Salas fala em “sentimento ruim” após perder vaga na Hot Car. Chefe vê decisão doída e deixa portas abertas

A saída de Guilherme Salas da Hot Car pegou muitos de surpresa no paddock, inclusive o próprio piloto, substituído de última hora por Néstor Girolami. O GRANDE PRÊMIO ouviu tanto o jovem como também o chefe da equipe, Amadeu Rodrigues

Na abertura da semana da etapa de Campo Grande da Stock Car, em agosto, Guilherme Salas foi surpreendido ao ser dispensado da Hot Car. Nascido em Jundiaí, o piloto de 24 anos começou a temporada 2018 pela equipe de Amadeu Rodrigues com um bom resultado, terminando em décimo na Corrida de Duplas ao lado do argentino Mariano Altuna. Depois, enfrentou vários problemas, como o acidente com Valdeno Brito em Curitiba, que danificou o câmbio do seu carro. Mas a esperança em ter um segundo semestre mais positivo, contudo, se encerrou pouco depois da Corrida do Milhão, quando a Hot Car alegou problemas contratuais para anunciar a rescisão e, de última hora, chamou o argentino Néstor Girolami para seu lugar até o fim do campeonato.
 
Em Campo Grande, o GRANDE PRÊMIO ouviu tanto Salas como Amadeu Rodrigues, que se disponibilizaram a falar sobre o assunto. O piloto, que estava no curso da sua segunda temporada completa na Stock Car, não escondeu a decepção por ver o trabalho interrompido e disse que ainda estava tentando entender os motivos que resultaram na perda da vaga para a sequência do ano.
 
“É um sentimento ruim, né? Recebi a notícia na segunda-feira, na semana da corrida em Campo Grande. Me pegou de surpresa, ainda estou tentando entender. O objetivo agora é buscar voltar. A gente lutou tanto nos últimos anos para estar na Stock Car, e esse trabalho não vai acabar assim desse jeito”, declarou Guilherme, que não perde de vista a chance de voltar rapidamente ao grid.
 
“Então a luta agora é para arrumar uma equipe ainda para esse ano, mas pensando também na próxima temporada, quem sabe, encontrar um lugar num time grande. Estamos conversando, e não dá pra dizer muito porque precisamos amarrar algumas pontas soltas, mas vamos ver o que vai dar”, salientou.
Guilherme Salas disputou a temporada 2018 pela Hot Car até a Corrida do Milhão (Foto: Duda Bairros/Vicar/Vipcomm)

Salas expressou tristeza com o antigo chefe pela forma como foi dispensado da equipe. “Na verdade, ele não veio falar comigo. Ele enviou um e-mail na segunda-feira, e só isso. Ele ainda não conseguiu olhar na minha cara. Foi uma decisão dele, foi assim que ele resolveu”, disse o piloto, que listou os problemas que contribuíram para que sua jornada ao longo de 2018 fosse marcada por dificuldades.

 
“Desde o início, nosso carro tinha um bom potencial. Mas tivemos muitos problemas, quebras. Então, em praticamente toda a primeira parte do campeonato a gente não conseguiu ter um fim de semana totalmente limpo, sem nenhuma falha. Isso também foi um pouco decepcionante”, complementou.
 
 
O outro lado: chefe alega quebra de contrato, mas mantém as portas abertas
 
Amadeu Rodrigues é um dos chefes de equipe mais antigos da Stock Car. Ex-piloto, Amadeu ingressou com a Hot Car no grid da principal categoria do automobilismo brasileiro em 2001 e sustenta uma aliança duradoura com a Bardahl. Em 2018, o preparador renovou sua dupla de pilotos e contratou o competente Rafael Suzuki, na sua quinta temporada na Stock Car, e também trouxe Guilherme Salas após um ano como piloto de outro experiente nome da categoria, Mauro Vogel.
 
