Barrichello faz ‘arroz com feijão’ em Curitiba e volta a ser campeão após 23 anos. Serra vence corrida

Sem nada a perder e fora da briga do título, Daniel Serra conquistou neste domingo (30) a vitória na corrida final e decisiva da Stock Car em Curitiba. Átila Abreu bem que tentou, mas acabou em segundo, logo à frente de Rubens Barrichello, que, com o pódio, ficou com a taça de 2014

Ainda na volta de apresentação, enquanto liderava o pelotão para a largada, Rubens Barrichello disse no rádio que ele e a equipe precisavam fazer o “arroz com feijão” na prova decisiva deste domingo (30) em Curitiba. Dito e feito. É bem verdade que Barrichello levou um pequeno susto no início, com uma escapada de pista, quando ainda estava na ponta, mas isso não o tirou da zona confortável para garantir a taça. E com o terceiro lugar, o ex-piloto da F1 e da Indy se sagrou campeão da Stock Car. É o primeiro título do paulista desde a conquista da F3 Inglesa em 1991.

Fora da briga pelo campeonato, Daniel Serra venceu com tranquilidade a corrida curitibana. Átila Abreu bem que tentou tirar o título de Rubens, mas acabou mesmo em segundo. Cacá Bueno foi o quarto, enquanto Allam Khodair completou o top-5

Rubens Barrichello comemora título da Stock Car (Foto: Carsten Horst/Hyset)

Confira como foi a corrida da Stock Car em Curitiba

A decisiva corrida da Stock Car em Curitiba na manhã deste domingo (30) começou intensa. Rubens Barrichello manteve a pole, sendo seguido por Daniel Serra e Átila Abreu, que ganhou a posição de Cacá Bueno. Como sempre acontece, a curva 1 fez muitas vítimas. O apertado esse do fim da reta viu muita gente escapar e rodar, entre eles Sérgio Jimenez. Na sequência, Raphael Matos, que vinha no pelotão intermediário, acabou acertado e perdeu o capô. Julio Campos também recebeu um toque e caiu para o fundo do grid. Mas a confusão não parou por aí.

Na frente, ainda na volta inicial, Thiago Camilo rodou por conta do óleo no asfalto na parte final do circuito e ficou parado em posição perigosa. O piloto da RCM chegou a receber mais um toque antes de conseguir retornar à pista. Devagarinho e com a traseira do carro bastante avariada, Camilo, que lutava pelo título, viu suas chances acabarem ali mesmo nos boxes. Marcos Gomes também escapou no mesmo ponto, manobra que foi repetida pelo líder Rubens Barrichello mais tarde.

Thiago Camilo roda no óleo e é acertado durante a corrida em Curitiba (Foto: Reprodução)

Por conta de todos esses incidentes, a direção de prova colocou o safety-car à frente do pelotão. A corrida foi reiniciada duas voltas depois. Na abertura da quinta volta, a pista foi liberada, e Daniel Serra passou a liderar, com Abreu em segundo, à frente de Khodair e Barrichello, Cacá chegou a perder o quinto posto para Felipe Lapenna, mas recuperou rapidamente. Rafael Suzuki, Nonô Figueiredo, Fábio Fogaça e Tuka Rocha completavam os dez primeiros.

Enquanto Serrinha seguia líder, Átila, Khodair, Barrichello e Cacá vinham na mesma balada. Mais atrás, Valdeno Brito lidava com um pedaço de seu carro que escapara e Max Wilson perdia o capô na freada da primeira curva, deixando parte do carro na pista. Sem alternativa, os dois tiveram de ir aos boxes rapidamente. 

A volta 15 marcou o pit-stop de Khodair. Ele foi o primeiro entre os ponteiros a parar. Barrichello foi no giro seguinte. Aí Serrinha seguiu os dois. Átila, por sua vez, preferiu permanecer mais um pouco na pista. Mas acabou vindo no fim da 18ª passagem.

No retorno dos boxes, o sorocabano se colocou logo atrás do piloto da Red Bull. Barrichello, que voltara à frente do companheiro de equipe, era o terceiro, com Khodair em quarto. Cacá vinha em quinto. O top-10 tinha ainda Lapenna, Nonô, Suzuki, Fogaça e Popó Bueno.

Daí para frente, Serrinha apenas administrou a vantagem para Átila, enquanto Barrichello permaneceu em terceiro, sem ameaças. A mudança mesmo veio mais atrás. Cacá conseguiu superar Khodair a seis minutos do fim, assegurando o quarto posto. Allam completou o top-5. 

No fim, a vitória ficou com o piloto da Red Bull. Barrichello, por sua vez, cruzou a linha de chegada já celebrando o título, 23 anos depois da última taça. A equipe Full Time, do paulista, também garantiu o primeiro posto entre as equipes. 

