Niki Lauda, Alain Prost, Nigel Mansell, Michael Schumacher, Kimi Räikkönen, Fernando Alonso: além de terem sido campeões mundiais, tais pilotos protagonizaram ano(s) sabático(s) na Fórmula 1. Tendo a volta de Alonso ao grid em 2021, o GRANDE PREMIUM relembra como foi o regresso de cada um deles à categoria

De tempos em tempos, a Fórmula 1 se depara com grandes campeões a caminho da aposentadoria. Nada mais natural, pois. Mas depois de um período sabático, que pode durar um ou mais anos, grandes nomes do esporte a motor voltaram à ativa na maior das categorias do automobilismo e muitos deles alcançaram o sucesso em um segundo ciclo no grid.

No GP do Bahrein que abriu a temporada 2021 da Fórmula 1, no último domingo de março, Fernando Alonso consolidou seu regresso dois anos e três meses depois da primeira despedida. O bicampeão do mundo mostrou que está em plena forma, parecendo até que jamais havia deixado o grid, e andou bem com o carro da Alpine, sobretudo na classificação, embora tivesse abandonado a corrida em razão de um saco de embalar lanche que entrou no duto traseiro do freio do seu carro.

A volta de Alonso à Fórmula 1 traz à baila os períodos sabáticos de grandes campeões. Niki Lauda e Alain Prost ficaram um período longe das pistas e, quando regressaram, voltaram a ser campeões. Nigel Mansell e Kimi Räikkönen conquistaram vitórias, enquanto Michael Schumacher, o maior campeão de todos ao lado de Lewis Hamilton, teve uma passagem mais apagada. O que será de Alonso nesta sua segunda passagem na Fórmula 1?

A seguir, o GRANDE PREMIUM relembra como foi o regresso de cada um dos grandes campeões ao Mundial de Fórmula 1 após ano(s) sabático(s).

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Niki Lauda

Campeão mundial em 1975 e 1977 e vice em 1976, o austríaco, que renasceu das cinzas naquele acidente pavoroso em Nürburgring, decidiu deixar as pistas em 1979 depois de ter disputado as duas últimas temporadas com a Brabham. O lendário piloto se dizia entediado por “andar em círculos” e deixou para trás um bom contrato com Bernie Ecclestone, que era válido por mais um ano.

Durante seu hiato longe das pistas, Lauda se dedicou principalmente à sua companhia aérea, a Lauda Air. No entanto, em 1981, quando convidado por uma emissora para ser comentarista durante o GP da Áustria, Niki viu que o amor pela F1 e pela velocidade como um todo ainda estava lá.

Em contato com Ron Dennis, Lauda conseguiu um teste em Donington Park. O piloto foi muito bem e despertou não só o interesse da McLaren. Antes de assinar contrato, o austríaco despertou o interesse da Williams e até da sua antiga equipe, a Brabham, que tinha Nelson Piquet como grande estrela. Mas o acordo de Lauda foi mesmo firmado com Ron Dennis, e o então bicampeão voltou à Fórmula 1 em 1982 com a McLaren, sendo companheiro de equipe de John Watson. “Quero um novo desafio”, disse.

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NIKI LAUDA; 1982; MCLAREN;
Em 1982, pela McLaren, Niki Lauda regressou ao Mundial depois de dois anos sabáticos (Foto: McLaren)

O retorno de Lauda à Fórmula 1 aconteceu no GP da África do Sul, em Kyalami. Niki foi o 13º colocado no grid de largada e, na corrida, conseguiu recuperar muitas posições para finalizar na quinta posição. A vitória ficou com Alain Prost.

Lauda chegou ao tricampeonato em 1984. Ao fim da temporada seguinte, se aposentou de vez como piloto, mas fez história também como dirigente, sendo um dos pilares fundamentais da Mercedes como presidente não-executivo até sua morte, em 2019.

Alain Prost

Assim como Niki Lauda, Ayrton Senna e Nelson Piquet, Alain Prost foi um dos protagonistas da Fórmula 1 na década de 1980. Campeão do mundo em 1985, 1986 e 1989, o ‘Professor’ deixou a McLaren ao fim do ano em que conquistou o tricampeonato, na esteira da sangrenta rivalidade com Senna, e se mudou para a rival Ferrari.

Na equipe italiana, Prost não conseguiu bater o brasileiro e viu o adversário igualá-lo em número de títulos em 1991. Ao mesmo tempo, o francês acompanhou a ascensão da Williams como a grande força do grid no começo da década de 1990 e mostrou insatisfação com a falta de competitividade da Ferrari, chamando o carro daquele ano de ‘caminhão’. Foi demitido e ficou fora do grid para 1992. Mas o piloto tinha uma carta na manga.

