Conta-giro: em homenagem na Sapucaí, Senna ganha companhia de Dick Vigarista, Speed Racer e Bolt

A Unidos da Tijuca levou à Marquês de Sapucaí um enredo que falava de velocidade e tinha como protagonista o tricampeão mundial Ayrton Senna. Na opinião dos carnavalescos de plantão do GRANDE PRÊMIO, a apresentação deve acontecer novamente no próximo sábado, no Desfile das Campeãs do Rio de Janeiro

NO ANO EM QUE A MORTE DE AYRTON SENNA COMPLETA 20 ANOS, o tricampeão mundial de F1 ganhou um desfile. A Unidos da Tijuca resolveu fazer de Senna a parte mais importante de sua passagem pela Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro. A escola do carnavalesco Paulo Barros, provavelmente o mais querido do momento dentre a grande maioria das pessoas que assiste os desfiles – mas não acompanha o Carnaval –, teria 82 minutos para falar dos feitos de Senna e, como pano de fundo, das propriedades e evolução da velocidade.
 
Quando uma escola de samba divulga seu enredo para o ano seguinte, solta uma sinopse do que deverá ser o desfile. Acontece que a Tijuca ignorou a sua sinopse. Os animais que fariam parte do Carnaval tijucano, por já terem inspirado diversas criações aerodinâmicas no setor automotivo e automobilístico, foram esnobadas, levando em conta o destaque que uma delas levou. Nem cavalo, nem beija-flor, nem peixe-agulhão conseguiram a atenção que o guepardo recebeu exaustivamente. O felino apareceu na comissão de frente, no abre-alas, em ala exclusiva, em um monoposto no carro Curvas Perigosas – a escolhida para ilustrar essa alegoria foi a Eau Rouge, em Spa-Francorchamps, uma das mais perigosas que Senna contornou. Não deixaria de ser razoável argumentar como guepardos foram parar numa floresta belga e pilotando um carro de corrida.
 

Senna foi o personagem principal do desfile (Foto: Getty Images)


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Desde a comissão de frente, os personagens que apareceriam por toda a hora a vinte foram revelados: Dick Vigarista, Mutley, Speed Racer, o Guepardo, Usain Bolt, Flash e Sonic. Foi com um revezamento desses personagens, sempre ao lado, de Ayrton, que a Tijuca evoluiu. A repetição incansável de figuras legais, mas irrelevantes à biografia do piloto, foram escolhidas em detrimento de momentos importantes na história de Senna. Nada sobre os títulos mundiais, nada sobre a rivalidade com Prost, nada sobre a McLaren. Pudera, nem sequer o tema da vitória foi explorado!
 
O desfile de Paulo Barros foi fraco em conteúdo biográfico e tropeçou nas próprias pernas no enredo. Carros alegóricos, como o abre-alas, tiveram difícil compreensão; a última alegoria trouxe um monte de troféus com um Senna sambando no alto. O nexo não foi bem o forte da passagem pela avenida.
 
O DESFILE
 
Comissão de Frente: Personagens velozes da história, realidade e ficção – como Dick Vigarista, Penélope Charmosa, Sonic, Flash, Usain Bolt e algo que parecia ser Fangio, mas é Speed Racer – disputam a pole com Senna. Atrás deles, mecânicos ficam dentro de um tripé de garagem, de onde Ayrton sai com uma réplica da McLaren #8 que pilotou em 1993. Na verdade, o carro era um F3. A expectativa para a comissão tijucana era bem maior, já que não houve uma grande apresentação do enredo, tampouco os famosos truques de mágica e ilusão da azul e amarela.
 

Dick Vigarista também esteve na Sapucaí (Foto: Getty Images)


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Descrição das Alegorias: O Abre-alas era um monstrengo. Trazia vários Sennas coreografados no alto, enquanto a segunda parte era um grande boxe, com espaços de vários personagens. Muito movimento humano, no estilo Paulo Barros, mas sem muito brilho. O carro era feio, estranho e desconexo. O segundo carro, Curvas Perigosas, trouxe a Eau Rouge, de Spa. Uma floresta com guepardos coreografados foi apresentada. Do verde da floresta que cerca o circuito belga, sai um carro. Porque, se guepardos vão correr contra Senna, precisam de um monoposto… A terceira alegoria era a Pit Stop, que trazia um posto de gasolina, uma loja de conveniência e até um auto-peças, na parte da frente; na de trás, retas de chegada na horizontal, com um carro de cada lado completando a corrida, e mecânicos e torcedores aparecendo para saudar o vencedor.