Rubens Barrichello no pódio da Stock Car em Curitiba (Foto: Carsten Horst/Hyset)

Uma casca de banana e o 'Fantástico'

Após a prova, Barrichello falou que levou um susto. "Tinha uma casca de banana que estava ali. Eu quase rodei, eu não sei se era água ou óleo, mas graças a Deus tinha uma distância e consegui controlar”, explicou o piloto ao canal SporTV.

Primeiro título na Stock Car, Barrichello não escondeu a felicidade da conquista. Porém, mesmo em meio a emoção, ficou contido nos agradecimentos. “Campeão é campeão. Eu tenho que agradecer à equipe Full Time”, disse. “A equipe me deu um carro sensacional pelos pontos. É um orgulho estar correndo com estes caras. Se eu for agradecer todo mundo, vou ficar até o Fantástico ou o Jornal Nacional. Obrigado de coração pelo carinho enorme. Agora, a gente se sente aliviado”, continuou.

Sempre acompanhando o pai, os filhos de Barrichello marcaram presença mais uma vez nos boxes da equipe, e o piloto não poderia agradecer mais o apoio da família. “É demais”, afirmou. “Vencer o campeonato nessa situação é muito bom. Estou me segurando para não soltar aquelas lágrimas”, encerrou o campeão.

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O hiato de títulos acaba

Depois do desempenho na categoria inglesa, o brasileiro foi para a F-3000 no ano seguinte. Naquela que era o último degrau antes da F1, Rubens fechou a temporada em terceiro, com 27 pontos. Um ano depois, estava estreando no Mundial pela pequena Jordan. A primeira temporada foi marcada por boas atuações, mas o pouco desempenho do carro também comprometeu, e o piloto acabou terminando aquele ano em 17º, com dois pontos apenas.
 
Aí veio o trágico ano de 1994. O então novato havia começado muito bem aquele campeonato, pontuando nas duas primeiras provas. No GP do Brasil, foi o quarto colocado, enquanto no Japão, em Aida, conquistou o primeiro pódio, com o terceiro posto. A performance o colocou na vice-liderança da classificação. Só que tudo no mudou na volta à Europa.
 
Durante os treinos para o GP de San Marino, Rubens sofreu o pior acidente de sua carreira. O piloto decolou depois de passar por uma zebra, na Variante Baixa em Ímola, acertando com força a barreira de pneus. A pancada foi violenta, e Barrichello teve ferimentos no braço e faturou o nariz. E ficou de fora da etapa, que se mostrou ainda mais triste, com as mortes de Roland Ratzenberger no sábado e do tricampeão Ayrton Senna no domingo.
 
As tragédias colocaram uma sombra negra sob a F1. E Barrichello sentiu o golpe. Ainda assim, o ponto do alto do ano foi a conquista da primeira pole, em Spa-Francorchamps.
 
Nos dois anos seguintes, o piloto ainda permaneceu na equipe irlandesa, antes de ser contratado em 1997 por Jackie Stewart, que comanda sua própria esquadra na maior das categorias. A parceria durou até 2000, quando surgiu a grande chance: um acordo com a Ferrari. Rubens se tornava ali o primeiro brasileiro a defender as cores da mítica escuderia italiana.
Pelo time de Maranello, Rubens conseguiu sua primeira vitória na F1, em uma corrida tumultuada e marcada pela chuva em Hockenheim, na Alemanha, em 2000. Mas também viveu um período conturbado na convivência com Michael Schumacher e, embora tenha sido vice-campeão duas vezes, nunca chegou a disputar efetivamente o título com o alemão, que venceu entre 2000 e 2006 cinco de seus sete mundiais na F1. Já o brasileiro ganhou nove corridas enquanto defendeu o vermelho da Ferrari.
Em 2006, Rubens mudou de time e foi defender a Honda. Viveu um período de seca e voltou a vencer em 2009, quando a montadora japonesa deixou a F1 e deu lugar para a Brawn. Naquele ano, o piloto conquistou duas vitórias, mas o enorme domínio de Jenson Button acabou selando as chances do paulista. Barrichello ainda correu pela Williams entre 2010 e 2011, ano em que deixou a F1, sem conseguir garantir uma vaga.
 
Na temporada seguinte foi para a Indy, mas apenas por um ano e sem vitórias, somente o titulo de novato do ano. Mas colocou no currículo a participação nas 500 Milhas de Indianápolis, prova em que chegou em 11º.
 
A história na Stock Car começou para valer mesmo em 2013, depois da participação em três corridas no ano anterior. Ainda no ano passado, defendendo a mesma Full Time, Barrichello completou o ano na oitavo colocado, com 120 pontos, um pódio e uma pole-position.
 
