Diários de Viagem: Levando o novato para tomar susto em Interlagos
Pela primeira vez no ano tive companhia na cobertura de uma etapa da Stock Car - e aproveitei para levar um amigo louco por automobilismo que nunca tinha pisado no icônico autódromo. O resultado eu deixo ele contar - tal como Pedro Henrique Marum, meu parceiro de final de semana
Eu, Felipe Noronha, costumo escrever os Diários de Viagem da Stock Car – afinal, eu que acabo viajando para todas as etapas distantes de São Paulo e passando por certas situações que inspiraram o retorno desta coluna. Mas, desta vez, não fui sozinho à Interlagos para a Corrida do Milhão. E ainda levei um amigo meu, louco por automobilismo, para realizar o sonho não só de conhecer o icônico autódromo, mas também trabalhar de fotógrafo – e o jovem foi muito bem.
Então, deixarei Cauê Moalli, aspirante a fotógrafo que mostrou o talento para a coisa – e que tomou muitos, mas muitos sustos com a velocidade dos carros vista pessoalmente – e Pedro Henrique Marum, que deu seu show habitual na cobertura, contarem pelo que passaram na viagem para São Paulo.
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Para mim, que moro na cidade, não foi viagem oficialmente. Mas pedirei algo à organização da Stock Car antes de liberar os meninos a contarem suas histórias: Vicar, por favor, quando a etapa for em Interlagos (como será a final), me coloque em um hotel também. Eu moro longo – bem longe (realmente longe [assim, é longe demais]) – do autódromo e só em transporte público quase gastei meu salário inteiro. Aceito e muito um hotelzinho – nem precisa ser grande coisa -, eu só quero dormir antes de trabalhar…
Paddockast #30 SHOW DO MILHÃO! |
Cauê Moalli – a criança mais feliz de Interlagos
A maioria dos fãs de esportes tem como primeira lembrança da infância uma Copa do Mundo ou uma Olimpíada. Já as minhas primeiras lembranças esportivas foram os campeonatos de 1997 tanto da Fórmula 1 quanto da Indy, quando eu tinha entre 5 e 6 anos de idade.
Apesar da precocidade do meu amor por automobilismo, como o Noronha contou até o último final de semana eu nunca tinha pisado em um autódromo e, consequentemente, nunca tinha visto pessoalmente um carro de verdade correndo, berrando e cuspindo fogo pelas ventas. Quando vi o primeiro carro passando pela reta, assim que chegamos no autódromo na sexta-feira, eu era a criança de 27 anos mais feliz da região.
Sempre imaginei que corridas de carro fossem algo barulhento – e definitivamente não fiquei desapontado com o volume. Entretanto, o mais impressionante era a 'brutalidade' de tudo. O som dos carros não era apenas alto – era bruto. Os 'pipocos' dos motores nas reduções de marcha eram brutais, assim como o chão tremendo com o passar dos carros.
Depois do choque inicial e de ficar rindo sozinho como um bobo a cada carro que reduzia para fazer o 'S', passei a pensar nos pilotos. Sempre ouvimos como estes são corajosos, loucos ou os dois, mas nunca tinha dado conta do tamanho da coragem (ou loucura) que esses caras devem ter!
Meu cérebro tinha dificuldade de processar a imagem do Átila Abreu, um grandalhão de 1,90m, saindo do seu carro com um sorriso na cara como se nada tivesse acontecido, enquanto eu perdia o fôlego só de ver o carro passar. E a cena se repetia com todos os pilotos – alguns mais irritados, outros satisfeitos.
Ver a Corrida do Milhão em Interlagos foi uma experiência incrível, e o que mais me impressionou foram os pilotos. Eu pensei que ver figuras que cresci assistindo frequentemente pela TV, como Rubens Barrichello, Nelsinho Piquet e Ricardo Zonta, iria tornar minha visão deles mais humana, mas o efeito foi exatamente o oposto. Depois de ver de perto a velocidade e a força das máquinas e vê-los controlando e tirando o máximo dos carros, passei a admirar ainda mais todos os pilotos, dos mais famosos, experientes e bem sucedidos aos mais novos e coadjuvantes.
Pedro Henrique Marum – O paciente zero da sala de imprensa