Envolto em sombra de imbróglio, Brasileiro de Turismo abre temporada como berço de talentos

Brasileiro de Turismo apresenta novas equipes e investimentos para novo ano que começa sem que temporada anterior tenha campeão oficial.

A cobertura 'in loco' da Stock Car no GRANDE PRÊMIO
As imagens do sábado da Stock Car em Interlagos
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No embalo da Stock Car, o Campeonato Brasileiro de Turismo, também organizado pela Vicar, dá a partida nesse domingo (23), em Interlagos. Com a temporada de 2013 ainda em envolta na sombra do 'sub-júdice', o ano de 2014 começa diferente. O campeão até a segunda ordem, Felipe Fraga, foi para a Stock, assim como Gabriel Casagrande, jovem que se destacou no ano passado, além de outro personagem ativo do imbróglio.
 
A história da confusão a maioria das pessoas já conhece. Marco Cozzi brigava pela liderança com o companheiro de Carlos Alves, Gabriel Casagrande, que também disputava o título. Os dois se chocaram, e a corrida terminou com vitória de Cozzi que, somada ao fato de Felipe Fraga chegar apenas na sétima colocação, rendia o título ao paulista. Mas a direção de prova decidiu por punir Casagrande pelo acidente, e acrescentou 20 segundos a seu tempo de prova, fazendo com que Fraga terminasse à sua frente e marcasse pontos suficientes para terminar a temporada como campeão. Imediatamente a Carlos Alves recorreu e o caso segue em aberto até julgamento do STJD.
 
“A gente continua na briga fora da pista, nós vamos até o fim. Não foi justo, poderiam ter sido tomadas diversas atitudes que punissem as pessoas mas não alterassem o resultado do campeonato. No fim, o único punido fui eu", disse Marco Cozzi.
 
Cozzi pode até não ter deixado 2013 inteiramente para trás, mas a expectativa para 2014, após um projeto estável da equipe, é de um ano bom. “Começamos o ano bem, existia uma preocupação quanto às molas, porque padronizaram um modelo que não tinha nada a ver com o nosso. Testamos em Curitiba e, mesmo sem usar os pneus novos, ficamos em sexto. Aqui, fomos os mais rápidos com os pneus velhos. Continuo na mesma equipe, estamos cada vez mais entrosados e continuamos evoluindo bastante”.
Marcos Cozzi está pronto para mais uma temporada (Foto: Duda Bairros/Vicar)
Considerado uma porta de entrada para a Stock, o Brasileiro de Turismo tem se mostrado um importante espaço para novos e promissores pilotos se apresentarem ao automobilismo brasileiro. Entre os novos talentos de 2014, destacam-se nomes como Guilherme Salas e Pedro Saderi, ambos com 17 anos, chegando do kart. Para estes jovens, 2014 pode ser a janela para os grandes palcos. Mas os grandes palcos do turismo, não de monopostos. Mesmo ainda novos, ambos já praticamente descartaram uma incursão às fórmulas.
 
“É meu primeiro ano inteiro aqui, espero andar em segundo, terceiro, quero estar na frente. O nível é alto aqui, não dá pra chegar querendo ser campeão. Só fiz duas provas ano passado e o carro deste ano parece bom. "Eu já desisti de correr em ‘fórmula’. O que vale lá é dinheiro, aqui o que importa é o braço, você consegue avançar assim. O caminho é este mesmo”, disse o pole position Guilherme Salas, piloto da W2, que cravou 1min47s246, melhor tempo do fim de semana.
 
“O kart é muito leve, muito rápido. Acho que no carro tem que ter mais cabeça. No kart eu virava e acelerava, aqui tem marcha, precisa ter muita calma e pensar bastante. Vejo vídeos do traçado, o Rodrigo, engenheiro, me mostra a telemetria dos outros, mostra com que marcha faz a curva, como faz a curva e aí eu vou me achando. Claro, só encontramos o traçado na pista, mas antes de entrar já devo estar com o traçado mais ou menos na cabeça”, falou Pedro Saderi, novato da também estreante equipe Hitech.
 
O curioso sobre os jovens é que, embora ainda muito novos, já rechaçam a possibilidade de correr em categorias de monopostos. Segundos ambos é uma realidade irreal, onde não reina a meritocracia, mas o poder financeiro. 

“Eu já desisti de correr em fórmula. O que vale lá é dinheiro, aqui o que importa é o braço, você consegue avançar assim. O caminho é este mesmo”, disse Guilherme. 
 
“O sonho de qualquer piloto é chegar na F1, mas é muito difícil. Tem que ter muito dinheiro e é um meio, infelizmente, muito corrompido.  Você faz uma F3 aqui, aí não pode ir para a Europa, é inviável, precisa ter muito dinheiro, você precisa chegar lá em uma equipe de ponta, mostrando resultado. Não quero 'falir' o meu pai para tentar chegar à F1, bater na porta e voltar. Fomos mais pés no chão, viemos para o turismo e, se Deus quiser vamos andar na Stock, quem sabe atingir um sonho que é andar de DTM”, contou Pedro.
 
“Todo mundo sabe que não adianta ser cinco vezes campeão de kart que não vai ser isso que vai te abrir portas. Está entrando muito dinheiro de todas as partes. Fica muito difícil, não chegam os melhores, é raro alguém apoiar um piloto pelo talento… Eu mesmo vou direcionar meu filho visando o turismo. Meu sonho era a Nascar, já corri fora do Brasil. É o que eu gosto mesmo. Vou focar meu filho para um voo mais alto. Indico para alguns meninos que eu treino, que tomem o caminho do turismo e esqueçam a F1. Para chegar lá, só se for muito bem patrocinado”, afirmou Marco Cozzi.

Entre as equipes, a novidade é a chegada da Hitech à categorias nacionais. O tradicional time da F3 chega ao Brasil fazendo sua primeira incursão no turismo. Segundo o chefão da Hitech, Rodrigo Contin, ex-engenheiro da equipe britânica, a Stock Car é o objetivo, mas deve levar tempo.
 
"A única experiência da equipe no turismo, na verdade foi só minha, foi na Stock Car, com o carro do Diego Nunes, mas claro que a gente já pensava em entrar no turismo. Foi um primeiro passo para este ano colocar a equipe. Então, estamos aprendendo, vendo os segredos do turismo, também, claro, com a ambição de um dia chegar à Stock. Ainda vai levar um tempo, precisamos manter o pé no chão e aprender, vamos usar este ano, o próximo e vamos vendo. Vamos plantar agora e ver quando conseguiremos colher”, disse.
 
"O mercado nacional é muito forte em turismo. Claro que a gente gosta de estar em um cenário legal, competitivo e acho que a Stock Car é um lugar bem bacana”, completou.
 
Além de Guilherme Salas na pole, Edson Coelho, da RSports, com o tempo de 1min47s316, ficou com a segunda colocação, e João Pretto, da Mottin, marcou o terceiro tempo com 1min47s426. Marco Cozzi marcou o sexto tempo, enquanto Pedro anotou a 16ª melhor marca. A primeira corrida começa às 16h10.

O GRANDE PRÊMIO cobre ‘in loco’ as atividades da corrida de duplas da Stock Car durante todo o fim de semana com os repórteres Gabriel Curty, Pedro Henrique Marum e Renan do Couto e o fotógrafo Rodrigo Berton.

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