Dakar abre 2025 do esporte a motor com veteranos em alta e Moraes na briga
O Dakar mais uma vez abre a temporada do esporte a motor, correndo de 3 a 17 de janeiro pela Arábia Saudita. Em meio a centenas de competidores e desafios, os veteranos se destacam, mas o Brasil aparece com boas chances nas mãos de Lucas Moraes
O ano só começa quando o Dakar acelera. Em 2025, o início do mais importante off-road do mundo chega no dia 3 de janeiro — um pouco adiantado em relação à última edição. Contornando diferentes áreas na Arábia Saudita pelo sexto ano seguido, o rali parte para sua 47ª edição e abre a temporada do esporte a motor.
A edição atual do Dakar promete ser mais uma vez cheia de complicações para pilotos e navegadores, passando novamente pelo terreno cheio de dunas do país, o ‘Quarto Vazio’ de Rub al-Khali. E assim como no ano passado, a organização introduziu uma maratona cronometrada de 48h, com 965 km de disputas, quando os competidores não vão contar com ajuda de mecânicos durante dois dias — restando a eles a missão de arrumar o veículo e com parada obrigatória em horário determinado em um dos acampamentos na região.
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A primeira atividade será em 3 de janeiro, com o prólogo, que define a ordem de largada para o dia seguinte. Depois, serão duas atividades em sequência na cidade de Bisha. Primeiro, um trecho cronometrado comum, com especial de 412 km. Aí vem a temida maratona de 48h, saindo e voltando para o mesmo local.
Daí em diante, mais 10 especiais em 11 dias marcam o evento. De Bisha, os competidores vão para Al Henakiyah (especial de 496 km), Al Ula (415 km) e Ha’il (428 km) antes de um merecido descanso na sexta-feira (10).
Entre 11 e 17 de janeiro, o ritmo frenético do rali retorna. A perna final começa indo até Al Duwadimi (606 km) e permanece na cidade para uma segunda prova especial (481 km) antes das etapas decisivas em Riad (487 km), Haradh (357 km), Shubaytah (119 km). Esta última localidade ainda vai receber as duas atividades, de 280 km e 134 km, respectivamente, que encerram o Dakar em 17/01.
O evento servirá como primeira etapa do novo Campeonato Mundial de Rali Cross-Country (W2RC) chancelado pela Federação Internacional de Automobilismo (FIA). Assim, a maior diferença é que os competidores que forem incapazes, por algum problema técnico ou acidente, de chegar ao fim de uma especial poderão retornar à baila no dia seguinte e seguir na disputa. Historicamente, sempre que alguém abandona uma especial no Dakar está fora do restante da competição, mas a situação mudou. Aqueles que abandonarem estágios receberão fortes punições de tempo, o que tende a tirá-los de qualquer chance de ganhar o Dakar, mas ainda terão chances de vencer estágios individuais e marcar pontos no Mundial.
Ao todo, o Dakar 2025 conta com mais de 800 participantes divididos em 67 carros, 136 motos, 45 caminhões, 93 UTVs. Dessa vez, porém, o maior rali do mundo não vai contar com os quadriciclos, que já vinham comparecendo em menor número a cada ano. Entre pilotos e navegadores, o Brasil vai contar com apenas cinco nomes, menos da metade da delegação que levou no ano passado.
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MOTOS – Dakar 2025
O grid da moto no Dakar pode não ser o mais recheado de estrelas, mas sempre entregas as melhores disputas ao longo do rali. No ano passado, Ricky Brabec sobreviveu aos muitos incidentes e conquistou o bicampeonato da competição, recolocando a Honda no topo após dois anos de doloridas derrotas.
A montadora japonesa ainda conta com veteranos, como José Ignacio Cornejo, Pablo Quintanilla e Adrien Van Beveren, que geralmente aparecem nas primeiras posições durante o rali.
Em busca de retorno ao topo, a KTM sofre com uma grave crise financeira, que tem afetado a participação em diversas categorias de duas rodas. Mesmo assim, o argentino Kevin Benavides vai em busca do tricampeonato e segue como a grande esperança da fábrica austríaca.
Outras marcas, porém, também aparecem querendo roubar a cena. A Hero aposta em Ross Branch, atual vice-campeão do Dakar. A Kove vai com Mason Klein, que já venceu o Sertões aqui em terras brasileiras em 2023. Notáveis ausências serão Toby Price e Sam Sunderland, dois campeões do rali, que serão companheiros de equipe nos carros.
Por falar em brasileiros, nenhum piloto daqui vai competir nessa classe em 2024, deixando novamente um espaço na representatividade do grid.
