Leilane Neubarth relembra odisseia no Dakar: "É a lei da selva em pleno deserto"
O grande êxito de pilotos e navegadores brasileiros nos dois primeiros anos de disputa do Rali Dakar nos UTVs (ou SXS), com os títulos de Leandro Torres e Lourival Roldan em 2017 e Reinaldo Varela e Gustavo Gugelmin no ano passado, atraiu ainda mais o interesse de vários competidores do país à maior prova de off-road do planeta. Tanto que nada menos nove participantes estiveram entre os inscritos na categoria na 41ª edição do Dakar, que se encerrou nesta quinta-feira (17) no Peru.
Lendário navegador, Roldan formou dupla com o português Miguel Jordão. Reinaldo Varela e Gugelmin voltaram para defender o título enquanto Bruno Varela — filho de Reinaldo — fez sua estreia no Dakar ao lado do experiente copiloto Maykel Justo, antigo parceiro de André Azevedo na disputa da prova nos caminhões. A X-Rally, equipe tricampeã do Rali dos Sertões, alinhou entre os UTVs pela primeira vez com Marcos Baumgart e Kleber Cincea, além de Cristian Baumgart e Beco Andreotti.
Ao todo, entre os trechos cronometrados e o percurso total, o Dakar 2019 compreendeu nada menos que 5.600 km pelo Peru. Com tantos desafios, como o extremo calor, a altitude, as enormes dunas ao longo do caminho e os quase inevitáveis problemas mecânicos, chegar ao fim da prova é uma dádiva. Entre os inscritos nos UTVs, sete brasileiros chegaram a Lima, completando a prova no top-10 da classificação geral.
Reinaldo Varela e Gustavo Gugelmin terminaram o Dakar 2019 no top-3 (Foto: Vinícius Branca/photosdakar.com.br)
A vitória ficou com a dupla chilena formada por Francisco ‘Chaleco’ López e Álvaro Quintanilla. Reinaldo Varela e Gugelmin lutaram pelo título até o antepenúltimo dia, quando tiveram de lidar com a quebra de uma peça da suspensão. Ainda assim, o conjunto do Can-Am #340 terminou em terceiro na classificação geral. Marcos Baumgart e Cincea ficaram em sexto lugar, logo à frente do luso Jordão, companheiro de equipe de Roldan. E Cristian Baumgart e Beco Andreotti finalizaram em nono. Bruno Varela e Justo abandonaram. Os dez primeiros colocados correram com o modelo Maverick X3 da marca Can-Am.
Logo após o término da prova, Reinaldo Varela destacou o fato de ter chegado ao fim do Dakar, mas já começa a pensar no ano que vem, traçando como meta o bicampeonato. “Estamos felizes por completar o Dakar entre os primeiros, mas agora vamos começar a nos preparar para 2020. Queremos buscar esse título novamente”, comentou o piloto campeão do ano passado.
Gugelmin, por sua vez, destacou o nível técnico cada vez maior na prova dos UTVs. “Foi uma prova extremamente desgastante, com muitas dunas, pedras e poeira, e nós superamos todos esses desafios. É incrível o que o Can-Am Maverick X3 aguenta nas dunas, a forma como o veículo sobe, o que faz nas situações mais adversas. É impressionante como o equipamento nos ajuda nas provas”, salientou.
Marcos Baumgart, Kleber Cincea, Cristian Baumgart e Beco Andreotti foram destaque nos UTVs (Foto: Victor Eleutério/José Mário Dias/photosdakar.com)
Marcos Baumgart e Cincea, que já disputaram o Dakar de 2013 nos carros, tiveram a experiência de competir com os UTVs no maior rali do mundo. Um grande desafio que foi vencido. “Para ser sincero, eu não imaginava que iríamos terminar. O Dakar é muito difícil com equipamento, com o corpo e com o psicológico da gente. É demais chegar ao final, um sentimento incrível de realização. Dakar é Dakar, e só estando aqui para saber. Chegar é uma vitória, um sonho realizado, uma classificação excelente. Aprendemos muito e fizemos história”, disse Baumgart.
“Neste ano nós cumprimos o objetivo, que era terminar. Estarmos juntos, como equipe, nos tornou mais fortes e possibilitou que pudéssemos chegar ao final. Realização é pouco para definir o que sinto. É demais, demais”, complementou Cincea, responsável pela navegação do UTV #412.
Para Cristian Baumgart e Beco Andreotti, chegar ao fim do Dakar foi ainda mais especial: foi a estreia da dupla na principal competição de off-road do planeta.
“Muito legal poder completar o nosso primeiro Dakar, ainda mais entre os dez primeiros. Ficou um grande aprendizado, uma bagagem enorme. Muito bacana. A equipe toda foi sensacional. Foi inesquecível para todos nós, e a emoção de estar aqui no final é gigante, assim como a vontade de voltar. Antes eu tinha medo de andar nas dunas, porque elas são muito altas e imponentes, e agora deixou de ser um desafio para se tornar um prazer. Mais um sonho realizado”, salientou Cristian.
Por fim, Andreotti ressaltou as dificuldades com todo tipo de terreno e o crescimento obtido ao participar do seu primeiro Dakar.
“Foi um rali muito duro, mais difícil do que imaginávamos, em um terreno com o qual não éramos tão familiarizados. Muita areia, muita duna. Foi um grande aprendizado, e poder concluir o Dakar na nossa primeira participação é uma grande conquista da equipe. Estamos muito felizes com isso e agora só queremos comemorar, porque tivemos um ano de planejamento muito intenso e, felizmente, conseguimos colocar tudo em prática”, complementou.
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