Ainda haveria uma alegoria cercada por fotos de Ayrton. Algo como um autorama gigante foi montado e, por ali, passou um kart dirigido por um Senna. O último carro era o Pódio, com cinco andares de troféus e mecânicos comemorando. Lá no alto, um Ayrton – com macacão, capacete e todos os paramentos necessários, celebrava – e água foi jogada como chuva. Acoplado atrás, um tripé com grande painel trazia a frase “o fato de ser brasileiro só me enche de orgulho", dita por Senna.
 
Resolução das alegorias: Com pouco significado, quase nenhuma relação com a sinopse original e, inacreditavelmente, falta de acabamento de criatividade, o conjunto alegórico da Unidos da Tijuca passou longe de impressionar como os de Portela e União da Ilha, por exemplo.
 
Mestre-Sala e Porta-Bandeira – Julinho e Rute: Estiveram bem. O casal que fez história na Vila Isabel se apresentou com fantasia luxuosa e desenvolveu sem problemas, substituindo muito bem a dupla Marquinhos e Giovanna, que teve muito sucesso na escola do Morro do Borel. 
 
Fantasias: Muito bonitas. Alas como a do satélite e a do peixe-agulhão foram das mais interessantes do ano.
 
Bateria: Vestidos de mecânicos, os membros da bateria de mestre Casagrande vieram com a talentosa Juliana Alves no reinado e fizeram uma apresentação sem sobressaltos, mantendo o alto nível dos últimos anos. A Pura Cadência deve garantir os 30 pontos no quesito.
 
Evolução, harmonia e conjunto: Na medida. O chão da comunidade do Borel foi um show.
 
Samba-enredo: Não é dos piores, nem dos melhores. A lembrança do samba de 2014 não vai durar muito tempo, mas é OK. Uma letra um tanto piegas, uma melodia gostosa e um refrão agradável.
 
Enredo "Acelera, Tijuca": Confuso. Não é terrível ou incompreensível, mas confuso. Senna foi mal explorado e a velocidade em si ficou eclipsada.
 

Réplica da McLaren de Senna marcou presença na Sapucaí (Foto: Getty Images)

O CARNAVAL COMO UM TODO
 
A Unidos da Tijuca passou de forma satisfatória pela Marquês de Sapucaí. Além disto, a escola conta com grande prestígio entre os jurados do carnaval carioca. Sem problemas na parte técnica – evolução, harmonia e conjunto –, é quase que impossível não ver a azul e amarela de volta no Desfile das Campeãs, neste sábado.
 
O Carnaval 2014 no Rio de Janeiro passou longe de ser histórico. Não tivemos um samba espetacular, uma comissão de frente absurdamente inovadora, desfiles plasticamente impecáveis ou tecnicamente inesquecíveis. Seis escolas fizeram desfiles de regulares para bons, sendo a Portela o grande destaque – errou pouco e emocionou pela empolgação de seus componentes – e a Imperatriz, a Unidos da Tijuca e o Salgueiro – vencedor do Estandarte do Samba de melhor escola – as grandes concorrentes da escola de Madureira. 
 
Pela primeira vez na história, a campeã do ano anterior, no caso a Vila Isabel, corre sérios riscos de descender. Após sofrer com problemas financeiros e ter complicações em seu barracão, a escola de Noel Rosa chegou a desfilar com algumas alas e alegorias desfalcadas de fantasias. Não bastasse isto, a Vila tinha um enredo complicado e Cid Carvalho e sua equipe não conseguiram esclarecer exatamente o que era apresentado. 
 
Plasticamente a escola mais bela a desfilar neste Carnaval, a União da Ilha do Governador talvez nem volte no sábado. Um trabalho primoroso do jovem carnavalesco Alex de Sousa acabou prejudicado por erros pontuais. Em uma das alegorias, um telão acabou se soltando e cruzou boa parte da avenida pendurado, atrapalhando o destaque que se encontrava próximo do objeto. Além disto, a Ilha voltou a sofrer com um problema que a assombrou em 2013: a harmonia da escola insulana esteve longe de empolgar. Mesmo com um samba fácil e muito melódico, a comunidade não cantou na intensidade necessária, por isso alguns décimos devem ser descontados. 
 
