5° dia de testes traz inversão de papeis: Ferrari manda bem e Mercedes decepciona

A Ferrari somou 145 voltas e liderou, isso enquanto a Mercedes quebrou após apenas 61. Isso não quer dizer que a temporada de uma será um sonho e que a da outra será um pesadelo, mas deixa claro que ainda há uma grande zona cinzenta quando o assunto é determinar a divisão de forças no grid

A narrativa da pré-temporada da Fórmula 1 já estava bem definida nos quatro primeiros dias de testes. A Mercedes acertou a mão no W11, isso enquanto a Ferrari está perdidinha com a SF1000. Não dá para dizer que essas afirmações viraram mentira, mas a quinta-feira (27) trouxe um novo panorama: no dia em que Sebastian Vettel liderou e acumulou muita quilometragem com o carro avermelhado, foi a vez do prateado quebrar na pista e perder tempo precioso.
 
Já estava na cara que o dia seria diferente desde a madrugada. Choveu nas redondezas de Barcelona, o que deixou o asfalto ainda bastante molhado quando a bandeira verde foi agitada, às 8h locais. Ninguém se esforçou muito em somar voltas nas primeiras duas horas de atividade, dada a dificuldade de manter o carro na pista. Vettel, Valtteri Bottas e Max Verstappen passearam pela brita por causa disso, com o holandês sendo o único a atolar de vez. A Mercedes deu 47 voltas com Bottas, número não tão impressionante, imaginando que seria melhor apostar as fichas na tarde, com asfalto bem melhor e Lewis Hamilton ao volante.
 
Só que, 14 voltas depois, o W11 quebraria. Foi a primeira vez que o novo bólido estacionou na pista, sofrendo de problemas na unidade de potência que deixaram a caixa de câmbio presa na terceira marcha. O total de 61 voltas é, de longe, o pior da Mercedes em um dia da pré-temporada 2020. Serviu para ver que os atuais campeões, mesmo já com contornos de favoritismo ao título, não são infalíveis.
Sebastian Vettel teve mais motivos para sorrir nesta quinta-feira (Foto: Ferrari)

Isso enquanto o dia de Vettel corria bem. Não sensacional, já que a forte ventania em Barcelona impedia o alemão de conseguir voltas verdadeiramente representativas. Ainda assim, veio o melhor tempo da quinta-feira, 1min16s841. Só que o que talvez traga ainda mais conforto é o total de voltas: 145. Não houve grandes períodos de tempo estacionado na garagem, o que poderia indicar falhas mecânicas. Nem mesmo a tentativa de Vettel de azedar planos com um passeio pela brita deu certo.

 
Seria loucura insinuar que a Ferrari está de alguma forma próxima da Mercedes só porque uma esteve bem e outra esteve mal. Mas é um momento que tem mais a ver com a realidade: a temporada dos italianos não será desastrosa por causa de uma falha mecânica na primeira semana, assim como a alemã não será primorosa por lideranças e voltas rápidas. As previsões de pré-temporada sempre começam intensas, mas depois tendem a se diluir em cenários mais plausíveis.
 
Olhando para equipes menos privilegiadas, o dia foi de alento. A AlphaTauri, que ainda não havia mostrado muito seu potencial em 2020, somou 139 voltas numa tacada só e teve simulação de corrida promissora com Pierre Gasly, segundo mais rápido. A Racing Point manteve a tendência de quase sempre estar no top-3 da tabela de tempos, agora com Lance Stroll, e já faz rivais concordarem quase em uníssono que o RP20 é bem-nascido.
Lewis Hamilton presenciou a primeira quebra do W11 em pista (Foto: Mercedes)

E aí chegamos na Williams, que merece um parágrafo para chamar de seu. A equipe, que precisou catar meia dúzia de peças em Grove para sequer participar de toda a pré-temporada de 2019, conseguiu a proeza de ser a que mais andou no quinto dia de testes de 2020. 158 giros para Nicholas Latifi, afastando os fantasmas de já duas quebras mecânicas em sessões anteriores. E não foi só andar por andar: o quarto melhor tempo, ainda que apelando para os pneus macios, fortalece a impressão de um contato com o pelotão intermediário. A dimensão dessa aproximação ainda é uma incógnita, mas certamente é sentida.

 
Restam apenas oito horas de pista antes do ponto final na pré-temporada da F1. As equipes, então, vão empacotar tudo para a Austrália. Serão mais dias de previsões, com muitas delas se provando furadas. E está tudo bem. É só o tempo que pode permitir discernir o branco do preto nessa grande zona cinzenta que é a divisão de forças das escuderias em 2020.

O GRANDE PRÊMIO cobre AO VIVO, em TEMPO REAL e 'in loco' os testes de pré-temporada da F1 em Barcelona com o repórter Vitor Fazio. Siga tudo aqui.

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