outubro. O GRANDE PRÊMIO faz a cobertura completa do evento, assim como das outras classes do Mundial de Motovelocidade.
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