Com um jeito calmo para falar e paciência de poucos para contar suas histórias, Nigel Stepney em nada lembra o estereótipo do vilão. Mesmo sem vestir máscara ou ostentar cicatrizes assustadoras, o experiente engenheiro, com seus fios de cabelo branco, já foi responsável por sacudir o mundo da F1. Em 2007, o inglês foi um dos pivôs do caso de espionagem envolvendo Ferrari e McLaren.
Na ocasião, a equipe italiana descobriu que a adversária havia recebido 780 páginas de documentos sobre o funcionamento da escuderia e de seus carros. A fonte era o engenheiro Mike Coughlan (hoje na Williams), bastante amigo de Stepney, então chefe de mecânicos da Ferrari. A partir daí, investigações da FIA e da justiça italiana descobriram que o funcionário ferrarista estava vazando dados confidenciais do time para as principais rivais.
Como resultado do escândalo, a McLaren foi desclassificada do Mundial dos Construtores de 2007 e correu o risco de não poder participar da categoria no ano seguinte. Além disso, teve de arcar com a maior multa da história do esporte: US$ 100 milhões. A equipe inglesa só pôde seguir na F1 porque concordou com uma inspeção da FIA em seus carros de 2008 para descobrir se a informação vinda da Ferrari havia sido usada na criação do novo modelo.
À Warm Up, Stepney valorizou seus mais de 30 anos de carreira na F1 e mostrou que o caso de espionagem ficou para trás. Além disso, o britânico se revelou um entusiasmado pela oportunidade de vencer as 24 Horas de Le Mans – que considerou um “sonho de criança” –, uma conquista inédita para alguém que já cansou de levantar taças no esporte a motor.
Confira a entrevista completa com Nigel Stepney na edição 30 da Revista Warm Up