Agora, em 2014, o piloto de 42 anos conseguiu as primeiras vitórias na categoria nacional. Rubens venceu a Corrida do Milhão em Goiânia. E, na sequência, ainda faturou a etapa de Cascavel. Os triunfos e os cinco pódios ao longo de 2014 o colocaram na liderança. E na posição de favorito. Favoritismo, aliás, confirmado neste domingo.
Rubens Barrichello no pódio da Stock Car em Curitiba (Foto: Carsten Horst/Hyset)

Stock Car, Curitiba, final:

1 29 DANIEL SERRA SP RED BULL Chevrolet 41:28.103 16 voltas
2 51 ÁTILA ABREU SP AMG Chevrolet +0.482  
3 111 RUBENS BARRICHELLO SP FULL TIME Chevrolet +1.782  
4 0 CACÁ BUENO RJ RED BULL Chevrolet +4.344  
5 18 ALLAM KHODAIR SP FULL TIME Chevrolet +8.045  
6 11 NONÔ FIGUEIREDO SP AMG Chevrolet +20.903  
7 110 FELIPE LAPENNA SP HOT CAR Chevrolet +20.961  
8 8 RAFAEL SUZUKI SP PRO GP Chevrolet +28.465  
9 72 FÁBIO FOGAÇA SP CARLOS ALVES Peugeot +32.258  
10 25 TUKA ROCHA SP RZ Chevrolet +32.808  
11 74 POPÓ BUENO RJ WA MATTHEIS Chevrolet +33.068  
12 70 DIEGO NUNES SP C2 Chevrolet +33.095  
13 73 SÉRGIO JIMENEZ SP VOXX Peugeot +40.052  
14 90 RICARDO MAURÍCIO SP RC Chevrolet +40.991  
15 28 GALID OSMAN SP RCM Chevrolet +44.255  
16 57 FELIPE TOZZO SC BOETTGER Peugeot +47.846  
17 82 ALCEU FELDMANN PR HANIER Peugeot +1 volta  
18 14 LUCIANO BURTI SP VOGEL Chevrolet +1 volta  
19 77 VALDENO BRITO PB WA MATTHEIS Chevrolet +1 volta  
20 5 DENIS NAVARRO SP VOXX Peugeot +1 volta  
21 65 MAX WILSON SP RC Chevrolet +1 volta  
22 7 BETO CAVALEIRO SP HANIER Peugeot +1 volta  
23 1 ANTONIO PIZZONIA AM MICO'S Peugeot +1 volta  
24 4 JÚLIO CAMPOS PR MICO'S Peugeot +1 volta  
25 100 BIA FIGUEIREDO SP PRO GP Chevrolet +14 voltas NC
26 83 GABRIEL CASAGRANDE PR C2 Chevrolet +17 voltas NC
27 12 LUCAS FORESTI DF BASSANI Peugeot +25 voltas NC
28 21 THIAGO CAMILO SP RCM Chevrolet +28 voltas NC
29 10 RICARDO ZONTA PR RZ Chevrolet +28 voltas NC
30 80 MARCOS GOMES SP CARLOS ALVES Peugeot +28 voltas NC
31 88 FELIPE FRAGA TO VOGEL Chevrolet +29 voltas NC
32 2 RAPHAEL MATOS MG HOT CAR Chevrolet +29 voltas NC
33 46 VITOR GENZ RS BOETTGER Peugeot +29 voltas NC
UMA NASCA DE BACANA

O jejum foi enfim quebrado. Depois de 23 anos esperando, Rubens Barrichello conquistou um título neste domingo (30), após terminar em terceiro na prova final do calendário da Stock Car, em Curitiba. O resultado foi suficiente para o piloto sagrar-se campeão da categoria.

Para isso, o piloto precisou escapar de uma "casca de banana". E evitou longos agradecimentos senão "ia ficar até o 'Fantástico'".

Leia a reportagem completa no GRANDE PRÊMIO.

ENCANTADO. DESENCANTADO

Rubens Barrichello encerrou neste domingo em Curitiba um jejum que já durava 23 anos. O último título obtido pelo brasileiro havia sido em 1991, com a F3 Inglesa, quando chegou em quinto lugar na etapa decisiva de Thruxton, batendo os rivais David Coulthard e Gil de Ferran. Agora, com o terceiro lugar na pista paranaense neste domingo (30), o paulista de 42 anos voltou a celebrar a conquista de um campeonato. Só que neste intervalo de pouco mais de duas décadas, Barrichello construiu uma das carreiras mais respeitadas do automobilismo mundial.

Leia a reportagem completa no GRANDE PRÊMIO.

AFASTA UM POUCO

O GRANDE PRÊMIO preparou uma galeria com 100 imagens marcantes da carreira de Rubens Barrichello, que se sagrou campeão da Stock Car neste domingo em Curitiba. Com o recorde de participações na F1 e uma experiência que não teve êxito na Indy, o piloto de 42 anos acabou com um hiato de 23 sem títulos — o último havia sido em 1991 pela F3 Inglesa.

Veja a galeria completa.

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