Barrichello se põe contra privatização, resgata história e desejo: que filhos vivenciem Interlagos

A presença de Rubens Barrichello na comitiva formada pela Confederação Brasileira de Automobilismo para conversar com o prefeito de São Paulo, Bruno Covas, sobre a privatização do autódromo de Interlagos, tem muito da parte sentimental. Segundo o próprio Barrichello, ele foi o responsável por passar a importância da pista em termos de emoção e, para isso, lembrou da infância, de história e pensou até no futuro dos filhos

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A Confederação Brasileira de Automobilismo se reuniu com o prefeito de São Paulo, Bruno Covas, no começo do último mês de junho, para discutir a possível privatização de Interlagos – no caso, apresentar ideias contra o objetivo da prefeitura, que é vender o autódromo.

A comitiva, formada por Waldner Bernardo (presidente da CBA), Luciano Burti (ex-F1 e, hoje, comentarista da TV Globo), Felipe Giaffone (atual piloto da Copa Truck) e Rubens Barrichello (ex-F1 e piloto da Stock Car) saiu animada do encontro, entendendo que as conversas seguirão e focando no objetivo de manter o traçado do autódromo, além do kartódromo, e sugerindo uma concessão como solução.

Além das conversas sobre detalhes financeiros, um fator essencial da comitiva foi ter Barrichello presente, para que o piloto pudesse passar o lado sentimental aos políticos presentes, para tentar evitar a privatização que foi chamada, em novembro de 2017, de irreverssível pelo então prefeito João Doria, hoje afastado do cargo para concorrer nas eleições de 2018.

A ideia da privatização, aliás, é de Doria. Ele apresentou este objetivo como um dos motes de sua campanha para a prefeitura e, desde o início de sua gestão, manteve o discurso, até sair do cargo em abril. 

O Projeto de Lei 01-00705/2017 aponta o processo de privatização de todo o complexo esportivo de Interlagos e foi votado, em primeira instância, na Câmara dos Vereadores de São Paulo, sendo aprovado.

Comitiva da CBA na reunião com a prefeitura de São Paulo (Foto: Felipe Noronha/Grande Prêmio)

Com este conhecimento, Barrichello contou ao GRANDE PRÊMIO que foi à reunião para ser o responsável pela parte emocional da conversa – deixando a parte econômica para o presidente da CBA. Ele se colocou contra a privatização e mostrou que seu principal desejo é que não só a população possa viver algo que ele vivenciou na própria infância, que é Interlagos aberta ao público, como também que seus filhos possam andar na pista na qual conquistou tantas glórias.

"Em 1989 tive a alegria de participar da última corrida de Fórmula Ford no circuito inteiro. E depois ver todas as modificações que foram feitas. E hoje continua uma coisa linda, ainda se fala do ‘S do Senna’, antigamente falavam ‘a curva um e a dois, a três, a junção, aquela coisa maravilhosa’. A gente conseguiu modificar para que ele tivesse uma importância para todos os pilotos!", começou Barrichello, ao citar o atual traçado da pista, o qual defende manutenção.

Ele seguiu esta linha citando pilotos que vêm ao Brasil e se emocionam ao correr na "icônica" Interlagos: "Eu corri com o [Pastor] Maldonado, o cara falava que adorava. O [Nico] Hülkenberg, [Jenson] Button, os caras adoravam vir correr no Brasil. A gente tem o laranjinha, a junção, a curva do lago, que são coisas de extrema importância. Então achei muito importante minha presença pelo que a gente falou desde o começo: não estamos em nenhuma batalha, estamos construindo uma situação que mostre que a gente quer muito, e queríamos saber se o outro lado queria também. Já que o outro lado quer…"

Rubens Barrichello (Foto: Hyset)

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Em seguida, Barrichello lembrou de como, durante sua infância, o autódromo ficava, durante um dia da semana ,aberto ao público, que podia, por exemplo, andar de bicicleta – como ele mesmo fazia.

"Quando eu era moleque pegava minha bicicleta na saída da escola e ia passear no autódromo. Era aberto toda quinta-feira para passeio. São exemplos que podem ser revividos e a gente está pleiteando", contou.

Outro ponto importante cuja manutenção é pleiteada é o kartódromo, palco do nascimento para o esporte de diversas estrelas do automobilismo brasileiro.  E Barrichello deixou claro que essa parte é, de fato, uma a qual usou na reunião para que o prefeito entendesse os motivos que fazem a comitiva defender a continuidade do espaço.

"Foi entendido, através do nosso questionamento, que o autódromo só nasceu através do kartódromo. O kartódromo é que guarda as primeiras grandes histórias e que depois foram levadas [para o autódromo]. A gente vê fotos de Emerson [Fittipaldi], de Nelsinho [Piquet], gente mais para trás que vem e vai levando para dentro do autódromo todo o conhecimento adquirido no kartódromo", afirmou.

"Acho que é isso que a gente quer. É o que eu quero para o meu filho. Meu filho, quando andou lá pela primeira vez, eu queria que ele tivesse essa satisfação, mesmo morando fora, dele poder apreciar o que ele vê num simulador, que acha sensacional, para que ele possa vivenciar isso também nesses moldes", completou.

Rubens Barrichello (Foto: Rodrigo Berton/Grande Prêmio)

Por fim, o piloto relembrou o fato de ter morado em Interlagos e como, até os dias atuais, divide histórias da época com, por exemplo, Max Wilson, também piloto da Stock Car, a quem conhece desde criança.

"Eu, como morador… Você vê, quando eu estou com o Max ali no pódio, a gente está falando de Interlagos, de Cidade Dutra, estamos falando de uma situação que foi muito vivida por mim no lado sentimental, por ser morador de Interlagos. A família Barrichello é ainda moradora de Interlagos. Meu instituto trabalha para a população carente de Interlagos. Então com certeza todo o lado sentimental foi trazido. Tanto é que eu falei para o prefeito pessoalmente que se ele tivesse tempo eu tinha história para contar por muito mais tempo."

"A gente quer construir uma situação que não abale tudo isso e que mantenha o essencial, que é o autódromo", finalizou Barrichello.

Não há, ainda, nova reunião marcada entre a prefeitgura e a CBA para discussão das possibilidade existentes para o futuro de Interlagos. Da mesma maneira, a segunda votação na Câmara ainda não tem data oficial.

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