Ano de um campeão só, 2013 termina com bicampeonatos de Maurício na Stock Car e no BR de Marcas

Ricardo Maurício venceu os dois principais campeonatos de turismo do Brasil em 2013, a Stock Car e o Brasileiro de Marcas, reafirmando seu talento em meio a grids extremamente competitivos e pilotos de ponta

Não se pode esquecer que Ricardo Maurício enfrentou concorrentes à altura em 2013, mas o que vai ficar escrito nos livros de história é que ele foi o grande piloto deste ano, ao menos em termos de resultados. É o mínimo que pode acontecer com quem venceu os dois principais campeonatos de turismo do país na mesma temporada.

Maurício terminou o ano festejando o bicampeonato da Stock Car – 2008 e 2013 – e do Brasileiro de Marcas – 2012 e 2013. Tratam-se de dois campeonatos bem distintos, mas o paulista tem se mostrado ser um grande entendedor do que é necessário: chegar ao final de cada corrida. Se o carro não é bom o suficiente para vencer, tudo bem, marcar pontos já está ótimo.

Pensando dessa maneira, o #90 cruzou a linha de chegada em primeiro na Stock Car apenas uma vez, nas ruas de Salvador, em maio. De resto, foram 11 top-10 e nove top-5. O único zero foi em setembro, em Cascavel, fruto de um pneu estourado na última volta.

Maurício fez festa pelo bicampeonato em Interlagos (Foto: Rodrigo Berton/Grande Prêmio)

O campeonato começou e terminou com grandes corridas em Interlagos – Maurício foi ao pódio em ambas, mas isso não vem ao caso no momento, até porque ele não fez parte da incrível disputa que valeu a primeira vitória da temporada.

Átila Abreu se valeu de uma estratégia perfeita da AMG para disparar na liderança na etapa que marcou o retorno do reabastecimento à Stock Car. O #51, porém, acabou traído por uma falha no sistema de alimentação de combustível e perdeu ritmo, sendo alcançado por Cacá Bueno e Valdeno Brito. O trio disputou intensamente o primeiro lugar nas voltas finais até que Átila perdeu vários lugares. Sobrou para a dupla da Mattheis, e Cacá evitou os ataques do paraibano até a bandeirada. Eles ficaram separados por apenas 0s7.

Mais dois triunfos da Red Bull seguiram, mas não com Cacá. Daniel Serra curtiu uma turnê de sucesso pelo sul do país e venceu em Curitiba e Tarumã.

Com os novos pneus Pirelli, que substituíram os Goodyear, começava a ficar esboçado um domínio rubrotaurino semelhante ao da F1. Mas muita água passaria por debaixo da ponte.

Única vitória foi conquistada em Salvador (Foto: Duda Bairros/Vicar)

Na quarta etapa, em Salvador, Maurício encerrou um longo jejum de vitórias na Stock Car. O #90 não sabia o que era subir ao alto do pódio desde a Corrida do Milhão de 2010. Nesse intervalo, ele brigou por três títulos, sempre se valendo pela regularidade. A oportunidade na capital baiana não lhe escapou.

Esse foi o melhor fim de semana de Rubens Barrichello em 2013. Depois de largar em quarto, o ex-F1 terminou em segundo lugar, conquistando o primeiro pódio na categoria.

Semanas mais tarde, a Stock Car foi à Brasília, circuito que serviu de palco para o grande vexame do ano.

Ricardo Maurício e Tuka Rocha observam trabalho de reparo na zebra em Brasília (Foto: Luca Bassani)

Uma obra malfeita nas zebras do Autódromo Nelson Piquet fez com que os bueiros instalados na parte interna das zebras fossem se desmanchando à medida que os carros passavam. Como se fosse uma prova de endurance, o primeiro treino livre durou praticamente 6 horas. A programação teve de ser refeita e o paliativo foi concretar os bueiros e proibir os pilotos de passarem sobre as zebras da curva 1. Resultado: 14 punições foram divulgadas após o término do treino classificatório.

Para completar o salseiro, a CBA precisou desclassificar outros sete competidores por irregularidades no reabastecimento na corrida do dia seguinte. Em segundo plano ficou a vitória de Cacá.

Em Cascavel, na sexta etapa, a Stock Car viu a redenção de Marcos Gomes. Piloto da Carlos Alves, ele voltou de uma suspensão por doping no início do ano e, em uma equipe que mostrou bom crescimento, conseguiu reencontrar o caminho das vitórias. Meses depois, ele venceria também a segunda prova do ano no interior paranaense, que teve Barrichello marcando a pole-position e perdendo o pódio no finalzinho, culpa de um pneu estourou. Lá se foi a segunda posição.

A segunda etapa em Cascavel só aconteceu porque as obras do circuito de Goiânia não ficaram prontas a tempo para a corrida que estava marcada para novembro. Diante dos problemas enfrentados e Brasília, a Vicar adiou o retorno à capital federal em dois meses e preencheu a lacuna com o Autódromo Zilmar Beux.

E, a exemplo de Brasília, o público paranaense também viu uma punição polêmica. Em disputa com Átila, Max Wilson deixou pouco espaço e forçou o adversário para fora da pista. Na marra, ele não quis nem saber e passou pela grama. Mas a CBA não gostou e penalizou o carro #51 por desrespeitar os limites da pista. Até hoje, parece que só os comissários consideram o sorocabano culpado.

Entre as duas provas paranaenses, a Stock Car passou por um novo circuito de rua em Ribeirão Preto. Foi ali que Thiago Camilo ressurgiu na luta pelo campeonato de 2013.

