Primeiro amputado a correr no Sertões, Teixeira chega em 14º e diz que resultado “poderia ser melhor”

Exemplo de superação, Cristiano Teixeira, natural de Andradas, completou todas as dez especiais do Rali dos Sertões, terminando a classificação geral das motos na 14ª colocação

A expressão ‘fazer história’ é a definição perfeita para o que fez Cristiano Teixeira na 20ª edição do Rali dos Sertões. Exemplo de superação e vontade de vencer, o piloto, de 40 anos e natural de Andradas, Minas Gerais, entrou para a história da prova ao ser o primeiro competidor amputado a encarar o desafio de cruzar os sertões do Brasil. E Cristiano fez mais. Com o auxílio de uma prótese para suprir a falta de parte da sua perna esquerda, Teixeira, completou os 4.840 km entre São Luís e Fortaleza em 14º na classificação geral das motos.

Cristiano terminou o Rali dos Sertões à frente de grandes referências do cross-country brasileiro no motociclismo, como Juca Bala, Ike Klaumann e Ramon Sacilotti, que tiveram problemas durante a prova. No entanto, o mineiro, que divide seu tempo entre as trilhas e as plantações de café em Andradas, disse que poderia ter feito ainda mais.

“Foi legal! Foi aquilo que eu imaginava mesmo. Foi duro, mas gratificante. Foi um resultado consistente. Até porque a elite do rali e do enduro está aqui”, vibrou Teixeira em entrevista exclusiva ao Grande Prêmio antes de receber a medalha da vitória por ter completado o Sertões em Fortaleza, na última terça-feira (29).

Teixeira completou todo percurso do Rali dos Sertões (Foto: Theo Ribeiro/Fotoarena)

“Estar entre os 14 melhores é gratificante, é uma honra, mas dava para ser melhor (risos). Cometi alguns erros de navegação que não imaginei que pudesse cometer, mas isso vai servir de experiência para as próximas vezes que eu vier”, considerou Teixeira, que considerou justamente a navegação e o trato com as planilhas a sua grande dificuldade neste seu primeiro Sertões.

“O que achei mais difícil foi a parte da navegação e, por incrível que pareça, vindo do enduro de regularidade, achei que o que teria menos dificuldade era com a navegação. Mas o timing da navegação do enduro de regularidade para o rali é muito diferente”, avaliou o mineiro.

Encarar quase 5 mil km por trechos de areia, asfalto, piçarra e cascalho foi um desafio para todos os pilotos. Muitos ficaram pelo caminho. Teixeira esteve entre os 36 que chegaram ao fim do Rali dos Sertões. O físico suportou bem a pressão de dez dias em alta velocidade e com o sol forte do sertão nordestino.

Cristiano Teixeira brincou e diz que esperava ir melhor (Foto: David Santos Jr./Fotoarena)

“Tive quatro etapas é para pegar o ritmo. O preparo físico foi bom. Eu já vinha me preparando há tempos, então suportei bem os dias cansativos, não me prejudicou em nada a pilotagem”, comentou. “O difícil foi mesmo a navegação, me perdi em alguns dias, e tomei três [punições] por excesso de velocidade nos radares, foi o que prejudicou um pouco o resultado. Mas o mais importante é que cheguei, não perdi nenhum dia, e no fim das contas acabou sendo um bom resultado”, afirmou um satisfeito Cristiano.

Por fim, Teixeira celebrou os grandes resultados dos conterrâneos Felipe Zanol, nascido em Belo Horizonte, e Dário Júlio, de Lavras, campeão e vice do Rali dos Sertões, respectivamente. “Os mineiros estão dominando o cenário do rali nacional. É muito legal estar junto com eles”, sorriu o piloto de Andradas.

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