AlphaTauri confirma chegada de Tsunoda no lugar de Kvyat para temporada 2021 da F1
Yuki Tsunoda vai ser o primeiro piloto do grid da Fórmula 1 nascido nos anos 2000. O japonês de 20 anos foi confirmado como futuro piloto da AlphaTauri um dia depois de cumprir o teste de novatos em Abu Dhabi. A confirmação do nipônico representa também a saída do russo Daniil Kvyat para a próxima temporada
O anúncio que há tempos era aguardado foi confirmado nesta quarta-feira (15). A AlphaTauri, equipe filial da Red Bull, anunciou a contratação de Yuki Tsunoda para a temporada 2021 da Fórmula 1. O japonês, que foi um dos destaques da Fórmula 2 com três vitórias e a terceira colocação no seu ano de estreia, vai ser o primeiro piloto nascido nos anos 2000 a integrar o grid da principal categoria do esporte a motor. Tsunoda, nascido em Kanagawa, tem 20 anos e desde o ano passado integra o Red Bull Junior Team, programa de desenvolvimento de pilotos da marca de bebidas energéticas. Yuki vai formar dupla com Pierre Gasly na próxima temporada.
Em seu comunicado, a AlphaTauri não menciona tempo de contrato, mas tradicionalmente a equipe B da Red Bull costuma fechar acordos de um ano de duração com seus pilotos.
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A confirmação de Tsunoda representa também o regresso do Japão ao grid do Mundial de Fórmula 1. O último piloto local a disputar a categoria foi Kamui Kobayashi, que encerrou seu ciclo na F1 com a Caterham em 2014.
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Além de fazer parte do programa da Red Bull, Tsunoda é protegido da Honda desde 2017, quando disputou a F4 Japonesa. No ano seguinte, Yuki foi o campeão da categoria antes de migrar para a Europa para disputar a Fórmula 3. O piloto disputou o campeonato pela equipe Jenzer, de meio de grid, e conquistou uma vitória e o nono lugar no campeonato, com 67 pontos.
Neste 2020, Tsunoda subiu para a Fórmula 2 e correu pela Carlin, uma das mais tradicionais equipes das categorias de base. O japonês se destacou e terminou a competição somente atrás de Mick Schumacher, o campeão, e Callum Ilott, os dois membros da Academia de Pilotos da Ferrari.
“Como a maioria dos pilotos, sempre foi meu objetivo correr na Fórmula 1, então estou muito feliz com essa notícia. Quero agradecer à Scuderia AlphaTari, à Red Bull e ao Dr. [Helmut] Marko por me darem essa oportunidade, e, claro, a todos da Honda, por todo o apoio até agora em minha carreira, me dando a grande chance de correr na Europa. Também devo agradecer às equipes com as quais corri para chegar até aqui, principalmente a Carlin, com quem aprendi muito neste ano. Sei que vou carregar as esperanças de muitos fãs japoneses da Fórmula 1 no ano que vem e vou fazer o melhor por eles também”, declarou o novo piloto do Mundial.
Franz Tost, novo chefe de equipe de Tsunoda, exaltou as capacidades do jovem japonês e as boas impressões deixadas por Yuki nos trabalhos feitos em conjunto com a AlphaTauri neste segundo semestre.
“A Red Bull já acompanha a carreira de Yuki há algum tempo, e tenho certeza de que ele será um grande trunfo para nossa equipe. Ao vê-lo na Fórmula 2 neste ano, ele demonstrou a combinação certa de agressividade nas corridas e bom conhecimento técnico. Durante o teste em Ímola em novembro, quando ele pilotou nosso carro de 2018, seus tempos de volta foram muito consistentes em simulação de corrida. Evoluiu ao longo do dia e deu aos nossos engenheiros um feedback útil. Além disso, sua integração com os engenheiros da Honda foi perfeita, o que certamente ajuda. No teste em Abu Dhabi nesta semana, ele provou que aprende rápido e que está pronto para dar o passo para a Fórmula 1”, afirmou o dirigente austríaco.
Tsunoda começou 2020 atrás de quem era mais cotado a ser o próximo da fila no programa da Red Bull: Jüri Vips. O estoniano, também de 20 anos, foi o quarto colocado na temporada de 2019 da Fórmula 3, mas neste 2020 teve uma programação muito distinta do japonês, sendo alocado pela Red Bull para disputar a Super Fórmula no Japão.
