Há 25 anos, Senna confirmava status de grande piloto com primeiro título mundial na F1
Estreando pela McLaren em 1988, Senna bateu Alain Prost com uma atuação de gala no GP do Japão, conquistando o primeiro de seus três títulos na categoria
As 25 imagens do 1° título mundial de Ayrton Senna em 88 |
No dia 30 de outubro de 1988, o mundo da F1 viu uma de suas principais promessas confirmar aquilo que se esperava de alguém que mostrava talento para ser um dos grandes pilotos da história da categoria. Naquela data, Ayrton Senna venceu o GP do Japão e conquistou o primeiro de seus três títulos mundiais.
Relacionadas
A temporada de 1988 foi completamente dominada pela McLaren, que tinha o estreante Senna ao lado de Alain Prost, então bicampeão – tendo conquistado os dois títulos pela equipe inglesa, em 1985 e 1986. O MP4-4, equipado com motor Honda, mostrou-se, nas mãos do brasileiro e do francês, um pesadelo para os adversários.
Das 16 provas daquele campeonato, o time, comandado na época por Ron Dennis, venceu 15 – só não triunfou no GP da Itália, quando Senna se envolveu em um acidente com o retardatário Jean-Louis Schlesser, que substituía o combalido Nigel Mansell na Williams, a cinco voltas do final, permitindo, assim, a festa dos torcedores italianos com a dobradinha da Ferrari, com Gerhard Berger em primeiro e Michele Alboreto em segundo.
Sem concorrência, Senna e Prost transformaram a temporada em um duelo particular, chegando à penúltima etapa do ano, em Suzuka, como os únicos que ainda poderiam ser campeões. E Senna venceu a primeira parte da batalha, a classificação. Com 1min41s853, o brasileiro foi 0s324 mais veloz do que Prost e garantiu a pole-position. Berger, terceiro colocado no grid, ficou a 1s5 do tempo do brasileiro – em mais uma demonstração do poderio do time britânico.
Na corrida, porém, quem começou melhor foi o francês, que pulou para a liderança, enquanto o brasileiro quase viu sua corrida chegar ao fim, ficando parado no grid por alguns instantes, com o motor desligado. Quando conseguiu colocar o carro em movimento, Senna era apenas o 14º. O McLaren de número 12, no entanto, já dava sinais de recuperação ainda na primeira volta, quando cruzou em oitavo. Dez voltas depois, o piloto já era o terceiro e, com o abandono de Ivan Capelli no 19º giro, o brasileiro assumia o segundo lugar, atrás apenas do companheiro de equipe.
Capelli, aliás, protagonizou um momento histórico antes de deixar a disputa: com o carro da March – projetado pelo então novato Adrian Newey – o italiano chegou a ultrapassar Prost na chicane que antecede a reta dos boxes e assumir a ponta por alguns metros, mas acabou não resistindo à força do motor Honda e perdeu a posição na entrada da primeira curva. Foi a primeira vez, desde 1983, que um carro equipado com um propulsor aspirado – o saudoso Judd, no caso – liderava uma prova de F1.
O gaulês, enfrentando problemas com o tráfego e com a caixa de câmbio, via a distância entre ele e o rival pela taça diminuir volta após volta. No final da 26ª volta, veio o bote. Andrea de Cesaris, retardatário, atrapalhou Prost na chicane, permitindo a aproximação de Senna, que conseguiu utilizar o vácuo. Os dois carros da McLaren ficaram lado a lado na grande reta dos boxes, e o francês se defendeu como pôde, mas o brasileiro conseguiu executar a manobra e tomar a liderança no começo do 27º giro, mantendo a posição até receber a bandeira quadriculada.
Naquele ano, a F1 ainda adotava o sistema de pontuação 9-6-4-3-2-1 [do primeiro ao sexto lugar], com descartes – cada piloto só poderia considerar, para efeito da classificação no campeonato, 11 resultados, deixando de lado os demais – os piores, evidentemente, eram os desprezados pelos pilotos. Com apenas uma corrida pela frente, Prost só poderia chegar aos 87 pontos – a mesma pontuação que Senna teria caso não viesse a pontuar no GP da Austrália.
Como o primeiro critério de desempate era o número de vitórias – o brasileiro chegara à oitava do ano em Suzuka, contra seis do francês – o campeonato estava decidido. No ano de estreia na McLaren, Senna conquistava, então, o primeiro de seus três títulos mundiais – outros dois ainda viriam, também pelo time de Woking, em 1990 e 1991.
F1, GP do Japão de 1988, Suzuka, final:
1 | Ayrton SENNA | BRA | McLaren Honda | 1:33:26.173 | 51 voltas | |
2 | Alain PROST | FRA | McLaren Honda | +13.363 | ||
3 | Thierry BOUTSEN | BEL | Benetton Ford | +36.109 | ||
4 | Gerhard BERGER | AUT | Ferrari | +1:26.714 | ||
5 | Alessandro NANNINI | ITA | Benetton Ford | +1:30.603 | ||
6 | Riccardo PATRESE | ITA | Williams Judd | +1:37.615 | ||
7 | Satoru NAKAJIMA | JAP | Lotus Honda | +1 volta | ||
8 | Philippe STREIFF | FRA | AGS Ford | +1 volta | ||
9 | Philippe ALLIOT | FRA | Lola Ford | +1 volta | ||
10 | Maurício GUGELMIN | BRA | March Judd | +1 volta | ||
11 | Michele ALBORETO | ITA | Ferrari | +1 volta | ||
12 | Jonathan PALMER | ING | Tyrrell Ford | +1 volta | ||
13 | Pierluigi MARTINI | ITA | Minardi Ford | +2 voltas | ||
14 | Julian BAILEY | ING | Tyrrell Ford | +2 voltas | ||
15 | Luis PÉREZ-SALA | ESP | Minardi Ford | +2 voltas | ||
16 | Aguri SUZUKI | JAP | Lola Ford | +3 voltas | ||
17 | René ARNOUX | FRA | Ligier Judd | +3 voltas | ||
Andrea DE CESARIS | ITA | Rial Ford | 36 voltas | NC | ||
Eddie CHEEVER | EUA | Arrows Megatron | 35 voltas | NC | ||
Nicola LARINI | ITA | Osella | 34 voltas | NC | ||
Nelson PIQUET | BRA | Lotus Honda | 34 voltas | NC | ||
Nigel MANSELL | ING | Williams Judd | 24 voltas | NC | ||
Alex CAFFI | ITA | Dallara Ford | 22 voltas | NC | ||
Ivan CAPELLI | ITA | March Judd | 19 voltas | NC | ||
Derek WARWICK | ING | Arrows Megatron | 16 voltas | NC | ||
Bernd SCHNEIDER | ALE | Zakspeed | 14 voltas | NC | ||
Melhor volta | ||||||
Ayrton SENNA | BRA | McLaren Honda | 1:46.326 | volta 33 | ||
Condições do tempo | NUBLADO, FRIO, ÚMIDO | ar: 16-23ºC | pista: 33-38ºC |