Opinião GP: Stock Car estreia formato em Santa Cruz do Sul duplo nas corridas e nos sentimentos

Se os pilotos apresentam claramente com um sentimento dicotômico, quem acompanhou as corridas de fora também pode estar tranquilamente, sem remorso. O formato geral precisa de uns bons ajustes para ficar decente e não desvirtuar o caráter da competição.

A STOCK CAR PÔS EM PRÁTICA neste domingo em Santa Cruz do Sul seu novo formato ‘duplicado’, com uma corrida principal de 40 minutos, um curto de intervalo de 20 para aprontar a casa, e uma nova bateria, de outros 20. Três opiniões de pilotos ajudam a dar uma base da avaliação. Cacá Bueno, depois da primeira prova, a que terminou em terceiro, disse que “o importante não é vencer”; Daniel Serra, após a segunda, resumiu que “foi bom, mas foi ruim”. Sérgio Jimenez desceu do pódio e, ao saber que dividia a liderança do campeonato com o terceiro lugar, definiu: “Frustrado, mas feliz”.
 
Se os pilotos apresentam claramente com um sentimento dicotômico, quem acompanhou as corridas de fora também pode estar tranquilamente, sem remorso. A segunda prova, que teve Antonio Pizzonia vencendo na arrancada final após a última curva, superando o então líder Jimenez, teve emoções a rodo e foi brilhante. Mas o formato geral precisa de uns bons ajustes para ficar decente e não desvirtuar o caráter da competição.
Antonio Pizzonia vence em Santa Cruz do Sul (Foto: Vanderley Soares/MF2)
O sistema atual acaba por impedir que o piloto se dê bem nas duas provas, e isso, por si só, é um antagonismo desportivo — como um piloto não pode brigar pela vitória? A tática das equipes acaba privilegiando uma ou outra. Por exemplo: a equipe de Valdeno Brito o pôs para ganhar a primeira, que dá mais pontos ao vencedor (24), e a segunda era meramente uma consequência – o paraibano teria de parar, reabastecer, fazer a novena e rezar. Cacá até poderia ter conseguido coisa melhor na segunda, depois de terminar a primeira em terceiro. Ainda assim, saiu do fim de semana no circuio gaúcho com um ponto a mais que Valdeno.
 
O intervalo de 20 minutos não deixa que os três primeiros sequer respirem: eles têm de estacionar o carro na posição de largada para a próxima prova, descer, ir para o pódio, comemorar discretamente e abrir a champanhe sem poder bebê-la ou espirrá-la nos adversários. Ainda, o tempo é curtíssimo para que os comissários analisem eventuais erros que comprometam decisivamente a segunda corrida e seu grid. Por exemplo: um transponder não pode falhar da forma que aconteceu com Allam Khodair, que cruzou em décimo lugar, mas não largaria na pole da segunda prova pelo erro do aparelho que identifica os tempos de volta. É algo que só é resolvido com as câmeras da transmissão porque ficou óbvio que Pizzonia, 11º, mas à frente na cronometragem, cruzou atrás do adversário.
 
Ainda, é injusto com quem não terminou a primeira corrida não poder largar na segunda. Não há muito sentido privá-los de uma prova em que já teriam desvantagem por terem de começar no fundo do pelotão. Se o carro tiver condições, que se deixe participar e recuperar o que não puderam conquistar na corrida inicial.
 
Jogar a etapa 1 para o sábado acaba não sendo uma alternativa viável porque deixaria o domingo absolutamente esvaziado. Já que a promotora Vicar toma conta de uma série de categorias, seria mais fácil encaixar uma ali no meio – a F3 Brasil –, antecipando um pouco o horário da primeira prova da Stock Car – 9h30 ou 10h, deixando a segunda para 11h30. Se não quiser mudar as regras de pneus e reabastecimento, que se pense em uma espécie de ‘Parque Fechado’ e impeça que os mecânicos toquem nos carros – só liberando para os que não terminaram.
Os boxes apertados acabam definindo muito mais as corridas e deixam as disputas em segundo plano (Foto: Bruno Terena/Red Bull)
Outro ponto nevrálgico são os pits – e aí não é culpa da Stock Car: os autódromos brasileiros, em sua maioria, não nasceram para proporcionar o maior dos espaços às equipes. Sempre há problemas nas trocas porque as imperfeições são muito maiores, quando comparadas às dos campeonatos principais. Ter dois itens que definem as corridas nos boxes, pois, é problemático: ora se troca um pneu, ora se troca três – não é muito compreensível uma troca de pneus em número ímpar —; ora se reabastece com um tanque, ora coloca dois, sempre com a preocupação de ter a poucos metros um carro concorrente parado, entrando ou saindo.
 
A Stock Car tem tido provas bem interessantes com pilotos do mais alto gabarito. Estudar alguns pontos quando implanta novas regras e mudá-los não é demérito. Se permitir aos pilotos que lutem para ganhar ambas as corridas e diminuir esse sentimento maniqueísta, já é um grandíssimo passo para ajustar este formato.

Opinião GP é o editorial do GRANDE PRÊMIO que expressa a visão dos jornalistas do site sobre um assunto de destaque, uma corrida específica ou o apanhado do fim de semana de automobilismo.
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