Coluna Por Dentro do Endurance, por Fernando Rees: E começa a temporada 2014 do WEC

A etapa de abertura do WEC contará com 31 carros e 82 pilotos divididos entre as quatro categorias presentes – entre eles, dois brasileiros: este que vos escreve, defendendo a Aston Martin Racing na categoria LMGTE Pro, e Lucas Di Grassi defendendo a Audi na LMP1

20 de abril marca o início da temporada de 2014 do Campeonato Mundial de Endurance da FIA (WEC), que representa o nível mais alto do automobilismo de provas de longa duração na atualidade. Após dois anos de sucesso e crescimento comprovado, a pista de Silverstone abrirá a terceira temporada do mundial, que promete continuar em seu caminho ascendente.
 
A etapa de abertura contará com 31 carros e 82 pilotos divididos entre as quatro categorias presentes – entre eles, dois brasileiros: este que vos escreve, defendendo a Aston Martin Racing na categoria LMGTE Pro, e Lucas Di Grassi defendendo a Audi na LMP1. Carros protótipos e carros GT estão bem divididos pela primeira vez, sendo 16 protótipos e 15 GTs. Nos anos anteriores, a categoria LMP2 sempre contava com um número maior de carros, desequilibrando esta divisão. Com o crescimento da European Le Mans Series (ELMS) em 2014, oferecendo uma opção de competição endurance de alto nível com um budget mais moderado, muitas equipes da LMP2 com um carro só migraram de volta para a 'categoria de acesso'. O grid deverá ser formado por estes 31 carros durante toda a temporada, com exceção das 24 Horas de Le Mans, onde alguns carros da ELMS e também do cenário de endurance dos Estados Unidos também correrão.
O Audi R18 e-tron quattro, favorito em Le Mans (Foto: Audi/Twitter)

E falando nas 24 Horas de Le Mans, teremos algumas mudanças para a edição de 2014. Algumas são baseadas em segurança, após a morte de Allan Simonsen e as inúmeras situações de perigo encontradas pelos pilotos em 2013. Outras são puramente de condução de prova, a fim de evitar o fiasco do ano passado em que teve-se mais de oito horas de corrida atrás do safety car. Naquela ocasião, nas categorias que geralmente contam com pilotos amadores e semiprofissionais (LMP2 e LMGTE Am), os pilotos mais lentos foram simplesmente 'anulados' durante a prova, guiando apenas nas horas de safety-car. Além disso, para as centenas de milhares de pessoas presentes no evento, nada pode ter sido menos empolgante do que um terço da corrida sem ação, andando lentamente atrás do safety-car. Muita gente reclamou (com razão), e os organizadores da prova decidiram minimizar as chances de repetir o fiasco.

 
Entre as medidas de segurança está um dia de teste obrigatório (das 8:30 às 16:30) em simulador para os novatos em Le Mans e para aqueles que realizaram a prova há mais de cinco anos. O teste é bem básico: consiste em dar inúmeras voltas na pista de maneira consistente e realizar manobras de acordo com sinalizações, como facilitar ultrapassagens sob bandeiras azuis, evitar acidentes em zonas de bandeira amarela, etc. Sinceramente, é difícil imaginar que este teste torne a corrida mais segura, mas este é o propósito. 'Novatos' em Le Mans, de 'gentleman drivers' da LMP2 e LMGTE Am a pilotos experientes, como Mark Webber, que correu em Le Mans há mais de cinco anos, passarão por esse dia de simulador obrigatoriamente. Espera-se, porém, que novas medidas de segurança sejam implementadas, uma vez que a morte de Simonsen ano passado nada teve a ver com pilotos inexperientes ou erros de procedimento de pilotagem: em uma das muitas ocasiões em que os guard-rail se quebraram e abriram, o piloto dinamarquês teve a infelicidade de bater direto contra uma árvore, localizada não mais que 30 cm atrás do guard-rail. Se os guard-rail continuarem a quebrar, e as árvores continuarem a estar onde estão, o risco permanecerá semelhante em 2014.

E falando em guard-rails que quebram, foram eles os maiores causadores das mais de oito horas de satefy car em 2013. A cada grande batida, o guard-rail quebrava, o safety car entrava na pista, e permanecia na pista por cerca de uma hora até os guard-rails serem consertados e/ou inteiramente trocados. No que pode ser uma indicação de que guard-rails continuarão a quebrar, a organização da prova usará em 2014 um novo modelo de bandeira amarela localizada em que os pilotos serão forçados a trafegar por um trecho da pista onde um grande acidente aconteceu a exatos 60 km/h – ou seja, usando o limitador de velocidade dos boxes. A ideia é manter a pista em bandeira verde, com a corrida valendo, e travar apenas o trecho comprometido, evitando assim voltas e mais voltas de falta de ação atrás do safety car. Pode dar certo, mas ainda falta testar se, na prática, a ideia funciona.
 
Muita coisa ainda vai acontecer até Le Mans. A ação começará em breve, nas 6 Horas de Silverstone, no fim de semana de 20 de abril. Muita gente esconderá o jogo até Le Mans – vale a pena para alguns não botar todas as cartas da mesa logo no começo. Mas a temporada do ano passado provou que cada pontinho conta muito no final da temporada: teve gente que escondeu o jogo até perder. Veremos como será em 2014.
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