Na Garagem: lenda do pré-guerra, Rosemeyer morre em busca de recorde

Lenda das pistas no período que antecedeu a Segunda Guerra Mundial e celebridade na Alemanha nazista, Bernd Rosemeyer morreu em um 28 de janeiro durante uma tentativa de quebra de recorde de velocidade.

 

Defendendo as cores da Auto Union, Rosemeyer foi um dos grandes pilotos da primeira metade do século XX. Seu currículo incluía dez vitórias em GPs — as provas que mais tarde deram origem ao Mundial de F1. O sucesso fez dele um dos pupilos do Partido Nazista, e assim o patrocínio para as corridas estava garantido.

Além disso, ele era casado com Elly Beinhorn, uma aviadora muito conhecida por suas viagens ao redor do mundo. Eles se conheceram em 1935, no GP da Tchecoslováquia, para o qual Elly foi convidada pela Auto Union. A máquina de propaganda nazista logo fez deles o ‘casal-modelo’ e mais conhecido do país — o Angelina Jolie e Brad Pitt da época, Luciano Huck e Angélica para dar um exemplo tupiniquim (obviamente, deixando de lado as questões políticas).

 

Mas a promissora carreira teve um fim precoce: Rosemeyer, que tinha apenas 28 anos em janeiro de 1938, foi com a Auto Union para um trecho da Autobahn que levava de Frankfurt a Darmstadt. O objetivo era bater a Mercedes e Rudolf Caracciola pelo recorde de velocidade em uma via pública — não em espaços preparados para tais aventuras.

 

Os relatos dão conta de que, em uma primeira tentativa, Rosemeyer alcançou 444 km/h, mas ele quis aumentar a própria marca. O problema era que o vento estava se intensificando. Após duas voltas ‘exploratórias’, Rosemeyer partiu para o recorde. No meio do caminho, perdeu o controle do carro devido a, acredita-se, uma rajada de vento. O piloto foi jogado para fora do carro e morreu na hora.

 

A notícia ecoou por toda a Alemanha, e Elly, a esposa, recebeu as condolências dos principais políticos do país, incluindo Hitler e Rudolf Hess. No entanto, seu pedido por um funeral discreto não foi atendido, e diversos políticos discursaram no enterro de Bernd. Há ressalvas com relação ao real apoio do casal ao regime de Adolf Hitler. Rosemeyer era um oficial da SS, mas, dizem, alistou-se a contragosto.

 

Rosemeyer deixou para trás um filho de três meses, Bernd Jr., que se tornou médico e mora em Munique. Elly morreu aos 100 anos em 2007.