Thiago Camilo venceu sua primeira em 2013 nas ruas de Ribeirão Preto (Foto: Fernanda Freixosa/Vicar)

Em um traçado diferente do utilizado nos anos anteriores, a categoria viveu um susto no primeiro dia de treinos: o piloto-convidado Helio Castroneves ficou sem freio a 180 km/h e sofreu um forte acidente. Envolvido na disputa pelo título da Indy, o ribeirão-pretano teve escoriações na perna e sentiu dores nas costas. Prudentemente, desistiu de correr.

Na pista, Átila parecia ter retomado a boa forma de outrora. Mais uma vez, contudo, falhas mecânicas atrapalharam sua vida. Com problemas nos freios, sucumbiu à pressão dos adversários e entregou a liderança para Camilo. O #21 foi embora e venceu pela primeira vez no ano.

No Velopark, em setembro, tudo deu certo para Serra. Cacá e Átila dividiram a primeira fila, mas um escorregão do pentacampeão na curva 1 tirou ambos da disputa pela vitória. Daniel se aproveitou do toque para assumir a ponta e zarpar na dianteira. Segundo, Maurício não conseguiu efetivamente ameaçar a Red Bull pela ponta.

Ali, Serra reassumiu a liderança do campeonato e deu mais indícios de que esse poderia ser seu grande ano na categoria.

Pódio no Velopark (Foto: Luciano Santos)

De volta a Curitiba, os quatro postulantes ao título foram todos superados por um Átila que, enfim, desencantou, graças a uma ousada estratégia de boxes. Camilo, Serra, Maurício e Cacá seguiram.

E lá foram todos para Brasília. Dessa vez, nada de grandes contratempos ou toneladas de punições. Na pista, Camilo virou o jogo mais uma vez. Graças, principalmente, a uma largada espetacular. Por fora, saltou de sexto para segundo. Nos boxes, ganhou a liderança do pole-position Sérgio Jimenez e partiu para a vitória. Maurício foi terceiro e, como Serra, mal, fechou só em 12º, Camilo foi para o topo da tabela de pontuação.

O campeonato, após 11 das 12 etapas, tinha: Camilo, 185; Serra, 181; Maurício, 178; e Cacá, que rodou na última volta com um pneu furado em Brasília, 160.

Cacá, Serra e Maurício lado a lado no S do Senna (Foto: Rodrigo Berton/Grande Prêmio)

Na Corrida do Milhão, esse quarteto largou na mesma ordem em que se encontrava no campeonato. O ingrediente extra na disputa era a batalha pelo prêmio milionário, que contou com Allam Khodair – mais um que viveu um ano repleto de problemas – e Ricardo Zonta – buscando a primeira vitória na categoria.

Foi, de longe, a melhor disputa do ano. Serra sucumbiu ainda na primeira parte da prova, com o acelerador travado. E, durante um bom tempo, Camilo é que estava com a mão na taça. Nas voltas finais, contudo, o câmbio o deixou na mão. Sem a terceira marcha, o piloto da RCM, que liderou a corrida por uma volta, caiu para sexto. Maurício, segundo, conseguiu o resultado que precisava e comemorou o segundo título da carreira na Stock Car, cinco anos após o primeiro.

Mas o cheque foi para Ricardo Zonta (Foto: Rodrigo Berton/Grande Prêmio)

Zonta engordou ainda mais a conta bancária com o triunfo, no mesmo palco onde, em 2009, foi desclassificado da primeira posição por não parar nos boxes para trocar o capô na estreia dos modelos JL-09. Naquela ocasião, a vitória passou para as mãos de Paulo Salustiano. Esse evento também contou com a presença de um piloto-convidado: Bruno Senna. O representante da Aston Martin no Mundial de Endurance foi mais discreto que Castroneves – felizmente – e terminou em 15º.

BRASILEIRO DE MARCAS

Correndo com a Honda, Maurício foi campeão do Brasileiro de Marcas sem vencer nenhuma corrida em 2012. Neste ano, só a regularidade não bastou, e o piloto teve de ganhar quatro provas, incluindo a decisiva, no Autódromo Internacional de Curitiba.

Na verdade, Maurício venceu a primeira e a última provas do ano. De cara, ele mostrou que queria subir mais vezes ao alto do pódio. Conseguiu em Interlagos, na primeira rodada dupla de Curitiba e em Tarumã, antes da decisão.

O principal adversário foi Denis Navarro, da Toyota, que venceu duas vezes e terminou com 232 pontos, 29 a menos.

Maurício recebe a bandeirada na primeira corrida em Curitiba (Foto: Bruno Terena/Vicar)

F-TRUCK

Os dois campeonatos da F-Truck tiveram um mesmo campeão: Beto Monteiro. O piloto da Iveco venceu tanto o Sul-Americano quanto o Brasileiro da categoria.

No Sul-Americano, a taça foi celebrada em Córdoba, na Argentina, após um empate em pontos com Leandro Totti. Ambos marcaram 72 pontos, mas o pernambucano levou a melhor por ter vencido duas vezes, contra nenhuma do rival.

No Brasileiro, a final aconteceu no circuito de Brasília, e Monteiro teve problemas na classificação, sendo forçado a largar do fim do grid. Para piorar a situação, ainda cometeu um erro e foi punido ao passar pelo radar acima de 160 km/h.

Só que os adversários não resistiram ao forte calor do Planalto Central: Régis Boessio, Felipe Giaffone e Totti – de novo ele – tiveram problemas e não conseguiram evitar o bicampeonato de Monteiro, que já havia sido campeão da F-Truck em 2004.

Beto Monteiro foi campeão Sul-Americano e Brasileiro da F-Truck (Foto: Orlei Silva)

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