Pirelli se isenta, culpa Mercedes por escolha do carro de 2013 em teste secreto e reafirma transparência

Em comunicado emitido à imprensa mundial na manhã desta sexta-feira (31), a Pirelli garantiu que não favoreceu equipe alguma e que agiu profissionalmente. A respeito do teste secreto promovido em conjunto com a Mercedes, a fornecedora de Milão disse que o uso do carro de 2013 foi de responsabilidade direta da equipe alemã

Diretor da Pirelli prevê novos testes visando avaliar pneus para 2014 

A Pirelli veio a público para esclarecer e explicar ao mundo do esporte seu verdadeiro papel nos testes promovidos em conjunto com a Mercedes entre 15 e 17 de maio no circuito de Montmeló, perto de Barcelona, na Espanha. Nesta sexta-feira (31), a fornecedora italiana emitiu um comunicado à imprensa e promoveu uma teleconferência com seus principais dirigentes esportivos: Paul Hembery, Maurizio Boiocchi e Mario Isola. Tudo com a intenção de reafirmar sua transparência e assegurar que não houve intenção de favorecer time algum da F1. Sobre a grande polêmica acerca dos testes secretos na Catalunha, a Pirelli afirma que o uso do carro de 2013 da Mercedes foi de responsabilidade da própria equipe e que a fornecedora de Milão jamais pediu tal expediente, que vai contra o regulamento esportivo da F1.


Além disso, a Pirelli também confirmou que os testes realizados em conjunto com a Mercedes em Barcelona tiveram o objetivo de colocar na pista os pneus que a fornecedora pretende implantar na F1 na temporada de 2014. A fábrica italiana negocia com a categoria sua renovação de contrato. O vínculo atual, iniciado em 2011, vai até o fim deste ano.

No comunicado, a Pirelli confirmou também que os pneus que serão usados nos treinos livres de sexta-feira no GP do Canadá jamais foram usados, que a empresa modificou a composição da borracha para evitar a delaminação, não por entender que colocava a segurança dos pilotos em risco, mas porque isso “arranhava a imagem da empresa”. A fornecedora também informou que não houve mudança na durabilidade dos compostos para reduzir o número de pit-stops porque tal decisão não foi aprovada por unanimidade. Equipes como Ferrari, Lotus e Force India protestaram contra a eventual mudança, que não foi em frente.
Pirelli diz que Mercedes testou pneus de 2014 em Barcelona e nega favorecimento à equipe (Foto: Mercedes)

“No que diz respeito às regras que regem sua conduta, a empresa sempre respeitou os limites contratuais que ligam FIA, as equipes e os organizadores do campeonato, e sempre respeitou os princípios da lealdade esportiva. A Pirelli, no entanto, sente a necessidade de reafirmar a indiscutível necessidade para a realização de testes para o desenvolvimento dos pneus que sejam adequados a regras claras e compartilhados por todas as partes interessadas. A empresa confirma sua disponibilidade, conforme comunicado às equipes muitas vezes no passado, para organizar os testes para o desenvolvimento de pneus para 2014 com todos os times do campeonato”, diz o comunicado.

“A Pirelli, nos testes de desenvolvimento com as equipes, realizados em 2013, não favoreceu qualquer time e, como sempre, agiu profissionalmente, com transparência e absolutamente boa fé. Os pneus usados não eram do campeonato atual, mas pertenciam a uma gama de produtos que ainda estão sendo desenvolvidos tendo em vista uma eventual renovação do contrato de fornecimento”, explicou a empresa via nota oficial. 

“Além disso, nenhum dos testes foram realizados com o propósito de aumentar [a performance] de veículos específicos, mas apenas para testar soluções de pneus para campeonatos futuros. A utilização do carro pela Mercedes, em particular, foi resultado de uma comunicação direta entre a FIA e o próprio grupo. A Pirelli não pediu, de maneira alguma, que um carro de 2013 fosse utilizado”, assegurou a fornecedora milanesa.

“Os pneus que serão testados pelas equipes nos treinos livres do GP de Montreal jamais foram usados antes. No que diz respeito aos novos pneus, o problema da delaminação foi resolvido pelos técnicos da Pirelli exclusivamente por meio de testes laboratoriais. Delaminação, que só ocorreu em quatro ocasiões e sempre por detritos na pista, nunca colocou a segurança dos pilotos em risco, mas havia um risco à imagem da Pirelli. É por isso que a empresa decidiu intervir”, acrescentou a Pirelli.

