Por “sistema capenga”, promotor vê Stock Car afetada por “amadores da CBA, a começar pelo presidente”

A Stock Car tem sido alvo de críticas por parte do público - mas por situações causadas pela CBA. Desta forma, a categoria se vê em meio à polêmicas as quais não pode resolver. Assim Carlos Col, promotor da categoria, decidiu comentar pelo que o principal campeonato do automobilismo nacional vem passando, e sobre como a confederação acaba agindo em meio a sistema "manco e capenga"

A etapa de Goiânia da Stock Car, terceira da temporada, não havia nem começado de forma oficial, mas já era palco de um grande polêmica: na chegada ao local, a Confederação Brasileira de Automobilismo anunciou punição a Ricardo Zonta, que perdeu a vitória que havia conquistado no Velo Città, duas semanas antes. A direção da categoria, porém, não foi comunicada do motivo – e, ao divulgar a desclassificação do piloto da Shell, ficou de mãos atadas, sendo criticada pelo público e sem poder explicar a atitude que foi obrigada a tomar.

O GRANDE PRÊMIO deu em primeira mão que a razão havia sido o suposto uso de pinças de freio irregulares. Ricardo Zonta revelou que pensava em deixar a categoria. E a Stock Car acabou sendo o alvo, mesmo que indireto e sem culpa, de todas as críticas que uma polêmica deste tamanho causa. Assim, no sábado, dia do treino de classificação em Goiânia, Carlos Col resolveu falar. 

Col voltou à Vicar, a promotora da categoria, no final de 2018 – em seguida, Rodrigo Mathias deixou seu posto de promotor e diretor-executivo da empresa. Desta forma, Col herdou o posto e, em 2019, comanda o principal campeonato do automobilismo brasileiro. O que, no momento, significa ser o rosto que o público tem como alvo quando crê que a Stock Car é responsável pelas falhas e polêmicas. Neste caso de Zonta, não é.

E o dirigente deixou claro que falou isso à CBA antes de ser entrevistado pelos jornalistas. O GP publica a partir desta terça-feira (28) o que Col falou sobre temas importantes da Stock Car no momento. O caso de Zonta inicia a série.

Carlos Col, promotor da Stock Car (Foto: Stock Car)

"Aqui nós temos, e eu já falei isso para o presidente da CBA, uma categoria de muitos profissionais trabalhando, e controlado por poucos amadores, que são as pessoas da CBA – a começar por ele, o presidente", disse Col, citando que já teve a mesma conversa com Waldner Bernardo, o Dadai, comandante da entidade máxima do automobilismo nacional desde o começo de 2017.

"E eu não estou criticando ele, estou criticando o sistema", seguiu. O 'sistema', no caso, é a situação pela qual a Stock Car acaba passando: por ser homologada pela CBA, utiliza comissários indicados pela própria confederação. E estes são, como disse Col, amadores na definição da palavra, já que não vivem desta profissão.

"Sem criticar as pessoas em si, mas sim o modelo, os comissários técnicos, ou desportivos, na segunda-feira, 8h, estão nos seus empregos. O que aconteceu de herança para mim, pilotos, vocês, equipes, patrocinadores, como consequência daquele final de semana (da desclassificação de Zonta no Velo Città) não os afeta. Não afeta a vida deles. Eles vão aparecer aqui na próxima convocação que tiverem para vir trabalhar. O sistema está manco, está capenga."

"Porque o presidente da CBA faz um ‘bico’ na CBA, vai lá uma vez a cada 15 dias, algumas horas, e ele tem o próprio negócio dele. Ele e os antecessores todos. A diretoria da CBA, por estatuto, nem pode ser remunerada – mas são, de alguma maneira", seguiu Col.

Ricardo Zonta foi punido no Velo Città (Foto: Duda Bairros/Stock Car)

Para Col, o passo que a Stock Car vem tentando dar é o da 'ajuda' aos comissários, para que os problemas diminuam – e não cresçam, como aparenta acontecer na atual temporada.

"E fora isso tem a questão da cultura, que nem é culpa deles, talvez seja culpa nossa, um trabalho que temos que fazer, que tenho feito nesse retorno insistentemente. Me colocar como parceiro deles. Vocês não me veem criticando eles. Mas estou constantemente lá, falando que precisa melhorar isso, precisa melhorar aquilo, botar isso aqui em ordem, faço isso o tempo todo."

"Mas não criticando, e sim ‘quer que te ajude a fazer isso?’. Se não sabe, vamos fazer isso, vamos fazer aquilo. A única maneira é ser construtivo, não adianta ficar criticando e atirando pedra. Mas tem uma cultura para ser mudada", explicou.

Thiago Camilo acabou perdendo a vitória em Goiânia (Foto: Duda Bairros/Stock Car)

Por fim, Col afirmou que espera que a situação de Zonta não se repita – curiosamente, no dia seguinte à entrevista ocorreu algo similar, com a desclassificação de Thiago Camilo da corrida 1 em Goiânia, horas após a bandeirada.

"Não podemos ficar à mercê por atitudes tomadas de maneira amadora, com poucos critérios, com pouco processo adequado, que gera uma série de desconfortos, que está gerando por exemplo neste final de semana. Não só cobrei como me desentendi com eles (a CBA). Porque se eu me posiciono como colaborador, como parceiro, como contribuidor, eu não posso tomar a bola nas costas que tomei", concluiu Col.

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