Responsável pela Pirelli na Stock Car elege Tarumã e Cascavel como melhores e piores circuitos do Brasil

A operação da Pirelli na Stock Car é comandada pelo engenheiro inglês Jonathan Wells, que falou com o GRANDE PRÊMIO sobre o primeiro ano de trabalho no automobilismo brasileiro e disse que vê o campeonato em um bom nível, mas colocou como ponto negativo a infraestrutura dos circuitos

Jonathan Wells não conhecia muito do Brasil além de São Paulo até o início de 2013. O inglês trabalhou, até o ano passado, como o engenheiro da Pirelli que atendia à equipe McLaren na F1. Para este ano, aceitou o desafio de comandar a operação da fabricante italiana na retomada da parceria com a Stock Car. A nova função permitiu-lhe conhecer mais de perto o automobilismo destas bandas e, principalmente, a maior categoria do país. Com a primeira temporada chegando ao fim, Wells faz uma avaliação positiva do que vivenciou.

Do ponto de vista da marca, o ano teve seus altos e baixos. O produto entregue pela Pirelli foi considerado superior pelos pilotos em relação ao da antecessora Goodyear e resultou em uma melhora significativa do desempenho dos carros: os tempos de volta baixaram e a categoria se viu obrigada a instituir a o retorno do reabastecimento, já que a troca dos pneus refletiu no consumo de combustível.

Ao mesmo tempo, problemas foram constatados, com estouros acontecendo em provas em circuitos mais exigentes, como Interlagos, Cascavel e Tarumã. Visando minimizar essa questão, limites rigorosos de cambagem e pressão foram instituídos.

Cascavel e Tarumã, a propósito, foram circuitos que marcaram Wells. Em entrevista exclusiva ao GRANDE PRÊMIO, o engenheiro elogiou ambos os traçados, apesar das dores de cabeças que teve nos finais de semana em que passou por lá. “As pistas que eu mais gostei são as pistas que eu deveria gostar menos!”

“Eu realmente gosto de Tarumã e de Cascavel, mas, do ponto de vista de uma fabricante de pneus, são os maiores desafios que encaramos. Então as melhores e as piores são as mesmas pistas”, gargalhou.

Jonathan Wells, engenheiro da Pirelli, em Interlagos (Foto: Rodrigo Berton / Grande Prêmio)

Wells se mostrou impressionado com o fato de a Stock Car conseguir reunir um grande grid em um momento ainda delicado para a economia global.

“O nível dos campeonatos nacionais no Brasil é bem forte. Ainda podemos ter um grid muito grande na Stock Car, diferente de outros campeonatos ao redor do mundo, mesmo na Europa, que estão com muitas dificuldades”, destacou.

Para ele, o problema está na qualidade das estruturas. “Na minha opinião, a maioria das pistas é bem legal, mas as instalações estão ultrapassadas. Mas sei que, em Goiânia, estão fazendo um trabalho grande para a corrida do ano que vem, e que Cascavel investiu muito dinheiro, então posso ver que o progresso está vindo”, falou.

Apesar disso, Wells reconhece que essa não é uma característica exclusiva do Brasil: vários autódromos do Reino Unido se encontram em condição semelhante. “Não é um grande problema. Algumas pistas são apertadas, mas eu ‘me formei’ em corridas nacionais na Inglaterra e, para ser honesto, muitas das pistas daqui não são diferentes de circuitos menores que temos lá. Não foi um grande problema, realmente”, ponderou.

Assim como os circuitos, as cidades preferidas de Wells também estão localizadas no sul do país. Ele, que continua morando na Inglaterra e vem ao Brasil para as corridas, demonstrou ter no Paraná seu estado favorito. “Gosto bastante de Curitiba”, disse, citando também a “esquisita e pequena” Cascavel. Outra cidade que o agradou Porto Alegre. “São lugares bonitos”, explicou.

O trato com as pessoas no certame também foi elogiado. “O campeonato é bastante profissional, especialmente para um campeonato nacional. Muitos campeonatos na Europa estão abaixo disso. Não tive problemas pessoais com ninguém todos me receberam muito bem e curti o tempo que passei aqui”, disse.

Falando sobre os problemas de pneus que precisou resolver nos últimos meses, Wells admitiu que a fabricante subestimou a potência e a agressividade dos carros da Stock Car.

“É algo que ainda não temos 100% de certeza do motivo, porque fizemos dois testes em 2012, inclusive em Tarumã. Achamos que era suficiente, mas, por alguma razão, não foram. É por isso que, no nosso primeiro teste em Tarumã, neste ano, tivemos dois pilotos em vez de um, porque os pilotos são grande parte desse trabalho”, analisou. Além de Felipe Giaffone, o primeiro a ter contato com esses pneus, Felipe Maluhy e Allan Hellmeister também contribuíram para o desenvolvimento das unidades maiores e mais resistentes visando 2014.

No ano que vem, a categoria passará a ser disputada em um novo formato, com rodadas duplas: uma bateria de 40 minutos e outra de 20. Pelos resultados dos testes, Wells pensa que um jogo de pneus deve bastar para as duas baterias, desde que as equipes sejam sensíveis nos acertos.

Com relação aos pilotos, o engenheiro apontou Allam Khodair e Átila Abreu como os donos das guiadas mais agressivas. “É difícil separar o modo como o carro foi acertado do papel que o piloto tem nisso, mas, para nós, quem se destacou foi Khodair”, indicou. No outro oposto ficou o vencedor da Corrida do Milhão, Ricardo Zonta: “É suave com esses pneus.”

O contrato da Pirelli com a Stock Car é válido até 2016.

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