Coluna Punta-taco, por Francis Trennepohl: Quanto vale uma vitória?

Mesmo recorrendo ao dicionário, é impossível encontrar palavras que consigam dar uma dimensão do que é essa sensação. O coração quer sair pela boca, dá calafrios, os pelos ficam arrepiados, a gente grita, soca o ar e o carro, chora e parece que é levado pra outra dimensão

Hoje peço licença aos leitores para falar um pouco sobre o que aconteceu comigo. Quero compartilhar com vocês essa alegria sublime. As respostas para pergunta acima podem ser as mais diversas, e também há milhares de perguntas para serem feitas antes da resposta, como ‘qual vitória?’, ‘de quem?’, ‘onde?’, etc.

Pois bem, vou falar da minha vitória: desde que me entendo por gente meu coração palpita a cada ronco de motor, seja ele de um Fusca, de um Opala ou de um Porsche. A vida inteira fui ‘rato de oficina’ e meu grande sonho sempre foi um dia correr, mas tinha que ser em pista de terra.

Foram anos e anos de devaneios, milhares de horas de alambrado e dezenas de milhares de horas sonhando com isso, acordado ou dormindo, mas sempre imaginando que chegaria o dia de sentar num carro de corrida.
Colunista do GRANDE PRÊMIO, Francis Trennepohl comemora vitória (Foto: Autódromo Alceu Feldmann)

O sonho começou a ser realizado e no dia 26 de maio de 1997 fiz minha primeira corrida na terra, com um Gol, mas com muitas dificuldades (especialmente financeiras) as coisas foram ficando pelo caminho e por muitos anos não teve prosseguimento a realização deste sonho.

Após muitas coisas acontecerem e o tempo passar, eis que por um capricho do destino no mesmo dia 26 de maio, só que em 2013, larguei em 1º na minha categoria (TCC – Turismo Clássico Catarinense ‘A’) e venci de ponta a ponta as duas baterias, com direito a melhor volta da prova na 2ª bateria, e justamente com a réplica do Passat ‘Juvena’, que tantas vitórias acumulou em Santa Catarina na terra e no Brasileiro de Marcas e Pilotos.

A emoção que senti, a alegria em realizar um sonho que mais parecia uma utopia não há como descrever. Se pudesse, queria ter comigo ali dentro do carro todas as pessoas das quais eu gosto e tenho gratidão pela ajuda que me deram ao longo desses anos todos lutando por um bom resultado.

Mesmo recorrendo ao dicionário, é impossível encontrar palavras que consigam dar uma dimensão do que é essa sensação. O coração quer sair pela boca, dá calafrios, os pelos ficam arrepiados, a gente grita, soca o ar e o carro, chora e parece que é levado pra outra dimensão.

Talvez alguns até me chamem de louco ou exagerado, mas é uma emoção parecida com o nascimento de um filho. A gente fica bobo, ‘fora da casinha’, mesmo.
Colunista do GRANDE PRÊMIO, Francis Trennepohl viveu dia histórico em 26 de maio (Foto: Elke Zalasik/Autódromo Alceu Feldmann)

E quando pensei que já tinha sentido o máximo das emoções, fiquei sabendo da vitória do Tony Kanaan em Indianápolis, um cara batalhador ao extremo, que ‘comeu o pão que o diabo amassou’ para chegar onde está (e merecia estar em lugar melhor), e nessa hora o coração ‘passou de giro’ novamente.

Certamente muitos pilotos que disputam campeonatos, especialmente os regionais, sabem exatamente o que eu senti, e o resumo disso tudo é: jamais desista! Lute e corra atrás dos seus sonhos. A hora deles muitas vezes é diferente da nossa, mas ela chega, e o sabor é especial.

Agradeço minha família, minha equipe, meus amigos e meus companheiros de pista. Essa vitória é pra vocês!
 
26 de maio de 2013, um dia inesquecível na minha vida!

Francis Henrique Trennepohl é publicitário, jornalista, comentarista, colunista, piloto e fundador da TCC (Turismo Clássico Catarinense) e um dos maiores apaixonados por automobilismo que já pisou na face da terra, além de ser o titular do blog Poeira na Veia (www.poeiranaveia.blogspot.com).
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