Com o ‘carro do outro planeta’, a equipe britânica alçou Nigel Mansell ao título de 1992 de forma retumbante. Só que a Williams optou por não renovar o contrato com o ‘Leão’ e dispensou ninguém menos que o campeão do mundo. Quem foi contratado para seu lugar? Alain Prost.

ALAIN PROST; WILLIAMS; 1993;
Alain Prost venceu o chuvoso GP da África do Sul de 1993 com a Williams (Foto: Williams)

Também em Kyalami, na África do Sul, Prost conquistou a pole-position da prova que abriu a temporada 1993 com apenas 0s088 de vantagem para o arquirrival Ayrton Senna. Na corrida, Alain caiu para terceiro, atrás de Senna e Schumacher.

O brasileiro assumiu a liderança e ficou na ponta por 23 voltas, mas não conseguiu segurar o melhor ritmo do Williams-Renault FW15C e foi ultrapassado por Prost, que venceu com facilidade. Foi o início da arrancada para o tetracampeonato e, no fim das contas, para o desfecho definitivo da sua carreira como piloto na F1.

Nigel Mansell

Defenestrado pela Williams ao fim de 1992 para dar lugar a Prost, Nigel Mansell cruzou o Atlântico e foi correr na Indy pela tradicional e saudosa Newman-Haas. Lá, fez história e mostrou que o título na Fórmula 1 no ano anterior não era por acaso. O britânico conquistou o título da Indy logo na sua primeira temporada, em 1993, e lá permaneceu por mais um campeonato.

NIGEL MANSELL; WILLIAMS; 1994;
Nigel Mansell quebrou seu período longe da F1 e voltou em 1994 para ocupar o carro que era de Senna (Foto: Williams)

Entretanto, com a morte trágica de Ayrton Senna, o ‘Leão’ foi chamado pela equipe que o desprezou para assumir o carro #2 que era de Senna em provas que não conflitavam com sua agenda nos Estados Unidos. Em 1994, Mansell fez quatro GPs: França, Europa (em Jerez), Japão e Austrália, onde venceu a última corrida do ano e da sua carreira na F1.

Em Magny-Cours, Mansell foi muito bem na classificação e obteve o segundo lugar no grid, ficando só atrás de Damon Hill, seu companheiro de equipe naquele fim de semana. Na corrida, o campeão de 1992 se encaminhava para o pódio, mas abandonou o GP da França em razão de problemas hidráulicos no carro.

Michael Schumacher

O heptacampeão mundial encerrou seu primeiro ciclo na Fórmula 1 no auge da forma, em 2006, como piloto da Ferrari. Mas desde então, jamais deixou a velocidade de vez. Correu até em provas de motovelocidade na Alemanha, chegou a sofrer algumas lesões, mas esteve sempre próximo do esporte a motor. Chegou a ser até cotado pela própria equipe para substituir Felipe Massa após o grave acidente sofrido pelo brasileiro na Hungria, mas desistiu.

Contudo, no fim daquela temporada, Schumacher surpreendeu o mundo ao confirmar seu retorno à F1. Em gesto de gratidão à marca que foi fundamental para seu crescimento no automobilismo, o alemão assinou contrato de três anos com a Mercedes, que voltava ao grid como equipe depois de mais de 50 anos. A fábrica alemã regressava depois de adquirir a Brawn GP, surpreendente campeã do ano anterior.

MICHAEL SCHUMACHER; MERCEDES; GP DO BAHREIN; 2010;
Michael Schumacher voltou à F1 no GP do Bahrein de 2010 (Foto: Ercole Colombo)

Mas a trajetória de Schumacher na equipe prateada foi bastante difícil desde o início. Mesmo muito bem na forma física, o piloto, já com 41 anos, teve de encarar um ‘osso duro de roer’ dentro da própria Mercedes: Nico Rosberg, seu novo companheiro de equipe.

No GP do Bahrein de F1 em 2010, corrida que marcou seu retorno às pistas, vencida pela Ferrari de Fernando Alonso, Schumacher largou em sétimo lugar, duas posições atrás de Rosberg, e completou a disputa em sexto, enquanto Rosberg foi o quinto.

Nos três anos em que correu pela Mercedes, Schumacher teve como melhor resultado o terceiro lugar no GP da Europa, disputado nas ruas de Valência, ao fim da temporada 2012. No GP do Brasil daquele ano, Michael concluiu de vez sua trajetória no Mundial.

