Vítima, Camilo critica Comissão “descabida” para investigar escândalo e diz que não tem confiança na CBA

Citado na conversa de comissários de prova pelo WhatsApp que deflagrou um escândalo sem precedentes na Stock Car e, por que não dizer, no automobilismo brasileiro em si, Thiago Camilo mostrou total desconfiança sobre a abordagem da CBA a respeito do caso e deixou claro: “Até que me provem o contrário, não confio neles”. O três vezes vencedor da Corrida do Milhão também criticou a entidade sobre a Comissão de Inquérito criada para investigar o caso

“Até que me provem o contrário, eu não confio”. Thiago Camilo não esconde de ninguém que tem o “pé atrás” com quem rege os rumos do automobilismo brasileiro. Um dos poucos pilotos que coloca na mesa o tom crítico contra a CBA (Confederação Brasileira de Automobilismo), Camilo foi um dos citados como vítima na conversa de um grupo de WhatsApp formado por comissários de prova que atuam — ou atuavam — na Stock Car, bem como Cacá Bueno, apontados como os “caras mais chatos” por um dos envolvidos na conversa, Paulo Ygor Dias. A reportagem, publicada pela ‘Folha de S.Paulo’, abalou as estruturas do esporte nacional e mostrou “uma situação vergonhosa que mexe com o automobilismo como um todo”, define o próprio Camilo.
 
Em entrevista exclusiva ao GRANDE PRÊMIO depois de ter fechado a sexta-feira (4) com o segundo melhor tempo dos treinos livres da Stock Car em Curitiba, Camilo falou sobre seu sentimento diante de fatos explosivos que antecedem a abertura da temporada 2016. Franco, Thiago deixou claro também que não está satisfeito também com a maneira como a CBA pretende conduzir a investigação, por meio de uma Comissão de Inquérito, para descobrir se de fato houve manipulação de resultados ou apenas uma “molecagem”, como descreveu Clóvis Matsumoto, outro envolvido na polêmica conversa no WhatsApp.
 
“Pra ser sincero, agora vou ter sempre o pé atrás, não tem como não ter. Até que me provem o contrário, até que as investigações sejam feitas, a gente vai ficar sempre receoso”, declarou o piloto do carro #21, que neste fim de semana tem como parceiro Lucas Di Grassi na Corrida de Duplas em Curitiba.
Thiago Camilo é claro: não confia na CBA (Foto: Duda Bairros/Vicar)
Da mesma forma que Cacá, Camilo acredita que o escândalo da “Máfia do Parque Fechado” pode ser o pontapé inicial para uma moralização no automobilismo brasileiro. “Acho que é um divisor de águas porque, de fato, o que a gente tem de aproveitar neste momento é fazer com que a CBA profissionalize os comissários, talvez trazendo algum piloto, alguém que tenha o ponto de vista de quem está dentro do carro, que às vezes tem uma visão diferente de quem está de fora”, sugeriu, na mesma linha do que a F1 adota hoje com o piloto-comissário.
 
“Os pilotos têm a visão de quem está dentro do carro, enquanto o comissário julga sem experiência porque não tem o treinamento adequado. Isso nem é culpa do comissário, vamos ser claros. É culpa da CBA, que o nomeia para julgar uma situação de corrida, de prova, seja o que for”, disparou Thiago.
 
Aos 32 anos, Camilo está no rol dos principais pilotos do grid da Stock Car há algum tempo. E, além de competência, o paulista jamais economizou no tom das suas críticas à CBA. Por tal razão, Thiago entende que há até mesmo certa perseguição. “O fato de o meu nome ter sido citado — e o do Cacá também — tem a ver por nós dois pensarmos um pouco parecido nesse sentido de defender o certo e não se preocupar com o que possa acontecer futuramente, se isso vai prejudicar numa situação de corrida ou numa interpretação de regulamento, é muito por conta disso. Porém, é o que eu falei: acho que tem o lado positivo disso tudo. Porque, se houve alguma coisa pessoal, vai ser mais grave ainda”, bradou.
Thiago Camilo entende que falta união dos pilotos da Stock Car para encarar de frente a CBA (Foto: Duda Bairros)
Na última quarta-feira, a CBA, presidida por Cleyton Pinteiro, confirmou a instauração da Comissão de Inquérito a partir deste sábado (5) para apurar eventuais irregularidades nas atividades técnicas praticadas por oficiais de pista em provas da categoria. A Comissão será presidida pelo piloto indicado pela Associação Brasileira de Pilotos de Automobilismo, a ABPA, Felipe Giaffone, tendo também o tricampeão da Stock Car, Chico Serra, e Robson Duarte, Presidente da Federação de Automobilismo do Estado do Espírito Santo.
 
