Coluna Warm Up, por Flavio Gomes: Alonsito

Não se fala mal da Ferrari em público. Uma vez o Prost fez isso. Chamou o carro de caminhão. E era mesmo. Foi demitido antes da última corrida do ano

 

Levou uma dura, hein, cabrón? Aprenda: não se fala mal da Ferrari em público. Uma vez o Prost fez isso. Chamou o carro de caminhão. E era mesmo. Foi demitido antes da última corrida do ano. O presidente manda na Itália, hijo. É dirigente de tudo que você pode imaginar, menos do país. Diretor de fanfarra, carnavalesco de escola de samba em Veneza, tesoureiro de sindicato, conselheiro do Vaticano e síndico do prédio onde mora. Melhor não se meter com ele.
 
Mas entendo sua angústia. Você não é pior que Vettel. Nem que Hamilton. Nem que Raikkonen. Faz tempo que sabemos disso. Só que já são sete anos que não pinta um título. E o tempo passa, o tempo voa. Aguenta esperar? O Schumacher aguentou. Foram quatro anos e uma perna quebrada até ganhar o primeiro na sua equipe. Aí desandou e foi aquela festa. Você completa as mesmas quatro temporadas agora. Quem sabe no ano que vem?
 
Eu daria uma chance ao time. Vão mudar tudo no regulamento, e ninguém sabe como vai ser com esses novos motores. Além do mais, se sair vai correr onde? Na Red Bull com o alemãozinho? Esquece. Para quê eles iriam te contratar? O cara ganhou os três últimos títulos, está sossegado, tudo que ele não precisa é de alguém enchendo o saco. Até o Webber, que nem é lá essas coisas, ele atazana. Imagina como seria com você. Na McLaren? De novo, não. Na Lotus? É sua velha Renault, ali já não dá para ser campeão. Na Mercedes? Com Hamilton? Sei…
 
E você também não é flor que se cheire, reconheça. Foi para a McLaren em 2007 achando que ia pegar sopa no mel com um estreante e foi aquilo que todos se lembram. Vocês, pilotos de ponta, são marrentos e não gostam de sombra. A maioria das equipes também não alimenta muito essas coisas. Em geral, dá confusão. Foi assim com Mansell e Piquet, com Prost e Senna, com… Com quem mais? Ah, você e Hamilton. E ele nem era “de ponta”.
 
Fique onde está, e controle a língua comprida. Se tiver de falar algo, fale em particular. É assim que a Ferrari funciona. Eles, os italianos, são muito melindrosos, se sentem ofendidos quando recebem críticas públicas.
 
Agora, que o carro é uma bomba, isso é. Não vai em treino, e em corrida também ficou para trás. Você até que fez alguns milagres. Mas milagre não acontece todo dia. Esse ano já foi, esquece.
 
O que parece é que você está vivendo o que Senna viveu quando a Williams começava sua hegemonia no início dos anos 90. Ele sabia que não teria muitos anos de carreira pela frente e não tinha mais paciência para esperar a McLaren iniciar um novo ciclo dominante. Essas coisas levam tempo. Quatro, cinco anos. Você está mais ou menos nessa. Mais quatro ou cinco anos é aposentadoria. As coisas precisam acontecer agora. Ou logo. E logo é tipo ano que vem. No más.
 
Tem luz no fim desse túnel aí? Acho que tem, sim. A Ferrari tem grana, não é impossível fazer um carro legal, daqueles para ganhar corridas, andar na frente. Mesmo depois do desmonte quando Schumacher parou, com aquela turma toda indo embora, Todt, Byrne, Brawn, quase foi campeã com o Felipe em 2008. E você brigou até o fim em 2010. Pode acontecer de novo. Não é tão ruim assim. Podia ser pior. Você poderia estar na Williams, por exemplo. Ou na Sauber.
 
Tenha fé. Mas não fique esperando as coisas acontecerem sozinhas. Às vezes é preciso mexer uns pauzinhos.
 
Quer o telefone do Newey?

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