Kimi Räikkönen

O ‘Homem de Gelo’ estreou na Fórmula 1 em 2001, pela Sauber, e um ano depois já estava na poderosa McLaren. Kimi Räikkönen foi um dos grandes nomes da Fórmula 1 no início do século, despontou com chances de título em 2005, mas só chegou ao topo mesmo quando foi contratado a peso de ouro pela Ferrari, em 2007, para substituir Michael Schumacher.

Kimi foi campeão na esteira da rivalidade entre Alonso e Lewis Hamilton e alcançou o título de forma improvável no GP do Brasil de 2007, graças também à ajuda de Felipe Massa. No ano seguinte, o finlandês foi superado pelo brasileiro no confronto interno da equipe italiana e em 2009, com um carro bem inferior aos da Brawn, Red Bull e até Toyota, conquistou só uma vitória.

KIMI RÄIKKÖNEN; LOTUS;
Kimi Räikkönen em ação pela Lotus no GP da Austrália de 2012 (Foto: LAT/Lotus)

Räikkönen deixou a Fórmula 1 ao fim daquela temporada e foi desbravar novos horizontes: desde o Mundial de Rali, com a Citroën, e etapas da Nationwide Series (hoje Xfinity) e Truck Series, duas das principais divisões da Nascar. Mas Kimi encerrou seu período sabático de dois anos ao ser contratado pela Lotus para uma nova incursão na Fórmula 1 a partir de 2012.

E o finlandês começou bem demais sua nova passagem pela F1. Mesmo com uma classificação que não foi tão boa, com o piloto ficando apenas em 17º lugar no grid do GP da Austrália, em Melbourne. Na corrida, o ‘Homem de Gelo’ foi o sétimo colocado e deu início a um grande campeonato, no qual concluiu em terceiro lugar, só atrás dos protagonistas Vettel e Alonso.

Aos 41 anos, depois de ter passado por Lotus e novamente pela Ferrari, Kimi segue no grid até hoje e atualmente representa a Alfa Romeo no terceiro ano do seu contrato com a equipe ítalo-suíça.

Fernando Alonso

Bicampeão mundial em 2005 e 2006 como piloto da Renault, Fernando Alonso entrou para a galeria não somente dos grandes pilotos do século, mas da Fórmula 1 como um todo na história. Da equipe francesa, o asturiano foi contratado pela McLaren, ficou apenas um ano em relação corroída pela rivalidade tóxica com Hamilton, voltou para a Renault, onde ficou dois anos, e assinou um contrato de longa duração com a Ferrari.

Pela equipe de Maranello, Alonso ficou muito perto do título em 2012, fazendo sua melhor temporada, segundo avaliação própria, e saiu ao fim de 2014. Em nova aliança com a McLaren, Fernando tornou-se líder de um casamento entre a equipe britânica e a Honda. Mas a união foi de enorme fracasso e nunca permitiu ao espanhol lutar novamente por títulos.

FERNANDO ALONSO; FÓRMULA 1; ALPINE; F1 2021;
Fernando Alonso minutos antes de fazer sua primeira corrida neste retorno à F1 (Foto: Alpine F1 Team)

Sem equipamento o bastante para refletir com resultados o enorme talento e capacidade, Alonso buscou novos horizontes, chocou o mundo do esporte ao aceitar o desafio de correr as 500 Milhas de Indianápolis e fazer as 24 Horas de Le Mans. Fernando estava desgostoso com a Fórmula 1 e, ao fim de 2018, tirou o time de campo.

Alonso jamais fechou totalmente as portas para um retorno à categoria. Por dois anos, se manteve na ativa e conquistou competições importantes, venceu novamente as 24 Horas de Le Mans e triunfou também nas 24h de Daytona, foi campeão do Mundial de Endurance, fracassou uma vez ao tentar um lugar no grid da Indy 500 e, em 2020, foi um mero coadjuvante em Indianápolis. Alonso ainda se divertiu no Dakar do ano passado, na Arábia Saudita.

Mas a saída de Daniel Ricciardo da Renault para a McLaren abriu uma oportunidade para a marca francesa promover o retorno de Alonso. O bicampeão foi contratado para ser o principal nome da nova Alpine e liderar um projeto que tem como foco principal a revolução das regras da F1 em 2022.

O GP do Bahrein marcou de vez o regresso de Fernando à F1, mas a sensação que ficou é que o espanhol jamais ficou fora do grid. Com ótimo desempenho na classificação e um ritmo de corrida mais complicado, muito mais em função da falta de performance do carro francês, Alonso deixou, no fim das contas, uma ótima impressão, ainda que saiba que vai precisar ter paciência neste primeiro ano do seu retorno. O próprio piloto sabe que títulos são difíceis. Enquanto 2022 não vem, Fernando sonha com vitórias e pensa, principalmente, em curtir sua volta à F1.

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