A fábrica, entretanto, disse que não há possibilidade de realizar os testes com os pneus de 2014 com todas as equipes ao mesmo tempo. “Os testes foram realizados em cumprimento do contrato entre a Pirelli e a FIA, que dá ao fornecedor a possibilidade de realização dos testes para o desenvolvimento dos pneus com cada equipe em até 1.000 km, sem especificar o tipo de carro a ser utilizada e nem a sanção à presença simultânea de todas as equipes para a execução dos testes”.

“Neste contexto, a Pirelli, desde 2010, deixou claro que não é nem possível e nem útil realizar este tipo de teste com todas as equipes ao mesmo tempo. Na verdade, este tipo de teste visa o desenvolvimento tecnológico e a pesquisa de novas soluções, envolve muitos pneus de diferentes tipos e que devem ser testados com um único carro de cada vez. Testes para especificações do campeonato são diferentes, como acontece nos testes de inverno, que exigem a participação de todas as equipes de maneira a encontrar as soluções mais satisfatórias para todos os carros da competição. Por este motivo, a Pirelli insiste na necessidade de testes de inverno em condições que são verdadeiramente representativas nas situações que são atendidas durante o campeonato”, explicou a Pirelli, que usa atualmente um Renault R30, carro usado pela antecessora da Lotus na temporada de 2010.
A Pirelli se isentou sobre o polêmico teste secreto e diz que responsabilidade do uso do W04 é da Mercedes (Foto: Beto Issa)

Por outro lado, a Pirelli garante que a Mercedes não tirou proveito dos testes com os pneus, já que estes foram concebidos visando a próxima temporada e não houve nenhuma troca de informação entre fornecedora e equipe. Os testes realizados em Barcelona foram “no escuro”, de acordo com a empresa italiana, que tratou de explicar o que aconteceu em Montmeló dias após o GP da Espanha.

“O teste em Barcelona foi realizado em cooperação com a Mercedes entre 15 e 17 de maio de 2013. As equipes disponibilizaram um carro e seus dois pilotos titulares, que se alternaram no volante em dias distintos. Os testes foram realizados com um composto-base e que não esteve em uso neste ano, e com 12 estruturas diferentes, que jamais foram utilizadas em 2013, apenas uma delas com kevlar. A equipe não obteve qualquer vantagem no que diz respeito ao conhecimento do comportamento dos pneus em uso no atual campeonato”, reafirmou a Pirelli, que se isentou a respeito da escolha da Mercedes pelo carro de 2013 usado no teste secreto.

“O tipo de veículo usado durante os testes foi objeto de discussões diretas entre a Mercedes e a FIA, como mostrado na troca de e-mails entre a equipe e a Pirelli. Em particular, a Mercedes informou à Pirelli que o carro de 2011 não poderia ser usado e isso já tinha sido comunicado à FIA sobre o uso do carro de 2013. Não há dúvidas de que as questões relativas ao carro eram de domínio exclusivo da equipe e que a Pirelli foi excluída dessas questões (não obstante a necessidade da Pirelli, do ponto de vista técnico, para ter um carro representativo em termos de impacto sobre o desempenho dos pneus)”, disse.

“Para confirmar que se tratava de um teste de desenvolvimento normal e não destinado a intervenções específicas, a Pirelli não fez pedidos específicos sobre os pilotos ou sobre o staff da Mercedes que estaria presente durante os testes e alinhou seu time normalmente para os testes de desenvolvimento”, afirmou a Pirelli.

A empresa italiana finalizou seu comunicado informando os procedimentos sobre o GP do Canadá e as mudanças que devem ser implementadas em definitivo no fim de semana do GP da Inglaterra, duas semanas depois da corrida em Montreal.

“Os pneus com as novas estruturas de kevlar que serão dados aos times durante o treino livre no GP de Montreal serão testados pela primeira vez, seguindo o desenvolvimento laboratorial. Os novos pneus deixaram para trás o problema da delaminação. Este fenômeno, de modo algum comprometia a segurança dos pilotos, mas comprometia a imagem da empresa. Nos testes no Canadá, as equipes terão a oportunidade de expressar suas opiniões e fazer observações”, explicou.

“A Pirelli, que está pronta para fazer mudanças em qualquer momento, não fez qualquer modificações com efeito na duração dos pneus e, consequentemente, no número de pit-stops durante a corrida por conta da falta de unanimidade por parte das equipes”, concluiu.
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