CARROS – Dakar 2025
Entre os carros, o maior destaque mesmo fica por conta de Carlos Sainz, quatro vezes vencedor da prova e atual campeão. O espanhol, no entanto, vai encarar o desafio por uma nova equipe, já que deixou a Audi e embarcou no projeto da Ford, marca pela qual possui uma história antiga no esporte. A bordo do Raptor T1+ e com a companhia do navegador Lucas Cruz, o veterano de 62 anos sabe muito bem que não é o único campeão presente na edição de 2025.
Depois de sequer conseguir terminar o Dakar no ano passado, o pentacampeão Nasser Al-Attiyah — que levou as edições de 2011, 2015, 2019, 2022 e 2023 — se juntou à Dacia, que estreia na competição como fabricante. Além do catariano de 53 anos, Nani Roma é mais uma para ficar de olho. Depois de vencer em 2004 com a KTM, ainda entre as motos, o espanhol se mudou para a classe dos carros no ano seguinte e voltou a subir ao degrau mais alto do pódio em 2014, com a Mini. Este ano, o piloto de 52 anos vai vestir as cores da Ford.
Mas nem só de campeões se faz o Dakar. Embora nunca tenha vencido a lendária corrida, Sébastien Loeb venceu o Mundial de Rali (WRC) em nove oportunidades e se colocou como um dos maiores da história. Depois de ficar com a segunda posição em 2022 e 2023, o francês agora se une ao navegador Fabian Lurquin para tentar finalmente triunfar, e a Dacia é a parceira na empreitada. O sueco Mattias Ekström, campeão do DTM em 2004 e 2007, é mais um nome conhecido e vai competir pela Audi este ano.
Lucas Moraes, por sua vez, é o principal representante do Brasil. Depois de terminar em terceiro logo em sua primeira participação no Dakar, em 2023, e ter novamente uma boa performance na última edição, o tricampeão do Sertões renovou com a Toyota e vai competir ao lado do navegador espanhol Armand Monleón em 2025.
Além do piloto do carro #203, o Brasil também será representado na categoria dos carros por Marcelo Tiglia Gastaldi, que vai guiar um Century CR7 com navegação do francês — radicado no Brasil — Adrien Metge, e por Marcos Moraes e Maykel Justo, que formam a dupla #248 a bordo de um Toyota Hilux. O carro #319 da categoria Challenge também vai contar com um brasileiro, o navegador Cadu Sachs.
UTVs – Dakar 2025
O grid dos UTVs é mais curto do que os das demais categorias, mas isso não quer dizer que não há nomes de peso competindo em 2025. Depois de não ter obtido muito sucesso entre as motos na última década, Xavier de Soultrait se mudou para os utilitários em 2023 e venceu o primeiro Dakar no ano passado. O francês retorna na busca pelo bicampeonato com a equipe RZR Factory.
No entanto, o principal personagem é mesmo Francisco López Contardo. O chileno já venceu o Dakar em três oportunidades e, depois de uma ano de ausência, agora retorna para tentar repetir o feito com a Can-Am, com quem esteve em todas as oportunidades. Assim como foi em 2022, quando venceu pela última vez, o compatriota Juan Pablo Latrach será o navegador.
Entre aqueles que já chegaram muito perto da vitória no passado estão Gerrard Farrés e Jérôme de Sadeleer. Depois de ficar em segundo nas edições de 2019 e 2022, o espanhol deixou a Can-Am e se uniu à equipe Padregà na busca pelo conquista inédita, enquanto que o francês ficou com o vice na temporada anterior. A norte-americana Sara Pride terminou a sua corrida de estreia, em 2024, na quarta posição, e agora aparece ainda mais confiante em uma vitória.
Embora Leandro Torres e Reinaldo Varela já tenham levado a bandeira do Brasil ao lugar mais alto do pódio em 2017 e 2018, respectivamente, o país não terá nenhum representante na classe dos UTVs do Dakar este ano.
CAMINHÕES – Dakar 2025
A guerra na Ucrânia vai afetar o Dakar 2025, assim como aconteceu nos anos anteriores. A montadora russa Kamaz, maior vencedora da história na classe dos caminhões, vai novamente ficar fora da disputa.
A Kamaz é a grande dominadora da classe de caminhões no Dakar há muito tempo. Na realidade, são 19 vitórias. Apenas as duas primeiras, 1996 e 2000, antes da virada do século. Desde então, 17 vitórias em 23 edições — levando em conta que não participou em 2023 e que o rali não foi realizado em 2008.
Com isso, o favoritismo da classe se divide entre diversos nomes. Um deles é Martin Macík, atual campeão do rali. Outros nomes de destaque também correm com caminhões da marca Iveco, como Ales Loprais, Martin van den Brink, Ben De Groot, Teruhito Sugawara, Vaidotas Zala e Richard De Groot.
A verdade é que a classe mais lenta do Dakar não tem um caminho claro a ser seguido, mas a previsão é de que seja definida com certa folga, como tem sido comum nos últimos anos.
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