Correndo por fora aparece a Beija-Flor de Nilópolis. O desfile foi muito bem feito, a comunidade abraçou o samba e a escola empolgou com sua comissão de frente. Porém, o enredo sobre Boni e a comunicação deixou a desejar, assim como o samba-enredo, o qual tinha uma letra pobre e uma melodia bastante cansativa.
 
A apuração das notas acontece nesta quarta-feira e a expectativa é muito grande. Mangueira, Grande Rio e Mocidade, podem acabar entrando na briga por uma vaga entre as seis melhores, enquanto que a Vila Isabel, a São Clemente e a recém-promovida Império da Tijuca, lutam pela permanência. Apenas uma escola desce para a Série A, a segunda divisão do carnaval carioca.

Eis as notas:

GABRIEL CURTY Samba-enredo Enredo Harmonia Conjunto MS e PB Comissão de frente Alegorias e adereços Bateria Fantasias Evolução Total  
 
Império da Tijuca 9.9 9.7 10 9.5 9.8 9.6 9.5 9.9 9.8 9.8 97.5  
Grande Rio 9.6 9.6 10 9.8 9.8 9.8 9.7 10 10 9.8 98.1  
São Clemente 9.8 9.8 9.9 9.5 9.8 9.8 9.8 9.8 9.8 9.7 97.7  
Mangueira 9.8 9.8 9.6 9.6 10 10 9.6 10 10 9.4 97.8  
Salgueiro 9.9 9.7 10 9.8 10 10 9.6 10 9.9 9.5 98.4  
Beija-Flor 9.4 9.5 10 9.8 9.9 10 9.9 9.9 10 9.8 98.2  
Mocidade 10 9.8 10 9.7 9.9 9.7 9.6 10 9.7 9.7 98.1  
União da Ilha 10 10 9.8 9.9 10 10 9.9 9.9 10 9.7 99.2  
Vila Isabel 9.8 9.4 9.9 9.4 10 9.3 9.4 9.9 9.3 9.8 96.2  
Imperatriz 9.8 9.8 9.9 9.8 9.9 9.8 9.9 10 10 9.5 98.4  
Portela 9.9 9.6 10 9.9 9.9 10 10 9.9 10 10 99.2  
Unidos da Tijuca 9.7 9.5 10 9.8 10 9.9 9.6 10 10 10 98  
                         
PEDRO HENRIQUE MARUM Samba-enredo Enredo Harmonia Conjunto MS e PB Comissão de frente Alegorias e adereços Bateria Fantasias Evolução Total  
 
Império da Tijuca 10 9.8 10 9.9 9.9 9.9 9.8 9.9 9.9 9.8 98.9  
Grande Rio 9.8 9.9 9.9 9.9 10 9.7 9.8 10 9.9 9.9 98.7  
São Clemente 9.8 9.7 9.9 9.8 9.8 9.8 9.8 9.9 9.8 9.9 98.3  
Mangueira 9.8 9.8 9.8 9.8 10 10 9.7 10 10 9.8 98.8  
Salgueiro 9.8 9.9 10 9.9 10 9.9 9.8 10 9.9 9.7 98,9  
Beija-Flor 9.7 9.7 10 10 10 9.8 9.9 10 10 9.9 99  
Mocidade 10 9.8 10 9.9 10 9.6 9.7 10 9.8 10 98.8  
União da Ilha 10 10 9.8 9.9 9.9 10 10 9.9 10 9.8 99.3  
Vila Isabel 9.9 10 10 9.9 9.8 9.8 9.6 10 9.5 9.9 98.4  
Imperatriz 9.9 10 9.9 10 10 9.9 9.8 9.9 10 9.9 99.3  
Portela 10 10 9.9 9.9 10 10 10 10 9.9 10 99.7  
Unidos da Tijuca 9.9 9.8 10 10 10 9.8 9.7 10 10 10 99  

Total:

1 Portela 198.9
2 União da Ilha 198.5
3 Imperatriz 197.7
4 Salgueiro 197.3
5 Beija-Flor 197.2
6 Unidos da Tijuca 197.0
7 Mocidade 196.9
8 Grande Rio 196.8
9 Mangueira 196.6
10 Império da Tijuca 196.4
11 São Clemente 196.0
12 Vila Isabel 194.6

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