Documentos revelam que Barrichello esteve perto da McLaren em 1994 e na lista da Ferrari em 1996

A equipe inglesa queria contar com Rubens Barrichello na temporada 1995 da F1. O problema é que o piloto tinha uma clausula de rescisão bastante elevada, o que forçou a escuderia a avaliar o acordo com cuidado

Ayrton Senna e Nelson Piquet não são os únicos pilotos brasileiros que aparecem nos documentos da indústria tabagista divulgados pela Universidade da Califórnia. Enquanto os dois tricampões tiveram a ligação com a Reynolds – empresa dona da marca de cigarros Camel – revelada, a Legacy Tobacco Library Documents (LTDL) também mostra as negociações envolvendo Rubens Barrichello e a Philip Morris – dona da Marlboro – para que o paulista competisse pela McLaren e pela Ferrari ainda na década de 1990.

Em documentos acessados pelo GRANDE PRÊMIO, o nome de Barrichello aparece pela primeira vez em um memorando do dia 6 de junho de 1994, às vésperas do GP do Canadá. O documento, enviado pelo então vice-presidente de marketing da Philip Morris, John Hogan, a Peter Schreer, vice-presidente da empresa na América Latina, diz que o brasileiro será pauta de uma reunião com Ron Dennis em Montreal.

A McLaren procurou Barrichello ainda em 1994 (Foto: Reprodução)

Hogan informou a Scheer que a McLaren tem interesse em contar com Barrichello em 1995, mas não queria pagar a rescisão do contrato, estimada em US$ 3 milhões. Para tentar resolver a situação, a Marlboro europeia marcou uma reunião entre Scheer e Ron Dennis, então chefe da equipe inglesa pra o fim de semana da corrida.

Após o encontro, Scheer respondeu a Hogan contando os detalhes da conversa. No segundo documento, datado de 13 de junho de 1994, o vice-presidente da empresa na América Latina disse que não só conversou com Dennis, mas também com Eddie Jordan, chefe do brasileiro na Jordan, e Geraldo Rodrigues, o então empresário do piloto.

Eles confirmaram que Barrichello tinha uma cláusula de rescisão muito alta, mas a Philip Morris estava disposta a pagar pela liberação do piloto. Entretanto, Dennis queria testá-lo antes de tomar uma decisão final sobre o novo titular da McLaren. Para isso, o dirigente sugeriu que Jordan o liberasse das últimas três ou quatro corridas para ter o desempenho avaliado ainda em 1994.

Como compensação, a Philip Morris estaria disposta a pagar US$ 1 milhão à equipe irlandesa, montante que poderia ser abatido dos US$ 3 milhões da multa rescisória. Scheer informou, ainda, que Ron Dennis ia negociar pessoalmente a liberação do brasileiro e estava confiante que Eddie Jordan aceitaria a proposta.

Naquela época, Barrichello chegou de fato a estar próximo da McLaren, tendo acertado um acordo com o time, mas voltado atrás por não ter garantido a posição de titular para 1995. O piloto terminou o ano com a Jordan, onde permaneceu até o fim de 1996, enquanto a escuderia inglesa contratou Nigel Mansell, que, sem caber no carro, disputou apenas duas corridas pelo time.

A Ferrari cogitava Barrichello para 1996 (Foto: Reprodução)

O brasileiro volta a aparecer em outro memorando, em 11 de setembro de 1995. Naquele dia, a Philip Morris estava decidindo os rumos da empresa na F1, já que todos os contratos estavam vencendo. A empresa queria aumentar a participação na Ferrari, que já havia acertado a contratação de Michael Schumacher, então campeão da categoria e na luta pelo segundo título.

O companheiro do alemão, no entanto, ainda não estava definido. Segundo o documento, o segundo piloto sairia de uma lista que contava com o próprio Barrichello, além de Nicola Larini, Johnny Herbert e David Coulthard. A previsão, no entanto, não se confirmou. Mais uma vez o brasileiro continuou na Jordan, enquanto a equipe italiana arrancou o outro piloto da escuderia irlandesa, Eddie Irvine, para pilotar os carros de Maranello.

Um detalhe curioso desse memorando é que a Philip Morris tinha a intenção de pintar o carro da Ferrari em branco e vermelho, similar ao layout da McLaren. A ideia, obviamente, foi vetada pela escuderia italiana, que jamais abriria mão de ter os carros vermelhos. Barrichello acabou na Ferrari apenas em 2000.

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