A entidade determinou que a Comissão vai ter 30 dias para apresentar o relatório final sobre o caso. E é aí que Camilo discorda veementemente. “Não gostei. Achei completamente descabido. Acho, em minha opinião, que essas pessoas teoricamente nomeadas para apurar o inquérito, a acusação, são pessoas que poderiam agregar, mas nunca por si só deveriam investigar. Isso deveria ser responsabilidade da CBA. E o que a CBA fez nesse caso foi tirar o corpo fora”, disse Thiago, apostando em ‘pizza’.
 
“E, na minha cabeça, o que vai acontecer? Vão faltar provas, porque é uma conversa de WhatsApp, por isso requer uma investigação mais ampla. E como o Chico Serra, um presidente de automóvel clube do Espírito Santo e uma pessoa nomeada pela Associação, que seja o Felipe Giaffone, vai ter acesso a qualquer tipo de coisa da CBA do passado, se houver, ou que prove a situação envolvendo os comissários? Não tem como!”, analisou.
 
“Tem que ser feito por profissionais, por pessoas capacitadas, e aí, sim: se essas pessoas agregarem à investigação, tudo bem, mas não que em 30 dias eles têm de soltar um laudo dizendo se houve ou não manipulação de resultados, se as acusações são verdadeiras ou não. O que a gente sabe que foi verdadeiro, no momento, são as conversas. Se houve ou se não houve, como a gente vai descobrir? Na minha opinião, isso precisa ir mais a fundo, de modo que 30 dias de prazo é muito pouco. O que vai acontecer? O laudo provavelmente vai ser inconclusivo, porque não vamos ter provas à altura para provar por A mais B o que aconteceu ou não, e pode ser que tudo continue como está”, analisou.
Camilo entende que o tempo determinado pela CBA para apuração dos fatos (30 dias) é muito curto (Foto: Duda Bairros / Vicar)
Assim, Camilo entende que a união entre os pilotos para pressionar o órgão máximo do automobilismo nacional e tentar uma mudança profunda seja a melhor solução. “Acho que esse período é importante, principalmente de união dos pilotos, para gente tentar fazer alguma coisa que se reverta”, disse. Contudo, o paulista é cético e entende que, na prática, é cada um por si na Stock Car.
 
“Para ser bem sincero, não senti [união entre os pilotos]. Acho que ainda há pilotos que adotam a política da boa vizinhança, que ficam querendo fazer o meio de campo. A verdade é que em muitas das situações cada um olha para o seu próprio umbigo. E só quando há uma situação que envolve um piloto, ele vai lá, fala com a imprensa. Mas numa situação como essa, isso não envolve só a mim, ou só o Cacá, envolve o automobilismo como um todo”, afirmou Camilo, para fazer um apelo. “É preciso esquecer um pouco os nomes e olhar para o automobilismo como um todo, tentar buscar uma melhora, mas infelizmente a gente não vê disposição e união. Nesse momento, não vejo outra alternativa a não ser aproveitar esse apoio da imprensa, que está sabendo de um escândalo como esse, e buscar uma certa melhoria para o automobilismo de uma maneira geral”, complementou.
 
Camilo cobrou de Maurício Slaviero, diretor da Vicar, empresa que promove e organiza a Stock Car, que “vá atrás de certa forma e saber se aconteceu, de uma forma ou de outra. Que a Stock Car procure meios junto à CBA, junto a essas pessoas, para chegar a uma conclusão final se houve ou não manipulação de resultados”. 
 
E, por fim, o piloto, ao ser questionado sobre a adoção de uma liga como alternativa viável à Stock Car, preferiu ser cauteloso. “Acho que pode ser o melhor caminho, mas não agora. Acho que agora o ideal é tentar brigar pelo que a gente tem e melhorar o que a gente tem. A liga seria o ideal, mas é uma situação que envolve muita coisa, não é tão simples assim ser uma categoria independente e não fazer parte da CBA. Quem sabe? A Nascar age por si só, mas ela praticamente nasceu assim”, concluiu Thiago Camilo, sonhando com novos tempos, novos rumos e, sobretudo, com a moralização do automobilismo brasileiro.
 
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