Coluna Safety-car, por Felipe Giacomelli: As mulheres no automobilismo

Talvez esteja na hora de quebrar alguns dos paradigmas do automobilismo e pensar se está na hora de criar um campeonato apenas para elas

O Dia Internacional da Mulher é comemorado nesta sexta-feira, dia 8 de março. Como uma forma de homenageá-las, o assunto desta coluna é justamente a presença feminina no esporte a motor. Mas não falo especificamente das pilotas que fazem sucesso, como Danica Patrick e Bia Figueiredo. A questão dessa vez é se deveria haver um campeonato apenas para mulheres.

O automobilismo é um dos poucos esportes em que não há uma separação por sexo entre seus participantes. Como a presença feminina sempre foi incipiente nos primeiros anos da modalidade, nunca houve motivos para a criação de uma competição apenas para as pilotas. No entanto, essa realidade vem mudando ano após ano, com cada vez mais meninas tomando parte das corridas.

Mulheres no automobilismo tem se tornado algo cada vez mais frequente (Foto: Reprodução)

Por isso, talvez esteja na hora de quebrar alguns dos paradigmas do automobilismo e pensar se está na hora de criar um campeonato apenas para elas. Só que para responder essa pergunta é preciso separa-la entre as demandas físicas e econômicas do esporte.

Em primeiro lugar, é importante ressaltar que não há nada nos estudos da educação física e da fisiologia do esporte que diga que as mulheres não têm condições de competir nas corridas de carro contra os homens. Quem defende a tese de que o gênero masculino está mais apto a pilotar se baseia apenas em uma cultura presente em uma sociedade machista.

De qualquer forma, é mais do que natural questionar, se não há diferença entre os sexos, por que não há mulheres campeãs da F1 ou de outras categorias. A resposta é apenas a qualidade dos pilotos. Todos os anos, milhares de meninos começam no kartismo em todos os lugares do mundo. Ao mesmo tempo, quantas são as meninas no esporte? Talvez não cheguem a 100. Ou seja, é apenas questão de tempo e oportunidade para surgir alguma garota muito talentosa.

Voltando à pergunta inicial, a outra face dos campeonatos femininos é o dinheiro. Será que é rentável criar um campeonato apenas para mulheres? Será que ele vai ter audiência? Seria disputado por carros de turismo ou de fórmula? Seria uma categoria de base ou uma concorrente da F1? Essas são questões que precisam ser respondidas antes de formular um novo campeonato.

E o questionamento mais importante talvez seja saber quem está disposto a investir para atrair pilotas profissionais para que o campeonato fique conhecido pela qualidade das disputas na pista e não apenas pela figura feminina presente. Afinal, não adianta montar um campeonato se for para competir panicats contra ex-BBBs.

Esse duelo pode parecer divertido em um primeiro momento, mas acaba se tornando algo ridículo. A mesma coisa acontece com aquele campeonato de futebol americano em que as atletas jogam apenas de lingerie. Ninguém acompanha aquilo pelo esporte em si.  E não é assim que se deve explorar a presença feminina no automobilismo.

Portanto, seria bom ter um campeonato apenas para mulheres, similar à antiga A1GP ou F-Superliga, desde que significasse o aumento do interesse feminino no esporte a motor. Seria até uma forma de filtrar que atletas teriam mais chances de participar de forma competitiva de categorias como a F1, Indy, entre outras.

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