Líder, Serra prova ponto polêmico da Stock Car: dá para ser campeão sem vencer

O regulamento da Stock Car para 2019 foi alterado, e a modificação principal veio na pontuação: o aumento do valor distribuído na corrida 2. E isso permite que o campeão possa chegar lá sem, ou praticamente, vencer. Daniel Serra, líder isolado no momento, prova tal ponto

No começo do ano, a Stock Car anunciou uma mudança muito importante no regulamento: as rodadas duplas seriam mantidas, mas a segunda corrida, mesmo com grid invertido (quando o 10° da prova 1 ganha a pole para a seguinte), teria pontuação maior – o vencedor passou a levar 24 pontos, contra 30 de quem leva a corrida 1, uma diferença muito pequena.

Alvo de reclamações de diversos pilotos, principalmente das equipes principais, o regulamento foi apontado como uma maneira de se aumentar a relevância da prova secundária, dando mais chances dos patrocinadores dos times menores aparecerem, além de possivelmente aumentar a disputa pelo título, já que mais gente poderia pontuar bem.

E, por mais desconfiança que tal regra tenha gerado, a segunda parte se tornou verdadeira: faltando apenas duas etapas para o fim do campeonato, são oito pilotos com chances matemáticas de titulo.

Só que há um outro ponto, apontado pelo GRANDE PRÊMIO: o de que o campeão poderia ser premiado como tal sem sequer ir ao pódio ou, de forma mais realista, sem vencer. E Daniel Serra, que voltou à liderança após as corridas do Velo Città, no último domingo (10), prova esse ponto. Em busca do tri, ele se tornou abriu vantagem na estratégia, não nos triunfos.

De maneira alguma isso diminui os méritos do #29 – pelo contrário, aliás: valoriza. Porque o bicampeão é quem tem feito o que os pilotos falaram assim que viram o regulamento: o título seria da estratégia, não da vitória. E Serra tem uma só no ano: na abertura da temporada,  no Velopark. Nas oito etapas seguintes, não venceu – foi no máximo segundo, duas vezes. E, mesmo assim, tem boa vantagem sobre os concorrentes.

Daniel Serra (Foto: Duda Bairros/Vicar)
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Se Serra aproveita tal situação, o maior prejudicado pela mudança é Thiago Camilo. Dono de incríveis seis poles e também impressionantes cinco vitórias, o piloto da Ipiranga não consegue se aproximar do líder.

Mas por quê? Porque, ao vencer a corrida 1 – e todos os seus triunfos foram em tal situação -, o carro fica mais desgastado para a prova que começa 15 minutos depois. E Camilo não conseguiu repetir os resultados na prova que fecha a etapa – exemplo perfeito veio no Velo Città, em que acabou apenas em 19°, após rodar em disputa por posição com… Serra.

Thiago Camilo (Foto: Duda Bairros/Vicar)

Tal como a etapa em Mogi Guaçu mostrou que o regulamento dá chances maiores aos estrategistas, fez o mesmo com um problema – este, de fato um problema, e não apenas subjetivamente: a dificuldade do público em compreender a importância de cada corrida.

Isso ocorre pelo seguinte: Camilo venceu a primeira, a que vale mais pontos, mas deixou o Velo Città triste, graças ao resultado da corrida 2 citado acima. Já Bruno Baptista venceu a 2 e deixou o autódromo radiante, mas já sem chances de título.

Alguém que parou para assistir as provas sem ter noção do regulamento – ou seja, alguém que a Stock Car precisa conquistar como público – pode ter desligado a tv pensando que Baptista está como concorrente à glória, e Camilo não.

Essa mesma pessoa, o entrar no próprio GP na tarde de domingo, viu como manchete o feito de Baptista – não por ser mais ou menos importante, mas por ser o mais recente. A vitória da corrida 1 "envelhece" rápido.

É algo a ser pensado pela categoria para 2020 – por mais que sua organização já tenha declarado que a tendência é que o regulamento seja mantido. É provavelmente impossível encontrar o regulamento ideal – mas esse permite muitas suposições e, pior, confusões. 

A Stock Car volta em Goiânia para sua penúltima etapa, com rodada dupla no dia 24 de novembro.


 
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