Só que, além de a competição no Oriente ter sido muito afetada pela pandemia, o europeu ficou impossibilitado de fazer as corridas por conta das restrições de viagens no país. Vips chegou a disputar algumas provas da Fórmula Regional Europeia, cujo título foi conquistado pelo brasileiro Gianluca Petecof, mas disputou somente 9 das 23 corridas do calendário e não conquistou os almejados pontos para a superlicença.
Em contrapartida, Tsunoda precisava terminar a temporada 2020 da Fórmula 2 em quinto para chegar aos 40 pontos necessários para ser escolhido por uma equipe para disputar a Fórmula 1 no ano que vem. O japonês foi além e garantiu o que era preciso para dar o passo mais importante na carreira.
A ida de Tsunoda para a AlphaTauri era tida como certa. Muito elogiado por Helmut Marko, o consultor da Red Bull, Yuki deu um passo rumo à Fórmula 1 depois que foi convocado pela equipe de Faenza para realizar um teste privado, com o carro da antiga Toro Rosso em 2018, no circuito de Ímola no começo de novembro.
O passo seguinte foi no teste de novatos da última terça-feira, em Abu Dhabi, onde o nipônico teve a chance de fazer pela primeira vez uma sessão a bordo do carro atual da Fórmula 1, o modelo AT01, o mesmo com o qual Pierre Gasly venceu pela primeira vez na categoria, em Monza. Tsunoda completou 122 voltas no circuito de Yas Marina e foi o quinto mais rápido.
Em contrapartida, a chegada de Tsunoda à AlphaTauri representa a saída, novamente, de Daniil Kvyat. O russo, que ainda é relativamente novo, com 26 anos, tem uma trajetória incomum na Red Bull. Membro do programa de desenvolvimento da empresa austríaca desde 2012, Kvyat foi campeão da antiga GP3 com a Arden em 2013, sendo promovido à Toro Rosso no ano seguinte.
Com a saída de Sebastian Vettel da Red Bull para a Ferrari em 2015, a escuderia de Milton Keynes apostou no russo para formar dupla com Daniel Ricciardo. Daniil foi até bem e superou o australiano na pontuação do Mundial de Pilotos daquele ano. Ao mesmo tempo, a Toro Rosso tinha o fenômeno Max Verstappen, que havia estreado na F1 com apenas 17 anos, e começava a chamar a atenção das grandes equipes do grid.
A Red Bull, então, precisava de um pretexto para dar a Verstappen uma vaga na equipe principal em 2016. E esse pretexto veio depois que Kvyat cometeu um erro na primeira volta justamente do GP da Rússia daquele ano, acabando com as corridas de Vettel, já na Ferrari, e de Ricciardo. Mesmo tendo vindo de um terceiro lugar no GP da China, Daniil não foi perdoado e amargou o rebaixamento, voltando da Red Bull para a Toro Rosso. E esse movimento fez com que Verstappen subisse para a Red Bull a partir do GP da Espanha. E logo na primeira corrida pela matriz, o holandês venceu na F1, fincando de vez raízes na escuderia taurina.
Kvyat ficou na Toro Rosso até as últimas corridas da temporada 2017, sendo dispensado antes do desfecho do campeonato. No ano seguinte, chegou a trabalhar como piloto de simulador da Ferrari enquanto Gasly e Brendon Hartley foram os titulares da equipe italiana. Sem opções depois que a Toro Rosso dispensou o neozelandês, Kvyat foi chamado de volta pela escuderia de Faenza para integrar o time em 2019. Foi neste ano que o russo conquistou um resultado inesperado com o terceiro lugar no caótico GP da Alemanha.
Em 2020, Kvyat foi totalmente ofuscado por Gasly, um dos grandes destaques da temporada, e teve como melhor resultado o quarto lugar no GP da Emília-Romanha, em Ímola, praticamente na casa da AlphaTauri, enquanto Pierre venceu de forma incrível o GP da Itália. A ascensão de um jovem e promissor piloto, como Tsunoda, foi novamente o pretexto que os taurinos precisavam para, mais uma vez, dispensar Kvyat dos seus quadros.
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