Contudo, ao mesmo tempo em que a parceria com Suzuki vem rendendo bons frutos, a ponto de o dono do carro #8 já ter assinado a renovação de contrato para 2019, a história de Salas na Hot Car teve desenrolar e desfecho bem distintos. Ao GRANDE PRÊMIO, Amadeu reiterou o comunicado oficial, de que Guilherme não continuou por conta de “problemas contratuais”, mas alegou cláusula de confidencialidade para não revelar o que de fato aconteceu.
 
“Nós não tínhamos nenhum plano para mudar nada. Infelizmente, a mudança que houve foi por problemas contratuais. Infelizmente aconteceu. Gosto muito do Guilherme, ele é um bom piloto, tava andando tão bem quanto o Girolami, vocês sabem disso, vocês acompanham. Os resultados dele nas corridas não foram muito bons, mas não foram por culpa dele: batidas e alguns outros problemas que a gente teve, mas nada que coloque em xeque a competência dele”, comentou.
Amadeu Rodrigues ao lado de Bebu Girolami, substituto de Salas para a sequência da temporada (Foto: Vanderley Soares)

Nos boxes da equipe, Rodrigues reiterou a admiração pelo jovem jundiaiense, mas disse que o problema que o tirou do carro vai além da esfera esportiva e tem razões comerciais. 

 
“Gosto dele, é um garoto que tem um bom futuro, mas, infelizmente, assinei o contrato com quem administra a carreira dele, não com o Guilherme ou o pai dele. E a Motorbiz quebrou o contrato. Então é algo contratual, foi por isso que ele não seguiu. Não tenho nada contra ninguém, mas fazemos parte de um negócio, temos deveres de um lado ou de outro. Tivemos a quebra desse contrato em maio, mas fomos protelando até chegarmos à Corrida do Milhão, e aí, depois da prova, fui obrigado a tomar essa decisão”, lastimou.
 
“Quando o Guilherme veio para a equipe, eu o via como um futuro campeão da Stock Car. Uma pena que não deu para continuar. Torço para que ele siga em outra equipe. Repito, não tenho nada contra ele. E se ele vier correr para a gente numa outra oportunidade, eu o receberia em 2019 de braços abertos. Inclusive, temos essa intenção de montar duas equipes em 2019. Então, obviamente, se ele vier, não vai haver nenhum problema”, acrescentou Amadeu.
 
O chefe da Hot Car justificou a forma como comunicou Salas sobre a saída da equipe e disse que prefere “esperar baixar a poeira” antes de voltar a conversar com o piloto.
Amadeu diz que Salas ainda tem as portas abertas para voltar à Hot Car (Foto: Vanderley Soares)

“Mesmo não tendo responsabilidade, o nome dele está no contrato. Então, pela lei, tenho que comunicar formalmente o envolvido tanto por e-mail como por carta registrada, e a Motorbiz também, por e-mail e carta registrada. Na verdade, conversei com o pai dele para poupá-lo ao máximo de stress porque gosto muito dele, é um garoto. É doído isso. Relutei muito para tomar essa decisão pelo Guilherme Salas. Mas, comercialmente, tive de tomar”, disse Amadeu.

“Confesso que não conversei ainda com ele porque achei que seria ainda mais traumático, mas falei com o pai dele várias vezes. Vou esperar baixar a poeira. Eu o tinha como filho, mas não pude ser o pai dele nessa situação complicada. Mas, na hora que acalmar, vou conversar com ele e ele vai entender, também, que temos de deixar as portas abertas. E as portas não estão fechadas para ele. Adoro ele, o pai, a mãe, tenho o maior carinho por todos. Mas negócio é negócio. Foi esse o grande problema, o contrato que não foi cumprido, e aí fui obrigado a rescindir”, concluiu.
 

 
A Stock Car volta à ativa neste fim de semana com a disputa da oitava etapa da temporada, entre 7 e 9 de setembro, em Cascavel. O GRANDE PRÊMIO cobre ‘in loco’ com Felipe Noronha, Fernando Silva e Rodrigo Berton.
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