Coluna Power Stage, por Fernando Silva: A hora da verdade para Hirvonen
A diferença de Ogier para Hirvonen é cada vez maior e hoje está em 65 pontos. Talvez até caia um pouco no domingo, encerramento do Rali da Acrópole, mas a diferença deve continuar sendo enorme em favor do francês. Só mesmo com um grande azar por parte de Seb e um franco crescimento de Hirvonen somado a uma eventual ajuda de Dani Sordo é que o finlandês pode virar o jogo
Neste fim de semana, o Mundial de Rali chega à sua sexta de 13 etapas em 2013. A parada agora é na belíssima Grécia, palco do famoso Rali da Acrópole. Como se vê, a temporada ainda nem está em sua metade neste junho que se inicia amanhã, mas o mês representa uma espécie de tudo ou nada para a Citroën e, fundamentalmente, para Mikko Hirvonen em termos de luta pelo título.
Coincidência ou não, nesta sexta-feira (31), dia das duas primeiras especiais na Grécia, ambos tiveram problemas e praticamente encerraram qualquer chance de vitória. Os pontos, se vierem, serão parcos e só. O fato é ruim, péssimo para Hirvonen, porque o nórdico perde uma chance de ouro para reduzir sua desvantagem.
Antes da parada das férias de meio de ano, o WRC vai disputar, dentro de duas semanas, o Rali da Sardenha. A prova, predominantemente disputada em terra, é amplamente favorável à Volkswagen, que se adaptou bem melhor a esse tipo de piso — os resultados de Ogier são prova viva disso. Assim, as chances de Hirvonen, que já são diminutas, vão se reduzindo a pó em cada uma das especiais. Ainda há tempo para a reação de Mikko e da Citroën? Claro que sim, o esporte é imprevisível. Todavia, tal situação é cada vez mais improvável.
Como se sabe, a Citroën aposta todas as suas fichas em Mikko, que ocupa o posto de número 1 da multicampeã mundial quando Sébastien Loeb não está na pista. Com participações apenas esporádicas, obviamente que o mítico piloto francês não pode brigar pelo título. Não chega a impressionar, entretanto, seus 68 pontos em três etapas — atual vice-líder do campeonato —, 11 a mais que o próprio Hirvonen, que disputou todas as seis provas até o momento.
Sem Loeb, certamente qualquer equipe do mundo ficaria mais fraca. No caso da Citroën, entretanto, a situação é ainda mais séria, já que a montadora francesa perdeu sua grande referência. Mesmo reconhecendo a competência e solidez de Hirvonen, está cada vez mais claro que o finlandês não tem estofo para brigar pelo título, que só escapa de Sébastien Ogier caso aconteça alguma hecatombe no WRC.
É claro que o Mundial ainda é bastante longo. Afinal, depois do Rali da Acrópole, etapa praticamente perdida para Hirvonen e também para Ogier, vão faltar outras sete provas, mais da metade da temporada, portanto. Sem ter Loeb como seu grande adversário, o campeonato cada vez mais vai ganhando as caras de Ogier e da Volkswagen. Junho é a hora da verdade para Hirvonen reagir. É o vai ou racha, o tudo ou nada para o finlandês.
Outro fator que pesa contra Mikko está em sua própria equipe. Em teoria, a Citroën teria tudo para brigar de igual para igual com a Volkswagen. Afinal, conta em seu elenco com Hirvonen e Dani Sordo contra uma Volkswagen de Ogier e de um irregular — mas em franca evolução — Jari-Matti Latvala.
Fato é que Ogier tem sido avassalador e não vem deixando pedra sobre pedra. Para conter o avanço ainda maior do jovem Seb, Hirvonen precisa de uma equipe em torno de si e que lhe dê totais condições de vencer e se colocar à frente da Volkswagen. É aí que mora uma das grandes deficiências do time campeão do mundo.
Dani Sordo, contratado para ser o escudeiro de Hirvonen, vem sendo bastante ineficiente em sua temporada de retorno à Citroën. O espanhol apareceu bem em Monte Carlo e no Rali do México, mas somou parcos dois pontos se somados os ralis da Suécia, Portugal e Argentina. Muito pouco para quem almeja chegar a mais um título no WRC e pior ainda para Hirvonen, que tem de lutar sozinho contra Ogier e a cada vez mais forte Volkswagen.
A diferença de Ogier para Hirvonen é cada vez maior e hoje está em 65 pontos. Talvez até caia um pouco no domingo, encerramento do Rali da Acrópole, mas a diferença deve continuar sendo enorme em favor do francês. Cada vez mais, é uma vantagem mais difícil de ser tirada. Só mesmo com um grande azar por parte de Seb e um franco crescimento de Hirvonen somado a uma eventual ajuda de Dani Sordo é que o finlandês pode virar o jogo.
Só que uma virada de jogo, mesmo nesta altura do campeonato, é uma missão absolutamente inglória para Hirvonen, principalmente se for considerada a regularidade de um cada vez mais competente e maduro Ogier, que parece ter aprendido a lição de casa com o xará Loeb sobre como abrir vantagem e fazer bom uso dela para administrar até o fim. Mesmo com oito etapas ainda por cumprir, Seb Ogier parece ter cada vez mais o título no bolso.
Só mesmo uma sucessão de azares como o ocorrido nesta sexta-feira pode ser capaz de tirar a taça das mãos do ótimo piloto francês e da grande Volkswagen. Diria que, nas circunstâncias atuais, é muito mais fácil acertar na Mega Sena. Não tive dúvidas e fiz meu jogo hoje. Talvez eu tenha mais chances de ficar milionário amanhã do que Mikko Hirvonen tem de ser campeão mundial de rali em 2013.