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Opinião GP: Superbike brasileira lota Interlagos e mostra que ainda há esperança para esporte a motor

É muito difícil, com exceção de F1 e F-Truck, lotar as arquibancadas de Interlagos. Mas não é de hoje que a Superbike Series brasileira consegue tal feito e coloca, em média, 35 mil espectadores por etapa, marca superior ao que categorias como a Stock Car, o Mundial de Endurance ou até mesmo o Brasileiro de Marcas e a F3 Sul-americana consegue trazer à pista

 

UM SHOW DE QUALIDADE é a fórmula do sucesso de qualquer esporte a motor, seja em duas ou em quatro rodas. No último fim de semana, um destes espetáculos esteve presente no circuito de Interlagos e levou para as arquibancadas mais de 35 mil pessoas, segundo informação da assessoria de imprensa — marca para lá de expressiva, ainda mais se for colocado em pauta o que as principais categorias do automobilismo estão (ou não) conseguindo. É um resto de esperança para o esporte a motor nacional, que agoniza com a debandada de público na maior parte das categorias, mas que tem na Superbike Series a certeza que o amor pela velocidade está longe de morrer.
 
Lotar as arquibancadas do circuito paulistano não é das tarefas mais fáceis e, com exceção de consagrada F1 e da popularíssima F-Truck, foram poucas as categorias que conseguiram este feito nos últimos anos. É bem verdade que a Stock Car, por exemplo, trouxe muita gente para prestigiar a Corrida do Milhão, no fim do ano passado, mas o bom público não se repetiu na abertura da temporada 2013. Assim também é com o Brasileiro de Marcas, com a F3 Sul-americana e também foi com o WEC e as 6 Horas de São Paulo, no ano passado. Claro que há casos e casos, mas é necessária fazer essa ponderação.

Victor Martins: Superbike Series lota Interlagos, como deveria ser sempre
Não é qualquer categoria que consegue levar tanta gente para Interlagos (Foto: José Igor Moraes/Facebook)

O caso da Superbike Series, no entanto, se destaca das categorias citadas acima por contar sempre com um grande e apaixonado público composto por aficionados pela velocidade em duas rodas e até por motoboys, que têm número bem expressivo na capital paulista, sobretudo.
 
Com cerca de 300 pilotos espalhados em seis categorias, a competição nacional é um exemplo daquilo que deve ser feito para fomentar o esporte. Seu maior trunfo certamente está em sua acessibilidade. Qualquer fã da categoria pode ir ao circuito acompanhar as disputas. Qualquer um mesmo. Em suma, é um evento concebido pelo e para o público. Não é à toa que as arquibancadas ficam bem mais cheias na Superbike brasileira do que em um jogo do malfadado Campeonato Paulista de Futebol, por exemplo. Aliás, que jogo, com exceção das finais, coloca hoje em dia 35 mil pessoas no estádio? São poucos.
 
O público pode acompanhar as disputas da Superbike da arquibancada sem desembolsar um único real. Gastando apenas R$ 10 é possível visitar os boxes e, com R$ 40, o espectador terá uma credencial para o paddock. A credencial VIP é um pouco mais salgada, R$ 150, mas nada que se compare aos preços exorbitantes de muitas outras categorias. Sem querer fazer uma comparação, já que os eventos são incomparáveis, a F1 cobra mais de R$ 10 mil por sua credencial VIP mais cara.
 
Além do baixo custo, a Superbike conta com uma programação intensa, que movimenta praticamente todo o fim de semana. Ao longo dos dias de atividade, a categoria conta com diversas categorias, com motos que variam entre 250 e 1000cc. É um prato cheio para todo fã de velocidade e, principalmente, da motovelocidade. Por fim, cabe citar também que a organização da categoria traz sempre o sorteio de uma moto, no fim de cada etapa, como maneira de atrair o público pagante. Certamente, é um artifício que aumenta sobremaneira o público da Superbike Series, mas isso não é demérito algum, creio, já que se trata tão somente de mais uma forma de atrair espectadores.
 
O equipamento usado na categoria, aliás, é também de primeira linha. A começar pelos pneus, que são do mesmo modelo desenvolvido pela Pirelli para o Mundial. Para se ter uma ideia, durante o lançamento dos pneus que equipam as categorias do esporte a motor ao redor do mundo, em Milão, várias vezes o nome da Superbike Series brasileira foi citada por Giorgio Barbier, responsável pela divisão de motovelocidade da fabricante, bem como por Paul Hembery e o próprio presidente mundial, Mario Tronchetti Provera. Ao lado da marca italiana, está a Honda, uma das patrocinadoras da competição.
 
A Kawasaki também marca presença na competição, inclusive aumentando sua participação nesta temporada, com a criação da 600cc SuperSport e a redução no valor de inscrição e desconto nas compras de moto. Nomes como Cachorrão, Danilo Lewis e Danilo Andric são alguns dos protagonistas de um evento cuja principal estrela não está na pista, mas sentada nas arquibancadas.
Motos das categorias da Superbike variam entre 250 e 1000cc (Foto: Luiz Pires/ VIPCOMM)
A Superbike é uma categoria de qualidade e é hoje uma das competições que mais enche Interlagos. Uma relação simples pode ser feita com a Stock Car. Mesmo com a presença de Rubens Barrichello, a abertura da temporada em São Paulo não lotou as arquibancadas, o que pode ser facilmente visto pelas fotos da corrida. Além do preço salgado, a Stock Car atrai menos público pela própria programação, com uma corrida de apenas 40 minutos.
 
Apesar de todos os problemas da base do motociclismo, a Superbike se configura como uma categoria de destaque, inclusive apresentando uma opção para os pilotos que dão seus primeiros passos no esporte em busca de uma oportunidade de chegar ao Mundial e até mesmo a MotoGP.
 
Seja como for, os espectadores presentes em Interlagos mostram que o Brasil tem, sim, público para as categorias de moto. Agora é preciso fortalecer a base e, em especial, os circuitos. Não é segredo que as exigências de segurança são diferentes para as categorias do automobilismo, e também não é segredo que as pistas brasileiras não estão preparadas para motos.
 
É preciso trabalhar em conjunto, até mesmo com a CBA (Confederação Brasileira de Automobilismo), para que as pistas sejam reformadas e apresentem as condições necessárias. Desta forma, será possível ter campeonatos regionais fortes, fortalecer mais ainda a Superbike e proporcionar um show cada vez melhor para o público.
 
No esporte a motor, assim como nas demais áreas, não existe milagre. É preciso trabalho e estrutura. Ao que parece, o público já está garantido. 


Opinião GP é o editorial semanal do GRANDE PRÊMIO que expressa a visão dos jornalistas do site sobre um assunto de destaque, uma corrida específica ou o apanhado do fim de semana de automobilismo.
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