Hyundai lamenta derrota “por tão pouco” nos Construtores do WRC: “Irritante e frustrante”

Campeã do Mundial de Pilotos do WRC na temporada 2024 com Thierry Neuville e o navegador Martijn Wydaeghe, a Hyundai passou por um momento “do céu ao inferno” na última etapa do campeonato, no Japão. Um acidente de Ott Tänak — também piloto da equipe e que liderava — teve dois efeitos simultâneos e opostos: ao mesmo tempo que garantiu a taça ao belga, dificultou as chances da marca sul-coreana nos Construtores. No fim, a Toyota aproveitou e ficou com o primeiro lugar.

Em busca do primeiro título de Construtores desde 2020, a Hyundai entrou no Rali do Japão com 15 pontos de vantagem sobre a Toyota, que diminuiu a margem para 11 na abertura do último dia. No entanto, a batida de Tänak significou a perda dos tentos de sábado e domingo, e os dois times foram ao Power Stage empatados. Com um triunfo no fim, a marca japonesa levou a taça e deixou os sul-coreanos frustrados.

“É verdade, nos aproximamos muito. E quando você perde algo assim, por tão pouco, é sempre irritante e frustrante”, admitiu Cyril Abiteboul, chefe da Hyundai. “Mas sinto que devemos dar espaço a Thierry e Martijn por tudo que fizeram e o que alcançaram. Eles realmente mereceram”, elogiou.

Segundo Abiteboul, a Toyota ainda é a grande força do WRC, e o título de Construtores comprova isso. Para ele, a derrota também precisa servir como motivação para que a equipe consiga igualar o nível da rival a partir da próxima temporada.

“Assim como sinto que foi merecido para Thierry, sinto que foi merecido para a Toyota estar onde está, que é no topo. Ainda acredito que esse é o lugar deles, e vimos que quando ‘Seb’ [Ogier] forçou no último estágio, Thierry não conseguiu acompanhar”, analisou.

“Devemos levar isso como inspiração e uma demonstração de que ainda há mais um passo a dar para chegar ao nível deles, o que acho que podemos conseguir para o ano que vem”, analisou.

Grande apoiador da comunicação entre equipe e membros do carro, algo ausente no WRC, Abiteboul explicou que Tänak estava “obviamente” forçando demais antes da batida. No entanto, o chefe admitiu que o piloto pode não ter essa noção, e a impossibilidade de se comunicar faz com que a equipe não consiga transmitir o plano de ação corretamente.

“É difícil e doloroso para todos os membros da equipe, assim como foi para eles [Tänak e Jarveoja]. Serei honesto: ainda tenho dificuldades para medir até que ponto os pilotos sabem do risco que estão correndo nesses carros. Não é um circuito de corrida, em que volta após volta você precisa ser 0s1 mais rápido ou mais lento. Não é assim, eles recebem a luz verde e ficam sozinhos”, afirmou.

“Estamos em tempos de enorme conectividade e muitos dados, mas não há nada disso [disponível para os pilotos]. Era óbvio para mim que ele estava muito rápido [antes da batida], mas isso é óbvio para ele? Não sei. A mensagem era clara, precisávamos estar em terceiro e quinto lugares no domingo, não primeiro e segundo. Não havia necessidade de forçar daquele jeito maluco, mas a questão é: até que ponto eles sabem que estão forçando tanto?”, questionou.

Por fim, Abiteboul voltou a ressaltar a necessidade de um método de comunicação com os pilotos e considerou a possibilidade de que a Toyota esteja lidando com isso de forma melhor. Apesar da frustração, o chefe quer ver a equipe crescer em cima da decepção com a batida.

“Isso é algo que foi uma grande frustração no ano passado e algo que eu falhei em introduzir: algum tipo de comunicação com os pilotos antes ou depois de um estágio sobre o risco que precisa ser corrido. Acho que precisamos melhorar nisso”, analisou.

“Talvez a Toyota esteja indo melhor, não conheço os procedimentos deles. Quero acreditar que todos vamos aprender e evoluir com o acidente”, finalizou o chefe da Hyundai.

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