Coluna Warm Up, por Flavio Gomes: Checo, mi hijo

Não se passa por dentro de ninguém. É possível fazer tudo que você fez com mais arte, sacou? Seu carro era mais rápido. Dava para partir pra cima de outra maneira, sem correr o risco de os dois ficarem de capacete na mão

Buenas.

Acalmou? Muito bem, então presta atenção, cabrón. A gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte. E você deu ao povo diversão e arte domingo, sem dúvida. Foi divertido vê-lo partindo pra cima do bonitão lá. O bonitão lá, porém, no entanto, contudo e não obstante, não gostou muito. Não de você ter partido pra cima. Isso é normal, faz parte do jogo. Mas do jeito. O jeito, cabrón. Tem de ter jeito para fazer as coisas.

Que fique claro: nós, do lado de cá, curtimos pilotos que partem pra cima. Há, porém, no entanto, contudo e não obstante, alguns limites. Um deles é: não bata no carro da frente. Muito menos se o carro da frente tiver a mesma cor que o seu. Não se passa por dentro de ninguém. É possível fazer tudo que você fez com mais arte, sacou? Seu carro era mais rápido. Dava para partir pra cima de outra maneira, sem correr o risco de os dois ficarem de capacete na mão. Sugiro assistir a alguns vídeos no YouTube para ver como se faz, se não quiser pedir para o pessoal do arquivo da equipe. Mas, se preferir, peça para a mocinha do arquivo a fita “Turquia 2010”.

Pérez, você não é um mexicaninho contra o mundo (Foto: Reprodução)

Sua equipe é a melhor do mundo para fazer essas coisas. Libera a briga, deixa que vocês resolvam na pista, é o ideal dos mundos. Mas é preciso ser inteligente. Uma coisa é disputar posição e brigar por ela. Outra é querer ganhar na marra como se estivesse numa batalha de vida ou morte. Ser combativo é diferente de ser agressivo. Combater é uma coisa, agredir é outra. Creio que você exagerou.

Até aí, tudo bem. Todos foram jovens um dia. Button também já aprontou das dele quanto tinha vinte e poucos. E ele compreenderia se vocês tivessem uma conversa depois da corrida. Era só procurá-lo. Mas aí leio que você não pediu desculpas porque achou que não precisava…

Ora, ora, mas que macho, hein, cabrón? Vou te dizer um negócio. Demonstrar respeito a quem merece é virtude que deve ser cultivada permanentemente. Button é um cara que merece respeito pela história de vida que tem e por tudo aquilo que já fez na F-1. Não há a menor necessidade de vê-lo como inimigo. Uma das maiores besteiras que se fala na F-1 é que “meu maior inimigo é meu companheiro de equipe”. Bobagem pura. Ninguém tem de ser inimigo de ninguém. Criar clima, ainda mais você, que acabou de chegar, é burrice.

Continue sendo assim: combativo, aguerrido, disposto, esforçado. Mas não compre brigas desnecessárias. Não olhe para o cara do carro ao lado como alguém que você tem de odiar. Não leva a nada, apenas ao ódio. Seja amigo do seu companheiro de equipe. Ele tem muito a te ensinar, pode ter certeza. E você, muito mais a ganhar tendo um sujeito como Button como amigo do que como rival, adversário, inimigo, essas coisas. Além do mais, vocês não vão muito longe este ano. Cresça com o time, mostre que pode ser útil e que é capaz de trabalhar em equipe. Não se comporte como se fosse um guerreiro solitário no meio de uma gente hostil. Se te contrataram, é porque viram que você é capaz de virar alguma coisa. Não te pagam para bater no outro carro.

Li também algumas entrevistas que você deu no México. “O povo mexicano está comigo”, você disse. Algo assim. Ah, cabrón… Que tontería, larga esse discurso patriótico pra lá. Já vimos coisa parecida aqui no Brasil com aquele rapaz que foi te entrevistar no grid, conhece ele? Pois é. Esse negócio de “o povo está comigo” é muito antigo e, sobretudo, uma cascata federal.

Você não é um mexicaninho contra esse mundão todo, em resumo.

Suerte.

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