Coluna Apex, por Andre Jung: A experiência ainda importa?

Acredito que a principal razão por trás da renovação, que produziu um jovem como Sebastian Vettel, capaz de pontuar em sua primeira prova, aos 19 anos de idade, que com 26 já é um veterano, quatro vezes campeão mundial, está no desenvolvimento tecnológico

Com o campeão conhecido, a sequência de vitórias de Vettel tornou-se o assunto do momento; vai bater as vitórias sucessivas do Ascari? Vai igualar as 13 num mesmo ano de Schumacher? Não deixa de ser um pouco mais do mesmo, mas o cara não para de vencer, e isso não pode ser ignorado.

As análises acabam sempre num comparativo entre ele e aquele seu compatriota, recém-aposentado, que ainda detém alguns recordes não batidos por Vettel. Assim, em todas as comparações, salta aos olhos a precocidade de Sebastian.

Fenômeno geracional existe sim, mas quais as motivações? Fabio Seixas, em sua coluna na Folha de São Paulo, fez uma interessante análise que situava Jenson Button como sendo o piloto que inaugurou a tendência de renovação e rejuvenescimento do grid. Uma das razões apontadas falava do sucesso de Jenson, que deu conta de andar pela Williams logo em seu ano de estreia, sem os salários altos que os pilotos de ponta ganhavam. Verdade, o dinheiro começava a encurtar, e a aposta de Frank Williams logo passaria a ser tendência.

(Ilustração: Marta Oliveira)

No entanto, acredito que a principal razão por trás dessa renovação, que produziu um jovem como Sebastian Vettel, capaz de pontuar em sua primeira prova, aos 19 anos de idade, que com 26 já é um veterano, quatro vezes campeão mundial, está no desenvolvimento tecnológico. As equipes passaram a contar com sensores e processadores cada vez mais sofisticados, que substituíram com precisão o que no passado só os pilotos mais experientes eram capazes de transmitir.

Outro dia assisti a uma entrevista de Nelson Piquet para um jornalista especializado inglês. Impaciente com diletantes, Nelson estava muito a vontade falando com quem tinha conhecimento de causa. Perguntado sobre diferenças de pilotagem do seu tempo para hoje, enfatizou o aspecto do conhecimento técnico.

Em última análise, sem ser rápido ninguém foi vencedor, mas até o início da década de 1990 os pilotos eram os grandes informantes, portadores de uma sensibilidade treinada e aguçada, capaz de identificar quais eram as correções necessárias para fazer o carro ser mais rápido.

Hoje o piloto senta e acelera (sempre que o radio autorizar), a experiência, que o levava a conhecer e antecipar situações de seu carro, hoje não conta tanto. De fato, é comum o piloto incrédulo ser avisado que seu carro está com problemas sérios, e ele deve parar.

A virtualização crescente, induzida pelo próprio regulamento, leva as equipes a produzirem simuladores cada dia mais sofisticados, outra contribuição para que o rejuvenescimento aconteça. Sem o custo alto para fazer milhagem, os jovens se acostumam aos traçados e aos recursos e ajustes dos carros.

Entretanto, com a questão da idade mínima para carteira de motorista, parece que atingimos um limite desse rejuvenescimento, o que pode vir a tornar muito duradouros os feitos do novo supercampeão alemão.

No GP da Abu Dhabi ficou patente que a liberação de dois pontos para uso da asa móvel resolveu os problemas de falta de ultrapassagens, e a corrida até que teve boa movimentação.

Aquela saída dos boxes precisa ser corrigida com urgência, por um triz não houve um acidente grave com Alonso, que ainda veio a sofrer fortes dores com depois do episódio.

Não consegui entender porque a Ferrari deixou de colocar pneus macios no carro de Felipe no último trecho da prova. Teriam feito mais pontos no duelo com a Mercedes, e com Raikkonen fora da prova não sofriam ameaça sobre o vice de Alonso.

Paul Di Resta esnobou a Force India enquanto andava por cima, o carro deu uma piorada, os resultados sumiram e ele passou a jurar amor pela equipe. O sexto lugar no domingo foi um sopro de esperança, mas as chances do escocês alinhar em 2014 são cada dia menores.

Enquanto isso…

…com um carro muito melhor, a Caterham volta a chegar às últimas provas a espera de um milagre para ultrapassar a Marrusia na tabela e ficar entre as dez equipes agraciadas…

…ano passado Charles Pic ainda na Marussia, viabilizou esse milagre, ao ser ultrapassado por Vitaly Petrov…

…o russo conquistou na última prova.

Chamada Chefão GP Chamada Chefão GP 🏁 O GRANDE PRÊMIO agora está no Comunidades WhatsApp. Clique aqui para participar e receber as notícias da Fórmula 1 direto no seu celular! Acesse as versões em espanhol e português-PT do GRANDE PRÊMIO, além dos parceiros Nosso Palestra e Teleguiado.