A WILLIAMS FOI protagonista, neste domingo (23), em Spa-Francorchamps, de uma das maiores trapalhadas dos últimos tempos na F1. No momento do primeiro pit-stop de Valtteri Bottas, na oitava volta da corrida belga, a equipe inglesa simplesmente confundiu um dos pneus e acabou colocando no carro do finlandês três compostos macios novos, os de risca amarela, e um médio, de cor branca, na roda traseira direita. O grotesco e quase amador erro foi mostrado ao vivo e não deixou dúvidas sobre o tamanho da gafe cometida pelos mecânicos. Mais que isso, a desastrosa troca arruinou completamente a prova de Bottas, que tentava um pódio ou, ao menos, um top-5. O piloto foi punido com um drive-through antes que pudesse refazer o pit-stop. Uma vez mais, a equipe britânica se apequenou. E não foi a primeira vez.
Não é de hoje que a Williams é questionada pelo extremo conservadorismo em suas decisões estratégias. O time possui dois ótimos pilotos, além de um bom carro, que é empurrado pelo forte e consistente motor Mercedes, então é difícil de explicar o modo como a esquadra trabalha. A verdade é que, desde o ressurgimento em 2014, sempre se espera mais de Grove.
Williams comete erro histórico: colocou pneus diferentes no carro de Bottas (Foto: Reprodução TV)
O time britânico defende essa postura do não risco, preferindo obedecer à cartilha pré-estabelecida nas reuniões que antecedem às provas – o próprio diretor-técnico da Williams, Pat Symonds, resiste à qualquer mudança nesse sentido. Só que esse tipo de comportamento vem cobrando seu preço. E, às vezes, é alto demais, como já aconteceu em Silverstone nesta temporada.
A Ferrari conseguiu um avanço técnico impressionante e chegou a assustar, mas a equipe de Felipe Massa veio aos poucos tentando a recuperação e foi ao pódio antes do esperado, no Canadá. Portanto, é certo dizer também que a Williams melhorou com relação ao ano passado, mas a sensação geral é que ainda falta alguma coisa para que os ingleses enfim comecem a lutar de fato por vitórias ou, ao menos, que incomodem a Mercedes. Só que o episódio em Spa serviu para jogar luz, mais uma vez, para as deficiências que a esquadra ainda possui.
E algo que realmente choca neste caso, especificamente, foi a forma como a cúpula do time, sobretudo Rob Smedley, o homem que dá a cara para bater na equipe inglesa, reagiu ao que aconteceu. Dizer depois que
“ninguém percebeu” é primitivo e infantil, até porque, se ele dissesse que alguém percebeu, e ficou por isso mesmo, era a assinatura do atestado de incompetência. Nem a pequena Manor Marussia, com todos os seus problemas, cometeria uma gafe dessas…
“Estou claramente desapontado pelo que aconteceu com Valtteri. Como equipe, cometemos um erro, e em nome dela, eu sinto muito por ter custado o que poderia ter sido um pódio. Haverá uma investigação dos processos para entender o que aconteceu e instalar um procedimento para que isso não se repita mais”, bradou o engenheiro inglês.
De fato, é o que a Williams precisa agora. Investigar, trabalhar, ousar. Ou será sempre a causadora de suas próprias mazelas. Não há carro perfeito que resista a isso. O que fica da confusão do pit-stop de Bottas, da resposta dos chefes e de episódios anteriores de decisões erradas é que a Williams ainda precisa percorrer um longe caminho antes de retornar de fato ao topo da F1.
E em um exercício mais profundo também é de se pensar como a equipe se comportaria se tivesse, como era esperado, dado um grande salto de qualidade em 2015, colocando-se diante de uma disputa mais acirrada com a Mercedes. Erros como esse, certamente, não seriam tolerados. Nem táticas apáticas. Por isso, a dúvida permanece sobre quando ou se a Williams terá condições de voltar a brigar por vitórias e títulos em um futuro breve.
O Opinião GP é o editorial do GRANDE PRÊMIO que expressa a visão dos jornalistas do site sobre um assunto de destaque, uma corrida específica ou o apanhado do fim de semana de automobilismo.
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