Alfa Romeo decepciona, entra de férias atrás da Williams e já se movimenta para 2022

Com apenas três pontos e já sete abaixo da Williams, a Alfa Romeo é uma das grandes decepções da temporada 2021 da Fórmula 1. Com resultados inferiores ao que se esperava, os italianos já flertam com Valtteri Bottas e podem acabar trocando Kimi Räikkönen e Antonio Giovinazzi em uma tacada só

A Alfa Romeo entra de férias na F1 2021 com duas questões que precisam ser resolvidas: motivação e ritmo de corrida. A primeira é um fator importante: a equipe sediada em Hinwil marcou 57 pontos no Mundial de Construtores de 2019, com a mesma dupla de pilotos, mas só conseguiu 3 na primeira parte do calendário de 2021, algo muito próximo da terrível temporada 2020. A segunda falha aponta para um aspecto técnico, em um time que costuma participar regularmente do Q2 das classificações, mas que, no dia da corrida, seu progresso desaparece. E é assim que a Alfa Romeo já está abaixo da Williams, grande rival no fundo do pelotão.

Este panorama sombrio para a equipe ítalo-suíça tinha uma cor diferente no início da temporada. Apesar de seu diretor, o francês Frédéric Vasseur, estar ausente por ter testado positivo para Covid-19 antes dos testes coletivos de Bahrein, a Alfa Romeo foi a equipe que mais andou na pré-temporada, com 422 voltas, sem problemas de confiabilidade ou de projeto do carro, que sofreram equipes de ponta como a Mercedes. O time mostrou consistência e continuou flertando com o top-5 nos três dias de atividade, e a recuperação parecia possível depois da falta de resultados de 2020, quando marcou apenas 8 pontos na temporada.

Mas a força da Alfa Romeo naquele circuito no meio do deserto foi apenas uma miragem. O acerto do teste só foi conveniente para aquela pista, onde ambos os pilotos chegaram perto dos pontos, mas tudo terminou com o 11º lugar para Kimi Räikkönen e o 12º para Antonio Giovinazzi. Na Emília-Romanha, a dupla não conseguiu capitalizar a classificação como seu ponto forte e ficou fora do Q2 pela única vez nas onze etapas realizadas até agora.

Antonio Giovinazzi terminou em 14º e último lugar na Hungria (Foto: Alfa Romeo)

Até o GP de Mônaco, o cenário não mudava, até coincidir com o desempenho da Ferrari. Os de Maranello se mostraram competitivos em circuitos lentos, e foi ali que a Alfa Romeo também conseguiu pontuar pela primeira vez, com o décimo lugar de Giovinazzi em Monte Carlo. O italiano se beneficiou dos abandonos de Charles Leclerc, que não conseguiu largar devido a um problema de transmissão após seu acidente na classificação, e Valtteri Bottas, que deixou a prova em razão de uma porca encravada durante o pit-stop da Mercedes.

Essa metade da primeira parte da temporada foi o melhor momento do ano da Alfa Romeo, quando chegou aos pontos pela segunda vez consecutiva, na corrida de rua de Baku, com a décima posição de Räikkönen. Entretanto, este último resultado não teve o brilho do anterior, sobretudo em razão dos abandonos de Esteban Ocon, Lance Stroll, Max Verstappen, George Russell e ao atraso de Lewis Hamilton, que pressionou erroneamente o ‘botão mágico’ no W12, que o fez cair para 15º na relargada da prova, vencida por ‘Checo’ Pérez, da Red Bull.

A partir dali, a Alfa Romeo voltaria a ficar para trás. Por essa razão, a equipe se concentrou em melhorar o desempenho de Räikkönen na classificação, que, embora em 2020 estivesse roda com roda com Giovinazzi, em 2021 vinha muito atrás de seu colega de equipe italiano em posições de largada. No GP da Áustria, o espanhol Xevi Pujolar, engenheiro de pista da equipe, disse: “Vamos tentar algumas coisas e ver se conseguimos colocar o Kimi no Q2. Ter os dois carros na segunda parte [da classificação] nos ajuda a evoluir. Para nós, a prioridade será estar à frente da Williams”.

No entanto, o finlandês só chegaria no Q2 no caótico GP da Hungria, onde a Alfa Romeo conseguiu seu terceiro ponto no campeonato graças aos abandonos causados pelo strike de Bottas e à desclassificação de Sebastian Vettel. Assim, a equipe baseada em Hinwil vai para a segunda metade do campeonato à frente da Haas, mas sete pontos atrás da Williams, abalando os desejos dos comandados de Vasseur.

Kimi Räikkönen segue com o futuro indefinido na Alfa Romeo (Foto: Alfa Romeo)

C41: uma esperança que não se concretizou

O antecessor do Alfa Romeo C41 é o C39, utilizado em 2020, porque o C40 é o carro que estreará com o novo regulamento em 2022. Em comparação com o do ano passado, a equipe apresentou um novo formato no bico para melhorar seu desempenho aerodinâmico, bem como os cortes no assoalho da traseira que foram obrigatórios pelas novas regulamentações técnicas de 2021.

Apesar da animadora pré-temporada, os resultados não chegaram. Se, em 2019, aquele potente e controverso motor Ferrari era a carta na manga de uma Alfa Romeo que podia entrar no top-10 por seus próprios meios e sem tirar proveito de incidentes, desta vez a unidade de potência entregue pela Ferrari não tem agregado muito.

Por outro lado, a chegada de um novo regulamento técnico, como em todas as equipes, trouxe a necessidade de mudança de prioridades. E, diante do orçamento austero da Alfa Romeo, os esforços para a próxima temporada começaram cedo. Em abril, o diretor técnico da equipe, Jan Monchaux, foi claro em uma entrevista à revista alemã Auto Moto und Sport sobre isso.

“Já estamos em 2022. O foco no carro desta temporada teria consequências muito graves para o projeto do próximo ano, que seria interrompido. Não temos nem mesmo certeza de que encontraríamos muito mais de um 0s1 com muito esforço. Nós, na equipe, ainda sofremos quando a Sauber não acertou quando um novo conjunto de regulamentos entrou em vigor em 2017. Não queremos que isso aconteça novamente”, avisou.

Valtteri Bottas: rumando para Alfa Romeo? (Foto: AFP)

Motivação ao volante?

“A motivação com a equipe é boa”, disse Pujolar, na Áustria, enquanto Vasseur revelou em uma entrevista ao site oficial da Fórmula 1 que Räikkönen passa horas no simulador para tentar fazer evoluir o C41. “É impossível lutar contra os outros, temos de acordar e fazer algo. Após a largada, estávamos bem, mas à medida que continuávamos, eu tinha de olhar cada vez mais nos retrovisores do que na frente”, disse o finlandês depois de Silverstone, onde terminou em 15º lugar. A falta de competitividade também acrescenta erros de equipe, como a falta de comunicação na saída das boxes do finlandês, que acertou Nikita Mazepin no pit-lane e foi punido.

O desejo do finlandês de virar o jogo é evidente. Mas a perda de desempenho na classificação, juntamente com seus próprios erros, como o que cometeu no GP da Áustria, onde tirou Sebastian Vettel da corrida após uma manobra errática na volta final, ou no GP português, onde tocou a traseira de seu companheiro de equipe por estar distraído, colocam em dúvida se Kimi deve ou não continuar na categoria.

Um dos ex-pilotos da F1 que comentou sobre a situação de Räikkönen foi David Coulthard, ex-companheiro dele na McLaren.

“Eu me aposentei aos 37 anos. E é quando você de repente começa a cometer erros e não quer admitir que eles são sua culpa, mas são. Você também tem menos concentração, especialmente quando se trata de terminar uma corrida. É algo que também foi notado em Michael Schumacher em seu último ano na Fórmula 1”, opinou.

A incerteza sobre o futuro de Räikkönen também é semelhante com Giovinazzi, que tem como trunfo para uma eventual renovação o melhor desempenho em classificação na comparação com Kimi. Mas também enfrenta um forte rival como Mick Schumacher, membro da Academia de Pilotos da Ferrari.

Entretanto, ainda que fique sem lugar, Giovinazzi está confirmado para continuar como piloto reserva da Ferrari em 2022, de acordo com as palavras de Mattia Binotto para o jornal Gazzetta dello Sport.

O GRANDE PRÊMIO, por sua vez, apurou que uma opção realista para ocupar um dos lugares da equipe é Bottas, que deve perder seu lugar na Mercedes para George Russell, da Williams. O finlandês já negocia com o time de sede na Suíça.

Até agora, a única certeza é a renovação do contrato entre a Alfa Romeo e a Sauber, que está encarregada de todo o desenvolvimento do carro em sua sede em Hinwil e dos trabalhos na pista. Com um ano que parece estar querendo chegar ao fim o mais rápido possível, e com o foco em 2022 depois de não ter traduzido o progresso apresentado na pré-temporada, Vasseur já parece ter uma ideia. Durante o GP da Hungria, o francês foi visto na área de hospitalidade da Mercedes, conversando com um piloto finlandês. Vem coisa por aí.

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